Em 1948, em carta destinada
ao amigo e então presidente
da Federação Espírita
Brasileira, Wantuil de
Freitas, Chico fala sobre a
dificuldade do trabalho na
seara do Cristo. O fato está
relatado no livro
“Testemunhos de Chico
Xavier”, de Suely de Caldas
Schubert, publicado pela FEB.
Ouçamos suas palavras:
– Peço a Deus para que esse
grande trabalhador jovem não
se perca. “Começar é fácil,
continuar é difícil e chegar
ao fim é crucificar-se”, diz
o nosso Emmanuel para
designar uma tarefa cristã.
Muitos começam.
Deslumbrados, espalham
entusiasmo e alegria. Vão
aceitando tarefas e
compromissos. A princípio
produzem muito. São
promessas e esperanças para
os que acolhem e orientam.
Com o tempo surgem os
primeiros obstáculos. Surgem
os apelos do mundo e parecem
fascinantes. Prosseguir
torna-se difícil. Uma certa
desilusão começa a surgir.
Já não há mais a mesma
alegria na execução das
atividades. O entusiasmo
arrefecido transmuda-se em
cansaço, em desinteresse ou
tédio. Outros interesses
aparecem e vagarosamente
desviam-no do labor
doutrinário.
Alguns, porém, permanecem.
Vão arrostando os
obstáculos, vencendo o
desânimo e os apelos do
mundo, e encontrando cada
vez maiores motivações para
prosseguir. Para estes o
trabalho torna-se alegria.
Conviver com os
companheiros, a melhor
festa. E embora quase sempre
incompreendidos no círculo
doméstico, ironizados pelos
colegas e conhecidos, vão-se
dando ao trabalho, vencendo
a tudo e a todos através da
persistência e da disciplina
a que se impõem. Aos poucos,
fazem-se respeitados. E
nesse crescendo de
responsabilidades e deveres,
“chegar ao fim é
crucificar-se”.
Só os que chegaram, sabem,
no imo d’alma, o significado
profundo e real das palavras
de Emmanuel. – Chico
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