ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, MG (Brasil)
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Leis de amor
Alguns companheiros de
São Paulo desembarcaram
em Uberaba com 125
perguntas, para que
Emmanuel, orientador
espiritual do Chico,
através do médium, lhes
desse resposta.
É um pequeno grande
livro! Apenas 66 páginas
de grande utilidade para
todos nós. Fisicamente,
são 78 páginas, porque
12 são os questionários
já publicados anexos às
respostas, talvez para
que ele pudesse ser
considerado “livro”.
(1)
De que trata o
pequeno-grande livro?
Trata das grandes dores
humanas. São oito
capítulos, além do
prefácio, que cuidam,
cada um, de um aspecto
ou de uma forma do
sofrimento humano.
1. O primeiro capítulo
trata da influência da
vida material ou
espiritual nas doenças
que tanto amarguram as
pessoas e suas
respectivas famílias, e
nos pequenos defeitos,
reais ou imaginários,
que aparecem na
estrutura ou composição
de nosso corpo.
Vocês sabem como, na
maioria, somos
insatisfeitos com o
nosso corpo. (As
mulheres, mais que os
homens; mas também os
homens.)
Por exemplo: as
mulheres, em sua
maioria, não estão
satisfeitas com os
lábios que Deus lhes deu
e, através do batom,
querem corrigir a obra,
dando-lhes mais cor e
tornando-os mais
atraentes. As orelhas
precisam ser melhoradas
pendurando nelas alguns
brincos. O rosto precisa
ter melhor cor e lhes
põem um ruge ou um blush.
As pálpebras precisam
ser sombreadas para
realçarem a expressão
dos olhos. E as unhas
precisam também se
tornar mais expressivas
com os mais variados
tipos de esmalte. Com
referência à altura, a
insatisfação é quase
geral, determinando a
invenção dos saltos
altos, que dão uma leve
e ilusória impressão de
que são mais altas do
que efetivamente são.
Outras, insatisfeitas
com o que a vida lhes
proporcionou, costumam
acrescentar alguns
gramas de silicone, para
melhorar o perfil.
Aliás, não são só as
mulheres. Vou contar um
caso dos muitos de que
fui testemunha na vida
do meu grande amigo José
Stipp.
José Stipp era um
cidadão notável que
conheci em Garça,
interior do estado de
São Paulo, quando por lá
passei o ano de l953,
sessenta anos atrás. Era
um paulistano
fantástico. Ateu e
materialista. Não era
bem ateu. Não se
preocupava com a ideia
de Deus. Era mais
agnóstico do que ateu.
Mas muito verdadeiro.
Sempre. Nunca mentia. E
era também de uma pureza
e ingenuidade que hoje
não se veem mais nas
pessoas. Como não
mentia, acreditava que
todas as pessoas também
não mentissem. Já contei
algumas histórias sobre
ele no jornal “O Ideal”.
O Zé me parecia um homem
alto, forte de corpo, e
extremamente simpático.
Mas um dia...
Nós dividíamos o aluguel
de uma casa em Garça.
Nessa casa, como em
muitas outras, naquela
importante cidade do
estado de São Paulo, não
havia nem privada, nem
banheiro. A privada,
quando precisávamos
usá-la, tínhamos que ir
à casa do vizinho (dono
do imóvel onde
morávamos). Mas na casa
dele também não havia
privada. O que havia
para essas necessidades
era uma fossa, no fundo
do quintal, cercada com
paredes de bambu, de tal
modo que quem estava
fora via quase tudo de
quem estava lá dentro. A
gente tinha que ir lá
passando por um
portãozinho na cerca que
separava o nosso quintal
do quintal dele. Uma
situação extremamente
constrangedora.
E não tinha também
banheiro. Nem cômodo
para banho. Havia no
teto da cozinha um
gancho em que
pendurávamos um balde
com a água que a gente
costumava esquentar e
que tinha um bico, tipo
ralo, por onde, aberta a
torneirinha, caía a água
sobre nosso corpo para
as dificuldades do
banho.
E quando um se banhava o
outro ficava fazendo
outras coisas, enquanto
aguardava o momento de
enxugar a cozinha com um
saco de chão para que
tudo voltasse ao normal.
Um dia, ao encontrar o
Zé, saindo do banho,
descalço, com uma toalha
à guisa de saia, levei
um susto! Aquele homem,
que me parecia tão alto,
e que, perto dele, eu me
sentia um anão, era
quase do meu tamanho!
– Que é isso, Zé? Você
encolheu?
Ele, então, me contou o
segredo. Naquele tempo
havia sapateiros com
muita arte e talento que
faziam sapatos por
encomenda e que, mais
tarde, a indústria veio
a imitar. (Meu tio
Geraldo era um desses
artistas. O sapato que
ele fazia rivalizava com
os melhores sapatos que
a indústria calçadista
brasileira veio a
produzir!) Mas o Zé
mandara fazer para ele
um sapato com o solado
todo muito alto, a que
se acrescentava também
um salto bem alto. E por
dentro do sapato, na
parte em que se apoia o
calcanhar, havia uma
espécie de cunha, de
modo que tudo aquilo o
tornava mais alto pelo
menos uns quinze a vinte
centímetros. Descalço,
perdia aquela altura
toda e voltava a ser um
homem comum. Quer dizer,
mal comparando, ele,
homem, usava uma
estratégia que imitava
os grandes saltos de que
se servem algumas
modelos.
Outros exemplos: pessoas
que nascem idiotas ou
cegas ou surdo-mudas, ou
sem mãos, sem pés, sem
braços, coxos etc. etc.
Eu não vou contar o
livro todo. Vou lhes
oferecer apenas um
trailer. Os mais
novos talvez não saibam.
Mas trailer é uma
palavra inglesa que
serve para despertar o
interesse das pessoas
sobre determinado filme
ou novela. São cenas
escolhidas de um ou de
outra para despertar o
interesse das pessoas
por aquele filme ou
aquela novela.
Pois bem: é o que eu vou
fazer. Não vou contar o
fim da história, sempre
desagradável quando a
gente quer ver um filme,
uma novela, ou ler um
livro.
2. O segundo capítulo
trata dos dramas
familiares: cônjuges
infiéis, filhos
problemas; filhas
desorientadas;
dificuldades de
relacionamento; irmãos
que se odeiam; filhos
que não gostam do pai;
filhas que não gostam da
mãe; pais arbitrários;
antipatias entre os
parentes; dificuldades
financeiras etc. etc.
etc.
Não é segredo para
ninguém que os problemas
mais difíceis de
resolver são os
problemas relacionados
com a nossa família. Não
é por outra razão que os
Espíritos nos dizem que
no casamento estão as
provas mais difíceis de
suportar.
André Luiz nos fala que
na imensa maioria dos
nossos casamentos são
casamentos provacionais.
Por isso, tanta
amargura, tanta
decepção, tanta
infidelidade, tantos
problemas. Filhos que se
desviam da estrada e
seguem o caminho do
vício, do roubo, do
furto, da droga, da
corrupção, da
inconsequência, enfim,
nas suas múltiplas
variações.
Dificuldades de se
aceitarem noras e
sogras, primos e
cunhados, enfim, da
parentela toda, como o
grande desafio da longa
caminhada.
Certo é que, sempre, os
responsáveis por essas
dificuldades somos nós
mesmos.
3. O terceiro capítulo
examina os sofrimentos
gerados pela escolha do
meio social em que vamos
executar as nossas
tarefas e a profissão a
que vamos nos dedicar
para o ganho do nosso
sustento.
Sabe-se com que
dificuldade lutam as
pessoas por estarem
entre nós.
Economicamente se compõe
a sociedade de vários
segmentos classificados
com a utilização do
alfabeto, A, B, C, D, E.
A classe A é dos que
estão bem servidos pelas
facilidades financeiras
e, às vezes, culturais:
os chamados ricos. A
classe B é a que tem boa
situação financeira, mas
que, superando a classe
C, ainda não pode ser
incluída entre os
componentes da classe A.
A classe C é a grande
classe dos assalariados
e pequenos comerciantes
que vivem com as
dificuldades de quem não
dispõe dos recursos das
classes superiores, mas
que querem ter uma vida
como a que têm as
pessoas que compõem
aquelas classes. Abaixo
da classe C, as classes
D e E, constituídas por
pessoas que vivem um
pouco acima da área da
pobreza ou da miséria. O
posicionamento faz
sempre sofrer as
pessoas, de acordo com o
nível de orgulho e
humildade de cada um. O
novo rico sofre por não
ser aceito no “grand
monde” da sociedade
porque, embora tenha
dinheiro, falta-lhe a
finura que só a boa
educação dá às pessoas.
Os integrantes da classe
C são os que mais sofrem
porque não se conformam
com a escola pública e
com a assistência do
instrumento público
responsável pela saúde,
oferecido pelo governo
(o SUS), e gastam o
pouco que ganham com
escolas particulares e
planos de saúde.
4. O quarto capítulo
aborda os dramas
lamentáveis do divórcio,
do suicídio e do aborto.
Sabemos, por informação
dos Espíritos e pelos
próprios suicidas,
quanto sofrem as pessoas
que interrompem o curso
da vida, recorrendo ao
suicídio.
Camilo Castelo Branco
diz que o sofrimento por
que passa o suicida, no
plano espiritual, é
inimaginável,
indescritível.
E sofrem também, e
sofrem muito, os
familiares, os amigos e
os dependentes de quem
elimina a própria vida.
Podemos afirmar que esse
é o maior erro que pode
cometer a criatura
humana.
O divórcio é outro
caminho para a separação
dos cônjuges que já não
mais conseguem viver
juntos. O Espiritismo,
ao contrário de outras
escolas cristãs, não
condena a separação, mas
não a recomenda, porque,
como afirmam os
Espíritos superiores,
“divórcio não é solução;
é adiamento do
problema”.
Sofrem os cônjuges, mas
mais sofrem os filhos
que responsabilidade
nenhuma têm para com o
desenlace.
O aborto, vocês sabem, é
o mais covarde de todos
os crimes que a criatura
humana pode cometer.
Impedir o nascimento de
quem quer que seja, além
de crime injustificável,
é lamentável desrespeito
a Deus, o grande e único
criador da vida.
5. O quinto capítulo
aborda um dos mais
terríveis sofrimentos
das famílias e das
pessoas. A obsessão,
hoje, nas múltiplas
formas de se apresentar,
constitui um verdadeiro
flagelo para a vida
humana. É um mal que não
respeita ninguém. Atinge
o rico e o pobre, o
velho e a criança, o
homem culto e o
iletrado. Doença sem
preconceito, é um dos
maiores problemas
vivenciados pela
humanidade inteira.
6. O sexto capítulo
trata das consequências
do nosso passado e sobre
os quais a doutrina
espírita discorre com a
maior lógica e o melhor
esclarecimento.
7. O sétimo e oitavo
capítulos examinam o
tratamento das obsessões
na visão do Espiritismo
e a redenção definitiva
de nossos erros e
vacilações.
Não deixem de ter à mão
esse livrinho notável!
(2)
(1)
Obra editada pela
primeira vez em 1963.
(2)
O livro
em foco faz parte da
Biblioteca Virtual desta
revista. Eis o link:
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html