FERNANDO
ROSEMBERG
PATROCÍNIO
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG
(Brasil)
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Emmanuel ter-se-ia
equivocado?
Adentramos, pois, o
terceiro milênio com a
compreensão científica e
experimental de que o
Homem não é tão só
Biomatéria, ou seja: uma
matéria biológica
pensante; e, sim, que o
Homem, antes de tudo, é
Espírito, centelha
anímica palingenésica,
de características
infindáveis e
imorredouras. Portanto,
trata-se de uma
revolução no campo das
mais diversas ciências,
sejam: antropológicas,
sociais, biológicas, da
psique e da medicina,
mudando-lhes os
paradigmas para sempre,
conquanto não se lhes
despreze as conquistas
de até então,
cumprindo-nos apenas e
tão só retificar-lhes os
mais diversos capítulos,
ampliando-lhes
vastamente as
perspectivas e
concepções.
Entretanto, da nova
Equalização Fundamental
Humana, onde:
[(Homem) = (Espírito +
Biomatéria)],
cumpre-nos anotar que o
Espiritismo codificado,
dentro dos limites a ele
concedidos, estudara
mais profundamente a
Alma – este
Espírito reencarnado –,
às tramas biológicas da
matéria, descerrando-lhe
e distinguindo-lhe outro
organismo mais sutil,
energético, que recebera
a designação de
perispírito, sendo hoje
demonstrável por seus
eflúvios bioplasmáticos
a se irradiarem da
fisicalidade humana,
animal, vegetal e mesmo
de estruturações tão só
e exclusivamente
materiais, tais como uma
pedra e objetos
inanimados outros do
nosso cotidiano.
Mas, no século vinte
(20), causara estranheza
e grande discussão no
movimento espírita uma
página de notável
instrutor cristão
contido no opúsculo que
traz o seu nome mesmo:
“Emmanuel” (psicografia
de F. C. Xavier – 1937 -
Feb), mais exatamente em
seu capítulo vinte e
quatro, intitulado: ‘O
Corpo Espiritual’. E a
polêmica alastrou-se
culminando na publicação
de textos e mais textos
e até mesmo de livros
defensores da pureza
doutrinária em Kardec e
condenando Emmanuel e
suas posições ditas
equivocadas, ilógicas e
pouco compreensíveis; e,
mais ainda, tratando de
igual maneira, André
Luiz, Yvonne Pereira,
Joanna de Ângelis e
grandes clássicos como
Gabriel Delanne e Léon
Denis.
Ora, o fato de todos
eles se harmonizarem não
traduziria Consenso
Universal (CUEE)? De
minha parte, confesso
que não sou dado a
polêmicas descabidas
que, num personalismo
doentio, se considera um
“Doutor Kardec”,
condenando a tudo o que
lhe possa, aparentemente
ou não, deturpar-lhe a
consoladora mensagem,
exemplificando-se: obras
de Espíritos atrasados,
inconsequentes,
obsessores, falsos
profetas da
erraticidade. Eles
existem? Óbvio que sim!
E quando se revelam de
forma objetiva, clara e
patente, recomenda-se
denunciá-los e isso até
já o fiz como, por
exemplo, no texto: “O
Médium e o Zombeteiro do
Astral”.
Todavia, no caso
específico de Emmanuel,
penso duas vezes antes
de denegri-lo, de
denunciá-lo, pois, para
mim, pela folha de
excelentes serviços
prestados à humanidade,
bem como à Doutrina,
creio que o autor está a
merecer de todos nós,
pelo menos, o benefício
da dúvida, de
refletirmos bem antes de
acusá-lo, difamá-lo,
desacreditá-lo.
Portanto, com relação à
obra de Emmanuel, e
Chico Xavier, digo e
afirmo sempre que sou
deles um eterno
aprendiz, sendo, pois,
eternamente grato a tais
e, por conseguinte,
sempre favorável à ideia
de se estudá-los mais,
adotando posturas de
simplicidade e humildade
aditadas pela
consciência plena e
lúcida de que estou em
constante aprimoramento,
e, sobretudo, de reforma
moralizante no campo das
inolvidáveis máximas
cristãs.
E o fato é que muito
pouco ou quase nada
sabemos, neste
abafadouro temporário de
nossas faculdades. E,
pois, como poderia um
Espírito de escol, da
envergadura e naipe de
um Emmanuel errar, nos
confundir, nos desviar?
Sendo assim, me recuso a
pensar que o referido
autor tenha errado, pois
que o mesmo, além de uma
sabedoria e moralidade
incontestáveis, fazia
parte de uma das mais
importantes falanges do
Cristo, tendo até mesmo
participado da plêiade
de Espíritos que
colaboraram com a
Codificação Espírita, e,
mesmo se levarmos em
conta um possível
distúrbio ocorrido na
filtragem mediúnica com
Xavier, mesmo assim,
creio eu, que o referido
e iluminado autor não
errara, e tampouco nos
levara, como
consequência, a algum
imbróglio filosófico e
doutrinário na
comparação de suas
instruções com as de
Allan Kardec.
Mas vamos ao referido
texto de Emmanuel,
capítulo “O Corpo
Espiritual”, de
subtítulo “O Santuário
da Memória” daquele
livro em questão, a fim
de se estudá-lo e
analisá-lo
racionalmente, e ver se
é possível uma sua
conciliação com Kardec,
ou uma sua possível
correção, sendo esta
última, desde já, por
mim descartada em face
da possibilidade de
prevalecer-se a primeira
em detrimento da
segunda:
“O corpo espiritual não
retém somente a
prerrogativa de
constituir a fonte da
misteriosa força
plástica da vida, a qual
opera a oxidação
orgânica; é também ele a
sede das faculdades, dos
sentimentos, da
inteligência e,
sobretudo, o santuário
da memória, em que o ser
encontra os elementos
comprobatórios da sua
identidade, através de
todas as mutações e
transformações da
matéria”. (Opus cit.)
Em princípio, do texto
em foco, se todas as
faculdades pertencem ao
perispírito, o que,
então, sobrará para o
Espírito? Se tudo está
no perispírito:
faculdades, sentimentos,
inteligência, memória, a
que se reduzira ou se
reduziria o Ser
principal, qual seja: o
Espírito? São estas
interrogações, extraídas
da lógica filosófica do
Espiritismo, que
incomodaram, e, com
alguma razão, os
espiritistas que se
opunham e se opõem a tal
“discrepância”
doutrinária.
Ou seja: o perispírito é
mais importante que o
Espírito, podendo este
até mesmo safar-se,
escafeder-se ou
destinar-se a mundos
inferiores ou
superiores, que o
perispírito continuaria
sua jornada no lugar
daquele outro, com
tantas razões, tantas
potencialidades nele
estabelecidas com
notoriedade cognitiva,
mnemônica, axiológica e
sentimental, qualidades
que o alça ao mesmo
plano do Ser principal,
igualando-os como irmãos
siameses espirituais
(???).
Entretanto, há que se
rever tão falseada
perspectiva; há que se
melhor aprofundar dita
questão, provando-se
nossa incompetência para
um julgamento mais
severo e mais acertado
da temática pelo fato
contundente de que
estamos ensaiando,
ainda, os primeiros
passos da Ciência
Espírita, da infinita
sabedoria e moralidade a
ser conquistada por
todos nós, pela
imorredoura
existencialidade.
E, portanto, estamos no
limiar do Espírito que,
somente agora, nas
últimas quinze décadas,
se nos revela de forma
positiva, com estudos
sérios, brilhantes,
cumprindo-nos aderir à
humildade, pois que a
soberba, o pretenso
saber esquiva-nos do
estudo, da salutar
reflexão, tão
necessários para a
compreensão de temas tão
complexos, ainda que
tais fenômenos
(biológicos,
perispiríticos e
espirituais) estejam a
verificar-se em nós
mesmos, na intrincada
engenhosidade deste
organismo Biomaterial
como templo sagrado do
Espírito, e templo
sagrado de Deus, pois
que nada existe sem a
existência de Deus,
Imanente em Sua obra, em
Sua criação.
Assim, estudando e
fazendo tentativas de
melhor interpretar o
referido texto de
Emmanuel, quando declara
que o perispírito:
“... é também ele a sede
das faculdades, dos
sentimentos, da
inteligência e,
sobretudo, o santuário
da memória”.
Tal assertiva pode ser
compreendida, em
princípio, ao fato de
que todas as
potencialidades do
Espírito dele mesmo
irradiam como um foco de
luz, impregnando-se e
registrando-se na
tessitura plástica e
extremamente
influenciável do
perispírito. De tal
sorte que, ao se
analisar de forma mais
específica e, portanto,
separadamente, dito
organismo perispirítico,
pode-se, ou,
poder-se-ia, de alguma
sorte, tomar o efeito
pela causa e
compreender-se tais
potencialidades como
pertencentes ao
perispírito sem embargo
ou prejuízo de sua
fonte, ou seja, do
Espírito propriamente
falando que nos parece
ser a sede primeira das
faculdades, do
sentimento, da
inteligência e da
memória.
Mas tem mais! Todos os
estudiosos espiritistas
reconhecem haver
questões vinculadas ao
Espiritismo que,
indubitavelmente,
encerram alguma
dubiedade, em face de
instruções dissonantes,
e talvez, por não se ter
vocábulos gramaticais
mais específicos,
gabaritados, que melhor
explicitem tais
questões. Por exemplo:
“O Livro dos Espíritos”
(Allan Kardec – 1857 –
Ide), em seu item 146,
questiona:
Pergunta: “A Alma tem
uma sede determinada e
circunscrita no corpo?”.
(Opus cit.).
Resposta: “Não...”
(Opus cit.)
Só por tal resposta já
se constata que a Alma,
e suas potências,
poderiam habitar
qualquer parte do corpo,
poderiam tanto estar no
perispírito como em
qualquer região ou parte
do organismo humano,
pois tais corpos se
juntam e se coabitam
reciprocamente durante o
estágio da reencarnação,
onde um é o outro, pois
que o soma físico fora
organizado pelo
perispírito, sendo que
tal resposta não repudia
o texto de Emmanuel, ao
contrário, o confirma
absolutamente! Mas
prossigamos com a
resposta completa:
Resposta: “Não; mas ela
está mais
particularmente na
cabeça dos grandes
gênios, em todos aqueles
que pensam muito, e no
coração, naqueles que
sentem muito e dirigem
suas ações a toda a
humanidade”. (Opus cit.)
Pergunta: “Que pensar da
opinião daqueles que
situam a Alma num centro
vital?” (Opus cit.)
Resposta: “Quer dizer
que o Espírito habita,
de preferência, essa
parte do vosso
organismo, uma vez que é
para lá que convergem
todas as sensações.
Aqueles que a situam no
que consideram como os
centros da vitalidade
confundem-na com o
fluido ou princípio
vital. Contudo, pode-se
dizer que a sede da Alma
está mais
particularmente nos
órgãos que servem às
manifestações
intelectuais e morais”.
(Opus cit.)
Portanto, temos sim,
alguma ambiguidade,
distorção provocada pela
conjunção de paradoxos
que compreende Essência
e forma, Espírito e
matéria, que toma forma
específica no mundo
graças à ação vital e
organizadora do
perispírito! O que
fortalece a ideia de que
a epífise seja de fato a
glândula da vida mental,
a glândula por onde
atuaria o Espírito e sua
constelação de
faculdades: cognitivas,
mnemônicas, axiológicas
e morais, pela instrução
uníssona, lógica e não
distorcida de seus
instrutores, onde se
enaltece a figura de
André Luiz, sob a égide
de Emmanuel e vasta
equipe de especialistas
da Espiritualidade.
(Vide: “Testemunhos de
Chico Xavier” – Suely C.
Schubert - Feb.)
Todavia, ainda não
encerrei! Quando
Emmanuel diz que o
perispírito é a sede da
inteligência, a qual
inteligência ele está se
referindo? Afinal, desde
o citado “O Livro dos
Espíritos”, nós,
estudiosos do
Espiritismo, sabemos bem
que o mesmo preconiza a
existência de duas
formas de inteligência
manifestando-se nos
seres vivos.
E será que Emmanuel não
estaria se referindo à
“inteligência não
racional”, puramente
instintiva da mecânica
biológica e
perispirítica de todos
nós, da planta ao homem,
passando inevitavelmente
pela série dos animais?
Que se confira em “O
Livro dos Espíritos”,
Capítulo 4, ‘Princípio
Vital’, Itens 73 a 75,
completados a seguir por
excelente comentário de
Kardec.
Mas ainda resta, por
fim, a questão de o
perispírito constituir
sede da memória, da
citação de Emmanuel.
Ora, se o Espírito
durante a reencarnação
perde sua lucidez
natural entrando em
perturbação e
esquecimento do passado,
questiono: o que
produziria o novo corpo
em gestação no seio
materno? Donde vem a tão
propalada recapitulação
onde tal corpo parece
rememorar fases
anteriores de sua
passagem pelo reino
animal? O que, em suma:
reuniria tanta
capacidade, tanta
inteligência e memória
para produzir intacto
toda a complexidade do
novo soma, do novo
organismo componente da
espécie, das várias
espécies, e suas tantas
funções a ele inerentes,
sendo, a maioria delas,
do nosso total
desconhecimento.
Desconhecimento sim,
ignorância sim, pois
tais funções se exercem,
se operam e trabalham em
nós mesmos por tempo
indeterminado, e de
forma totalmente
independente de mim, de
minha consciência, pois
que são involuntárias,
mecânicas, automáticas,
parecendo fruto e
dinamismo daquela
“inteligência não
racional” da obra
kardequiana, ou, então,
da “inteligência”, ou
mesmo da “memória”,
estas duas últimas da
citação de Emmanuel. E
assim vamos vivendo sem
atinarmos para o fato de
que o nosso coração
pulsa, nossos pulmões
trabalham, nossa
digestão se faz, e tudo,
como tudo o mais, de
forma mecânica e
inteligente, sem que
tomemos lúcida
consciência de tais que,
inobstante, marcham
laboriosamente, em ritmo
vital de si mesmas,
memoriosas e sábias.
Portanto, que não
atiremos pedras sem
estudarmos pacientemente
a questão; que não
julguemos colocando a
nossa falsa sabedoria no
lugar daquilo que
comportaria melhor a
nossa humildade, a nossa
bronquice perante fatos
tão complexos da vida
organizada jungida que
está aos enigmas
incompreensíveis da vida
espiritual.
Fatos estes, pois,
registrados em nós
mesmos, como Espíritos
de constante
aprendizado, de
incessante evolução nos
tempos infindáveis da
eternidade. Quero crer,
assim, que as
proposições de Delanne,
Denis, Emmanuel, A.
Luiz, J. de Ângelis,
Yvonne Pereira e outros
mais constituem obra de
um Consenso Universal (CUEE)
completando e
aprofundando Kardec ao
termo máximo, até ao
corpo mental, onde:
“Para definirmos, de
alguma sorte, o corpo
espiritual, é preciso
considerar, antes de
tudo, que ele não é o
reflexo do corpo físico,
porque, na realidade, é
o corpo físico que o
reflete, tanto quanto
ele próprio, o corpo
espiritual, retrata em
si o corpo mental que
lhe preside a formação”.
(Vide: “Evolução Em Dois
Mundos” – André Luiz –
Feb.)
Confirmando-se, por aí,
que o sentimento e
demais faculdades
espirituais, tais como
inteligência e memória,
haverão de sediar-se em
zonas e campos mais
íntimos do Espírito,
irradiando-se e
refletindo-se na
roupagem eletromagnética
do perispírito; em zonas
e campos, pois, ainda
inabordáveis pela
ciência terrena, bem
como para nós mesmos,
espiritistas que, pelo
menos, temos a
convicção, a certeza de
que tal assim o é como
se nos mostra
presentemente as pouco
retocáveis obras de
Francisco Cândido
Xavier, o maior médium
psicógrafo de todos os
tempos da Humanidade.
Encerrando, estou ciente
de que:
- Aprofundando-se os
estudos do Corpo Físico,
do tão só e puramente
biológico, chega-se ao
Perispírito;
- Estudando-se o
Perispírito, aproxima-se
do Corpo Mental;
- Desvendando-se o Corpo
Mental, nos abeiramos do
Transcendente, ou seja,
do Espírito e sua
constelação de
potencialidades que tão
só haveremos de conhecer
quando de um maior
despertamento de nós
mesmos, e, portanto,
desenfaixados dos
círculos somáticos, com
maior acuidade visual e
perceptiva da energia
pura que dimana de
nossos centros
conscienciais,
organização íntima de
nós mesmos.
Obras Recomendadas:
1. “O
Livro dos Espíritos” –
Allan Kardec – Ide;
2. “A
Evolução Anímica” –
Gabriel Delanne – Feb;
3. “Depois
da Morte” – Léon Denis –
Feb;
4.
“Emmanuel” – Emmanuel –
Feb;
5.
“Missionários da Luz” –
André Luiz – Feb;
6. “Evolução
Em Dois Mundos” André
Luiz – Feb;
7.
“Testemunhos de Chico
Xavier” – Suely C.
Schubert – Feb;
8.
“Recordações da
Mediunidade” – Yvonne
Pereira – Feb;
9. “Estudos
Espíritas” – Joanna de
Ângelis – Feb; e
10.
“Atualidade de Allan
Kardec” (O Perispírito)
– Rubens P. Meira –
Editora Brasbilhos.