CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
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Transformação pela
força
das ideias
Fim de ciclo evolutivo,
crise ética sem
precedentes, subversão
da ordem social,
indiferença aos valores
da vida: este é o
momento para que o
Espiritismo se firme na
sociedade como
importante alternativa
de mudanças sérias e
profundas. Doutrina
coesa, fundamentada em
princípios naturais, o
Espiritismo propõe uma
visão de homem e de
mundo jamais cogitada
com a mesma amplitude,
racionalidade e clareza
por nenhuma outra
filosofia ou religião.
Daí a importância para
os espíritas em utilizar
um modelo próprio para
disseminar esse
conhecimento.
Não se pode perder de
vista, nunca, a unidade
doutrinária do
Espiritismo(1),
contudo, devido a
interpretações
transitórias (de
indivíduos e grupos), a
doutrina é aplicada no
Brasil e fora dele, das
maneiras mais diversas.
Já que é assim, e isso
parece ser uma
consequência natural e
incontornável da
heterogeneidade humana(2),
o sensato será procurar
a coerência e a
fidelidade, minimamente,
como um fim a se atingir
na conduta individual e
na divulgação do ideal
espírita, preservando a
unidade original de
princípios, toda
desenhada na obra de
Allan Kardec e
apresentá-la ao mundo
como ela é, sem repetir
os erros do movimento
cristão no passado.
Revolução nas ideias
-
O diferencial do
Espiritismo está
precisamente no seu
conteúdo de revelação e
elaboração que nenhuma
outra doutrina tem. A
explicação espírita da
vida, do mundo, de Deus,
é clara, objetiva e
extremamente pedagógica,
como eram os ensinos de
Jesus que o homem
complicou a não poder
mais através do tempo.
Jesus conviveu no meio
do povo, mas não cedeu
nos seus princípios, em
momento algum. Não
“adaptou” seus ensinos
só para ser agradável ao
poder dominante nem para
ser aceito pelas
correntes religiosas
superadas que veio
transformar.
O Espiritismo surgiu
para inspirar a
transformação da
humanidade. Além de
tornar acessíveis os
ensinos de Jesus,
descortinou o mundo dos
Espíritos. “A descoberta
do mundo dos
invisíveis... é mais que
uma descoberta, é uma
revolução nas ideias”,
disse Allan Kardec em “O
que é o Espiritismo”(3).
Quando esse conhecimento
estiver disseminado
largamente proporcionará
desdobramentos
incalculáveis para o
progresso geral. Não há,
por enquanto, nada mais
completo do que isso
para mudar o estado de
coisas no mundo atual.
Os espíritas não podem
abrir mão do legado que
receberam do gênio de
Allan Kardec e da
operosidade dos
Espíritos superiores
fazendo “concessões”
puramente emocionais
(por vezes distantes das
ideias e dos ideais que
defendem), sob quaisquer
pretextos, e com isso
perdendo a identidade de
movimento restaurador e
renovador, acabando por
torná-lo, em alguns
aspectos, parecido com
correntes religiosas que
prendem o homem ao invés
de libertá-lo.
O tesouro dos espíritas
-
O grande desafio para os
espíritas será
compreender a
importância do
conhecimento aplicado do
Espiritismo na promoção
das mudanças necessárias
e inevitáveis, e ele tem
força moral suficiente
para mudar atitudes e
comportamentos,
refletindo no todo
social. Compete aos
espíritas trabalhar e
estudar, viver com
naturalidade, longe do
misticismo, felizes por
carregarem na alma o
“tesouro dos espíritas”
a que se referiu o
escritor e médium
espanhol Miguel Vives y
Vives (1842-1906). Para
firmar a sua crença não
é preciso fazer “turismo
religioso”, visitar a
“Meca espírita”,
organizar “caravanas
místicas”, idolatrar
médiuns, criar símbolos,
engendrar sistemas e
modismos, e tantas
outras invencionices que
acabam por desviar e
atrasar o movimento. A
conduta espírita deve
ser coerente com as
orientações doutrinárias
que se adquirem no
estudo dos livros de
Allan Kardec e de tantos
outros autores sérios. A
postura excessivamente
devocional, além de
contraditória, afasta o
espírita do que é
essencial.
Para viver a mensagem
-
Como “trabalhadores da
última hora”(4),
cabe à “geração
espírita” viver e
propagar esse
conhecimento para a sua
aplicação em massa,
criando meios de influir
na sociedade pela força
das ideias, sem ufanismo
nem excentricidades.
Temos que agir segundo
um novo modelo e não
copiar os modelos
falidos, abdicando das
nossas convicções para
ficarmos bem com o
mundo.
Para viver a mensagem
espírita não precisamos
estar divididos,
separados do mundo. A
prática espírita, longe
do preconceito e do
sectarismo, propõe o
convívio baseado na
compreensão das
diferentes opiniões, na
tolerância em relação ao
contrário, sem que para
isso precisemos recuar
das nossas posições
diante das convenções
religiosas e das
formalidades seculares
instaladas no mundo. Os
espíritas devem atentar
para o desenvolvimento
progressivo das ideias
cristãs que culminaram
com o movimento dirigido
pelo “Espírito de
Verdade”.
Não se pede aos
espíritas que sejam
“diferentes”, mas que
façam a diferença. Com
humildade e com o
conhecimento de que
dispõem, podem mostrar
coerentemente a
aplicação do evangelho
na vida prática, vivendo
a filosofia espírita em
profundidade. Além de
pregar pública e
manifestamente os
princípios de liberdade,
igualdade e
fraternidade, mostrar
que a vida tem objetivos
sérios, que o tempo é
matéria-prima de luxo
para a nossa evolução
rumo à plenitude e que
não bastam alterações
externas pontuais.
Enfim, contribuir com a
sociedade no campo das
ideias, do pensamento,
dando exemplo de
otimismo, esperança e
transformação.
Ainda há tempo
- Ainda há tempo para o
movimento espírita fazer
a sua parte. E se não
formos capazes disso, em
função de profundos
desvios doutrinários,
inércia e capitulação às
velhas ordens e ditames
devocionais ainda vivos
em nosso subconsciente,
outros o farão. O
progresso não para e em
muitas circunstâncias é
silencioso, nasce
anônimo em muitas
frentes, em pequenos
grupos, em laboratórios,
em universidades sérias,
da cabeça de estudiosos
independentes, de
livres-pensadores, em
todo o mundo. Mas será
bom se os espíritas
puderem dar sua genuína
contribuição à sociedade
com o substancioso
alimento cultural e
espiritual da terceira
revelação “na grande
obra da regeneração pelo
Espiritismo”(5).
Referências:
1. Allan Kardec, “Obras
Póstumas”, “Limites de
ação da comissão
central”, LAKE.
2. Ibidem.
3. Allan Kardec, “O que
é o Espiritismo”, 2º
diálogo, “Oposição da
Ciência”, FEB.
4. Allan Kardec, “O
Evangelho segundo o
Espiritismo”, capítulo
XX, item 2, LAKE.
5. Idem, item 5.