JANE MARTINS
VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
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Espíritos entre nós
“... os discípulos,
porém, vendo que
caminhava sobre o mar,
ficaram atemorizados e
diziam: ‘É um fantasma!’
E gritaram de medo. Mas
Jesus lhes disse logo:
‘Tende confiança, sou
eu, não tenhais medo’.”
(Mateus, cap. XIV, vv.
26 e 27.)
É milenar a crença na
imortalidade da alma. A
crença nos Espíritos
consta no passado da
Terra. Vemos
comunicações dos
Espíritos desde as mais
remotas histórias. No
antigo Egito era tão
comum que, em libertando
o povo hebreu da
escravidão, Moisés
proibiu as comunicações
que eram banalizadas,
por qualquer motivo, o
que tolhia o
desenvolvimento da
consciência.
Na Escala Espírita, em
O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec, de modo
didático, classificou os
Espíritos baseando-se em
seu grau de evolução,
nas qualidades que
adquiriram e nas
perfeições que carregam.
Temos aqueles em que há
predomínio da matéria
sobre o Espírito, que
têm propensão para o
mal, ignorância; seres
imperfeitos, alguns não
essencialmente maus, mas
ignorantes do bem, na
base da escala, a
terceira ordem. Na
segunda ordem vemos os
bons Espíritos, que têm
o desejo do bem, e na
primeira ordem, no topo
da escala, os Espíritos
puros, aqueles que já
alcançaram a perfeição.
Kardec esmiúça bem esse
assunto nas questões 100
a 112 de O Livro dos
Espíritos.
Quem costuma fazer
autoanálise e se conhece
em profundidade pode ter
uma ideia de que tipo de
Espírito encarnado
existe aqui na Terra,
baseado nessa escala
proposta por Kardec.
Sabemos que os Espíritos
estão por toda parte.
Nossos sentidos obtusos
não nos permitem vê-los,
a menos que sejamos
médiuns videntes. Na
questão 567 de O
Livro dos Espíritos,
Kardec pergunta se os
Espíritos costumam
imiscuir-se em nossos
prazeres e ocupações e a
resposta é que, quando
os Espíritos são
vulgares, sim. Diz ainda
que esses Espíritos nos
rodeiam constantemente
e, com frequência, tomam
parte ativa no que
fazemos, de conformidade
com sua natureza.
Espíritos imperfeitos,
alguns gostam de
brincar, de assustar, em
sua infância espiritual.
Não é de estranhar,
então, que os discípulos
de Jesus tivessem
pensado que era um
fantasma que caminhava
sobre as águas e
tivessem medo naquele
momento. Eram na sua
maioria médiuns e
estavam aprendendo com
Jesus. Dia chegaria em
que não temeriam nem
mesmo a própria morte,
quando o conhecimento
estivesse consolidado
neles, a ponto de,
posteriormente, o
apóstolo João,
familiarizado com as
comunicações com os
Espíritos e com a
natureza deles, deixar o
ensinamento para os
cristãos: “Não creiais
em todos os Espíritos,
vede antes se eles são
de Deus”.
Pedro, na passagem do
evangelho citada no
preâmbulo deste texto,
usou esse critério,
pois, quando Jesus disse
“Tende confiança, sou
eu, não tenhais medo”,
ele respondeu: “Senhor,
se és tu, manda que eu
vá ao teu encontro sobre
as águas”. E Jesus
respondeu: “Vem”. Ele
foi e caminhou, até que
sentiu medo e começou a
afundar, sendo salvo por
Jesus.
Essa passagem é
interessante. O medo nos
prejudica e nos faz mal;
quando é excessivo, nos
faz decair. Prudência é
necessário. Nem medo
destruidor, nem atitudes
tão destemidas que se
tornem prejudiciais. Não
aos extremos. Sim ao
equilíbrio.
Com relação a esse
antigo medo de
“fantasmas”, iniciado
provavelmente por
médiuns despreparados,
pois a mediunidade é
milenar e existe com o
homem, vamos contar um
caso que nos fez rir
muito. Uma senhora de
setenta anos, grisalha,
muito ativa, pedagoga,
nos relatou que há
muitos anos, quando mais
jovem, recebeu um
chamado de uma tia muito
querida de Santa
Catarina, dizendo-lhe
que seu tio havia
desencarnado. Ela o
considerava como a um
pai, pois ele a havia
criado durante a
infância, com essa tia,
e, em face disso, pôs-se
imediatamente a caminho
de Santa Catarina, para
consolar a tia e sua
prima, naquela hora
difícil para ambas.
Chegou sob uma chuva
torrencial, com raios,
relâmpago e debaixo de
muito frio. Eram vinte e
duas horas e trinta
minutos, quando o ônibus
chegou à rodoviária.
Ela, que tinha a pele
alva, estava toda de
preto. Casaco preto até
os joelhos, calça preta,
chapéu preto, botas
pretas, mala preta,
guarda-chuva preto.
Pegou um táxi e pediu
que a levasse ao
cemitério da pequena
cidade. Quando lá
chegaram, naquela hora,
sob aquela chuva forte,
não havia ninguém e ali
estava tudo escuro. Ela
sabia que o velório era
lá dentro. “Dona, a
senhora vai ficar aí?”,
perguntou-lhe o
motorista. Ela pôde ver
o medo nos olhos dele.
“Sim, eu vou ficar aqui,
sim, pode parar o carro
aqui”. Quando ela
desceu, nem deu tempo de
despedir, ele saiu com o
carro em disparada. O
pobre e amedrontado
motorista deve ter
contado uma história de
terror no dia seguinte,
sobre como levou em seu
carro um fantasma, ou,
se o preferirem, uma
“alma penada”, como
dizem alguns, altas
horas da noite, com
tempestade, para o
cemitério.
Isso nos fez dar boas
risadas, apesar de que,
no caso, ela estivesse
indo para um velório, o
que não tornaria o caso
cômico, mas não foi
possível não rir, até
pelo modo vivaz com que
ela contou a história.
Fatos assim apenas
confirmam que mesmo de
modo popular, com
contos, lendas, estórias
e histórias de fantasmas
ou Espíritos em
dificuldades, nossos
irmãos em evolução, a
crença na imortalidade
da alma está impressa na
compreensão das pessoas.
E o fato de os Espíritos
se comunicarem com os
homens, também.
“Tende confiança, sou
eu, não tenhais medo”,
disse Jesus.
Esclarecidos, o medo
desapareceu da mente dos
discípulos. Busquemos
nos esclarecer,
aprender, fortalecer
nossa fé. Tenhamos bom
ânimo e a firme
convicção de que o amor
divino nos ampara
sempre, dando-nos a
calma necessária para
passarmos as
experiências da Terra
com serenidade, embora,
muitas vezes, com os
sofrimentos que nos
educam os sentimentos.