JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
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Júlia
Pereira, uma espírita
inesquecível
Poucas pessoas no
movimento espírita
português conhecerão
Júlia Pereira Gomes, que
voltou à pátria
espiritual em 8 Novembro
de 2013. Nascida em 17
de Junho de 1930, na
cidade do Porto, vivia
em Águas Santas, em
Ermesinde (perto do
Porto), integrando,
antes de 25 de Abril de
1974 (no tempo da
ditadura que perseguiu
os espíritas), um grupo
espírita, com Laurentino
Simões e Albuquerque
Rocha, no Porto,
apoiando pessoas com
mediunidade deseducada.
Após a revolução do dia
25 de Abril de 1974,
este grupo constituiu o
Núcleo Espírita Cristão
(NEC) e D. Júlia
tornou-se uma das
colaboradoras.
Laurentino Simões,
presidente do NEC nessa
altura, fez questão de
publicar o livro de
poemas psicografados por
Júlia Pereira,
intitulado «Tu», em
1978.
Em 23 de Agosto de 1980,
desligou-se e
disponibilizou a sua
garagem para as reuniões
de uma nova associação,
a “Juventude Espírita
Meimei”. Teve dois
filhos, o Zé e o Jorge
Gomes. Nunca se quis
substituir aos jovens,
que de fato dirigiam o
seu grupo, mas dava-lhes
sugestões oportunas.
Realizavam-se os
chamados recitais de
canções espíritas, uma
oportunidade que reunia
várias associações da
região numa
confraternização
atrativa, e por vezes
com gente de fora,
nomeadamente, Julieta
Marques (Lagos), Manuel
dos Santos Rosa e João
Xavier de Almeida
(Lisboa).
Nessa década surgiram os
dois discos de canções
espíritas, com o
patrocínio de
Alexandrino Nunes e
Arnaldo Trindade. No
lançamento do 2º disco
(vinil), no NEC, em 6 de
Janeiro de 1985,
juntaram-se numerosos
jovens, de Viseu
inclusive, e a ideia de
uma espécie de
minicongresso depressa
se formou. Surgiu o 1º
Encontro Nacional de
Jovens Espíritas (ENJE),
evento realizado, embora
noutros moldes, até ao
presente, envolvendo
gerações sucessivas.
Surgiu depois, por volta
de 1986, na época das
chamadas rádios livres,
o programa «Além do
Véu».
Júlia sempre gostou de
estar nos bastidores e
os jovens organizavam,
trabalhavam e
executavam.
Mulher dinâmica,
notava-se a distância o
seu espírito ativo e
determinado, sabendo o
que queria, orientando
sem forçar, deixando
posteriormente os
“louros” para quem
executava, refugiando-se
na retaguarda dos
aplausos.
Foi no 5º ENJE que
conheci D. Júlia, que me
ajudou a dar os
primeiros passos no
movimento espírita
português, quando aí
participei pela 1ª vez
num encontro nacional de
jovens espíritas. Via-se
nela a alegria de toda
aquela azáfama, típica
dos jovens, a que ela
assistia, apoiava
discretamente e a quem
empurrava para a frente,
notando-se a satisfação
do dever cumprido.
Sempre disponível,
crítica mas tolerante,
foi uma espírita muito
ativa que teve sempre o
cuidado de não se fazer
notada.
Por tudo aquilo que me
ensinou, quer falando,
quer agindo, por todo o
apoio que me deu (bem
como a outros jovens e
adultos de então), pelos
seus ensinamentos
pacientes na
irreverência da minha
juventude, eu digo:
muito obrigado, D.
Júlia, que possa estar
em paz e feliz no mundo
espiritual.