Publicações sem
critério
doutrinário
Ao apagar das
luzes do ano de
2008, num
encontro com os
companheiros da
Federação
Espírita do
Paraná,
perguntaram ao
confrade Divaldo
Pereira Franco,
expositor
baiano, que, na
atualidade, se
destaca como o
maior divulgador
brasileiro da
Doutrina
Espírita e que,
reconhecidamente,
é detentor de
profundo
conhecimento
doutrinário, o
seguinte: “O
movimento
Espírita tem
sido invadido
por uma
enxurrada de
publicações que
trazem a
informação de
serem
mediúnicas.
Temos visto que
os dirigentes,
vários deles,
não utilizam
qualquer
critério de
seleção
doutrinária. O
que nos
aconselha?”
Transcrevemos
este trecho de
sua extensa
resposta:
É necessário que
procuremos
divulgar a
Doutrina,
conforme nós a
herdamos do
ínclito
Codificador e
das entidades
venerandas, que
preservaram essa
Doutrina
extraordinária,
para que nós
possamos
contribuir com a
construção de um
mundo melhor.
A respeito
desses livros
que proliferam,
me causam
surpresa quando
amigos com
quarenta,
cinquenta anos
de idade,
pessoas lúcidas,
pessoas cultas,
que nunca foram
médiuns, ou,
pelo menos,
jamais o
disseram,
escrevem livros
até ingênuos,
que nem são bons
nem são maus,
rotulam como
mediúnicos e
passam a vender,
porque são
mediúnicos.
Realmente, a
questão deve ser
muito bem
estudada,
inclusive, penso
que pelo
Conselho
Federativo
Nacional, para
se tomar uma
providência. Não
de cercear-se a
liberdade – não
temos esse
direito –, mas
pelo menos de
esclarecer os
leitores e
procurar
demonstrar quais
são as
características
de uma obra
espírita com as
características
de uma obra
imaginativa.
Um dos livros
mais vendidos,
dito mediúnico,
tem verdadeiras
aberrações, em
que a entidade
fez do mundo
espiritual uma
cópia do mundo
físico, ao invés
de o mundo
físico ser uma
cópia do mundo
espiritual!
É um Espírito do
sexo feminino,
que tem os
fluxos
catamênios no
mundo espiritual
e que vai ao
banheiro e dá
descarga!
Outra obra,
igualmente muito
grave, falam de
relacionamentos
sexuais para
promoverem
reencarnação no
Além.
Ora, a palavra
reencarnação já
caracteriza
tomar um corpo
de carne.
Como reencarnar
no Além, no
mundo de
energia, de
fluidos, onde
não existe a
carne? O
Além, com
ninhos de
passarinhos
multiplicando-se,
em que as aves
vêm chocando e
nascem os
filhotinhos.
Não é que
estejamos contra
qualquer coisa,
mas é que são
delírios, pura
fascinação.
Acredito que
alguns desses
médiuns são
médiuns
autênticos.
Ocorre que eles
não perderam a
mediunidade,
a sua faculdade
mediúnica é que
mudou de mãos,
daquelas
entidades
respeitáveis
para as
entidades
frívolas que
estão criando
verdadeiros
embaraços,
porque em
determinados
seminários,
palestras, fazem
perguntas
diretas e
ficamos numa
situação
delicada, porque
citam os nomes.
Toda vez que
dizem os nomes
eu me recuso
responder. Numa
pergunta em tese
muito bem, mas
declinar nomes,
não. Não tenho
esse direito de
levar alguém ao
escárnio.
Dessa forma, o
problema é mais
grave do que
parece, porque
muitos também
estão fazendo
disso profissão,
embolsam o
resultado das
vendas,
enquanto outros
justificam obras
de má qualidade,
por terem um
objetivo nobre:
ajudar obras de
assistência
social. Os meios
não justificam
os fins. (Conversando
com Divaldo
Pereira Franco.
Curitiba: FEP –
Federação
Espírita do
Paraná, 2011, p.
51-52.) (Grifo
nosso).
Há tempos também
vimos percebendo
isso, e até
mesmo escrevemos
alguns textos(1)
questionando
certas
“novidades”
trazidas por
determinado
médium.
Entretanto, a
nossa opinião é
por demais sem
valia para
tomá-la como
verdade; daí
resolvemos nos
apoiar em
Divaldo P.
Franco, que, com
muito maior
cabedal
doutrinário que
nós, pode, com
muita
propriedade,
falar do
assunto. Fica
aí, portanto, a
judiciosa
opinião dele
para reflexão de
todos nós que
fazemos de tudo
para não sair
das seguras
bases
doutrinárias que
os Espíritos
Superiores
orientaram a
Kardec, as quais
foram
consignados nas
obras da
Codificação
Espírita, por
ele publicadas.
(1)
“A
gravidez de
Espíritos”,
“Kardec
reencarnou-se
como Chico
Xavier”
e “Comentários
sobre alguns
trechos da obra
'Nos céus da
Gália'”.