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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 352 - 2 de Março de 2014

PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)

 
 

Publicações sem critério doutrinário


Ao apagar das luzes do ano de 2008, num encontro com os companheiros da Federação Espírita do Paraná, perguntaram ao confrade Divaldo Pereira Franco, expositor baiano, que, na atualidade, se destaca como o maior divulgador brasileiro da Doutrina Espírita e que, reconhecidamente, é detentor de profundo conhecimento doutrinário, o seguinte: “O movimento Espírita tem sido invadido por uma enxurrada de publicações que trazem a informação de serem mediúnicas. Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério de seleção doutrinária. O que nos aconselha?”

Transcrevemos este trecho de sua extensa resposta:

É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo melhor.

A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa quando amigos com quarenta, cinquenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até ingênuos, que nem são bons nem são maus, rotulam como mediúnicos e passam a vender, porque são mediúnicos.

Realmente, a questão deve ser muito bem estudada, inclusive, penso que pelo Conselho Federativo Nacional, para se tomar uma providência. Não de cercear-se a liberdade – não temos esse direito –, mas pelo menos de esclarecer os leitores e procurar demonstrar quais são as características de uma obra espírita com as características de uma obra imaginativa.

Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações, em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual! É um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos catamênios no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!

Outra obra, igualmente muito grave, falam de relacionamentos sexuais para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de fluidos, onde não existe a carne? O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm chocando e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é que são delírios, pura fascinação.

Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos, daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes. Toda vez que dizem os nomes eu me recuso responder. Numa pergunta em tese muito bem, mas declinar nomes, não. Não tenho esse direito de levar alguém ao escárnio.

Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas, enquanto outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras de assistência social. Os meios não justificam os fins. (Conversando com Divaldo Pereira Franco. Curitiba: FEP – Federação Espírita do Paraná, 2011, p. 51-52.) (Grifo nosso).

Há tempos também vimos percebendo isso, e até mesmo escrevemos alguns textos(1) questionando certas “novidades” trazidas por determinado médium. Entretanto, a nossa opinião é por demais sem valia para tomá-la como verdade; daí resolvemos nos apoiar em Divaldo P. Franco, que, com muito maior cabedal doutrinário que nós, pode, com muita propriedade, falar do assunto. Fica aí, portanto, a judiciosa opinião dele para reflexão de todos nós que fazemos de tudo para não sair das seguras bases doutrinárias que os Espíritos Superiores orientaram a Kardec, as quais foram consignados nas obras da Codificação Espírita, por ele publicadas.
 

(1)A gravidez de Espíritos”, “Kardec reencarnou-se como Chico Xavier” e “Comentários sobre alguns trechos da obra 'Nos céus da Gália'”.


 

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita