RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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A selvageria e o século
XXI
755 – Como se dá que no
seio da civilização mais
avançada se encontrem
seres algumas vezes tão
cruéis quanto os
selvagens? (L.E.) -
"Como sobre uma árvore
carregada de bons
frutos, encontram-se os
que não chegam a termo.
São, se o queres,
selvagens que não têm da
civilização senão o
verniz, lobos perdidos
no meio das ovelhas.
Espíritos de uma ordem
inferior e muito
atrasados podem se
encarnar entre os homens
avançados, na esperança
de eles mesmos
avançarem."
A revista VEJA,
em sua edição 2361, de
19 de fevereiro de 2014,
página 29, sob o título
Algo de podre nisso?,
traz a reportagem de uma
girafa sacrificada e
esquartejada para virar
comida de outros animais
em zoológico da
Dinamarca. Passemos a
uma pequena reprodução
do texto em questão: “Há
países onde assaltantes
queimam vítimas vivas ou
tribos rivais se
esquartejam mutuamente.
Na Dinamarca, a crise do
momento foi causada por
uma girafa. Jovem demais
para se tornar
reprodutor e
geneticamente muito
próximo de outros
espécimes, Marius
foi sacrificado no
zoológico de Copenhague
e fatiado em pedaços
enviados aos leões
locais como refeição
especial. Tudo na frente
de um público composto
por adultos e crianças,
como uma aula ao vivo do
mundo animal. Um
abaixo-assinado
endossado por 27000
pessoas e reações
furiosas não abalaram a
direção do zoológico”.
Tal conduta que optou
pela eutanásia de um
animal comporta alguns
questionamentos:
1.º) não havia outra
opção do que eutanasiar
o animal, como por
exemplo, transferi-lo
para outro zoológico? Ou
a opção mais fácil e
econômica era matar?
2.º) esse ato era
necessário ser realizado
em público diante de
crianças, inclusive? O
que terá ficado
arquivado nessas mentes
pequeninas? Que matar é
o mais prático a fazer
quando um ser vivo não
interessa mais ou está
causando problemas? Que
pensarão mais tarde
essas crianças dos
velhos acamados ou das
próprias crianças
deficientes físicas ou
mentais?
Ensina-nos Joanna de
Ângelis que somente a
educação consegue
libertar o ser, por
fundamentar-se no
conhecimento e no dever
para com a Vida, a
sociedade e o próprio
cidadão. Será que foi
isso que aquelas
crianças aprenderam ao
presenciar ao vivo o que
foi feito ao pobre e
indefeso animal?
Continua Joanna a nos
ensinar sobre a
educação, afirmando que
ela, a educação, é
valioso instrumento para
o trabalho de construção
da pessoa feliz, que se
torna, por sua vez, uma
viva lição da vida para
as demais, que seguem na
retaguarda. Através da
execução da girafa
teriam os seus autores
passado essa ideia para
aquelas crianças,
futuros cidadãos de
amanhã?
Raul Teixeira, em seu
livro Minha família,
o mundo e eu, ensina
que devemos evocar na
convivência com os
filhos amados a grandeza
da paz. Levá-los a
avaliar as consequências
de um mundo assinalado
pela pacificação. Que
devemos trabalhar com
esses filhos a distinção
entre o pacifismo – que
é virtude atuante,
corajosa e lúcida – e a
passividade – que é a
máscara com que a
covardia e a omissão
costumam se ocultar,
inconsequentes. Dessa
maneira, continua Raul,
legaremos à nossa prole
a herança da consciência
harmoniosa.
Se havia crianças
presentes no ato da
execução do animal,
evidentemente que os
pais também deveriam
estar presentes. Será
que com essa atitude
esses pais ensinaram os
conceitos de paz aos
seus filhos ou o
conceito de que a morte
é uma solução mais
prática e mais econômica
para enfrentarmos
determinados problemas
da existência?
Será que não é por isso
que assaltantes queimam
suas vítimas ainda
vivas? Que estupros
acontecem? Que
sequestros são
perpetrados com a maior
frieza? Que latrocínios
inundam as notícias de
jornais e canais de
televisão? Que educação
tiveram na infância as
pessoas que assim
procedem? Quais os
valores que lhes foram
passados sobre a Vida?
Ah! – dirão muitos – A
girafa é apenas um
animal! Não. No animal
transita um princípio
imortal criado pelo
mesmo Deus que nos
criou. A esse princípio
imortal foi dado por Ele
o direito de viver para
evoluir. E se vivemos
gemendo de mãos
estendidas para os
Espíritos superiores nos
momentos de nossas dores
e dificuldades, o que
temos feito para
auxiliar aqueles que
caminham à nossa
retaguarda como os
animais, nossos irmãos
mais jovens? Ou será que
nos cremos muito
inteligentes e capazes
de ludibriar a Lei que a
todos vigia e dá a cada
um segundo as obras
praticadas?
Ensina Raul Teixeira no
mesmo livro citado
anteriormente que
devemos vitalizar no
âmago dos nossos
rebentos abençoados a
reverência ao Criador
dos mundos e dos seres.
Como ensinar nossas
crianças a reverenciarem
a Deus se desrespeitamos
e agredimos com
crueldade as criaturas
dos reinos menores?
Educar é a arte de
forjar sentimentos
baseados na ética do
Amor!
Quanta sujeira moral
deverá ser banida desse
planeta de provas e
expiações para que o
mundo de regeneração
nele encontre guarida!
Ou será que os homens já
merecem esse mundo novo
apesar das crueldades
manifestadas nas
selvagerias de suas
atitudes?