JANE MARTINS
VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR
(Brasil)
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Reforma interior
– Qual o meio prático
mais eficaz que tem o
homem de se melhorar
nesta vida e de
resistir à atração do
mal?
“Um
sábio da antiguidade
vo-lo disse: Conhece-te
a ti mesmo.” (O Livro
dos Espíritos, questão
919.)
Uma bondosa senhora, já
sexagenária,
esforçadíssima por
melhorar-se, já em luta
nesse processo há algum
tempo, desabafou
conosco: – Mas essa
reforma moral é muito
difícil! Minha luta está
grande demais! Como é
duro! Para você ver, eu
sonhava ter minha irmã
aqui comigo. Ela morava
sozinha em São Paulo.
Meu marido e eu fizemos
tudo e ela veio para cá.
É minha vizinha, mora ao
lado. Mas que
temperamento que ela
tem! Ela morou muito
tempo sozinha, acho que
desacostumou de pessoas
próximas. Como é
difícil! Tenho que
exercitar a paciência o
tempo todo!
Perguntamos a ela o que
havia dessa vez, pois em
outra ocasião ela já
havia falado da irmã, o
que nos deu ocasião de
aconselhá-la a atitudes
de tolerância e
fraternidade: – Dessa
vez foi o seguinte: ela
está vendendo o
apartamento em São
Paulo. Fiquei muito
preocupada se estava
tudo certo, se não havia
perigo de ela ser
lesada, se a pessoa que
está comprando é
correta. Liguei na
imobiliária e verifiquei
tudo. Quando contei a
ela o que fiz, ela ficou
brava comigo! Eu fiquei
quietinha, não respondi,
saí calada, não revidei.
Como essa reforma íntima
é difícil!
É difícil mesmo. A
pessoa tem que buscar
seu íntimo. Verificar
sua atitude. Essa
senhora se colocou na
posição da vítima,
quando na verdade o erro
foi dela. Buscando
ajudar, ignorou o espaço
de sua irmã, que já
estava com tudo em
ordem, tudo organizado e
não lhe havia solicitado
auxílio. Em suma, agiu
de modo invasivo e não
percebeu que o melindre
em que ficou denotava
orgulho ferido. Dissemos
tudo isso a ela
carinhosamente, e, como
é uma pessoa ótima e
realmente esforçada,
reconheceu que deveria
pedir desculpas à irmã,
que, afinal, só lhe
chamou a atenção para o
que ela fez. Nada mais
grave. Isso acontece
muito conosco, uma das
razões pelas quais Jesus
nos alertou que ficamos
notando o argueiro no
olho de nosso irmão e
não vemos a trave no
nosso. Ela sonhou meses
com a vinda da irmã, mas
idealizando do jeito
dela, como ela gostaria
que fosse; mas sua irmã
é uma individualidade
com ideias próprias, nem
sempre iguais às dela.
Lições de tolerância a
serem vivenciadas.
Santo Agostinho comenta,
nessa mesma questão
919-a d´O Livro dos
Espíritos, que o
conhecimento de si mesmo
é a chave do progresso
individual: “Mas, diz
ele,direis, como há de
alguém julgar-se a si
mesmo? Não está aí a
ilusão do amor-próprio,
para atenuar as faltas e
torná-las desculpáveis?
O avarento se considera
apenas econômico e
previdente, o orgulhosos
julga que em si só há
dignidade. Quando
estiverdes indecisos,
diz ele, sobre o valor
de uma de vossas ações,
inquiri como a
qualificaríeis, se
praticada por outra
pessoa. Se a censurais
noutrem, não a podereis
ter legítima quando
fordes o seu autor, pois
que Deus não usa de duas
medidas na aplicação de
sua justiça”.
Jesus já dizia isso
quando nos orientou:
Tudo aquilo que quereis
que vos façam, fazei vós
aos outros. Continua ele
a ser nosso modelo
maior. A Humanidade,
mais que nunca, precisa
se voltar para ele,
estudar seus ensinos,
viver suas orientações.
Não importa qual seja a
religião. Ele sempre
socorreu a todos, tanto
os gentios quanto o seu
próprio povo, e colocou
o samaritano, não aceito
pelos seus, na famosa
parábola, como a pessoa
correta, que agiu com
bondade, socorrendo o
homem ferido na estrada.
Precisamos, sim, nos
conhecermos mais, para
nos trabalharmos mais
interiormente, vencendo
nossos defeitos, agindo
cristãmente. Quando o
mundo agir de
conformidade com os
ensinos de Jesus,
teremos um mundo melhor.
Um dia, não precisaremos
grades, nem prisões,
pois as pessoas haverão
de respeitar-se
mutuamente. Jesus é e
será o mestre da
Humanidade. Um dia, no
futuro, todos o
seguirão.
Neste dezembro, pensemos
um tanto mais nele, com
desejo sincero de
melhorar, como a nossa
irmã que citamos que faz
esforços, e quem a
conhece observa grandes
mudanças, vê nela uma
espírita sincera, que
faz esforços incessantes
por vencer a si mesma e
não usa máscaras,
revelando-se
publicamente, como os
cristãos do passado, que
se confessavam em
público. Diante do
Mestre venerado, neste
Natal, curvemo-nos ante
seu amor e nos
descubramos, sem
máscaras. Oremos a Ele,
pedindo forças e
coragem, sinceramente,
na alma, para nos
tornarmos dignos do nome
cristão. Lembremo-nos
desse amor memorável e
peçamos sua presença
conosco. São suas as
palavras: “Buscai e
achareis, batei e
abrir-se-vos-á”. Ele nos
ouvirá. Uma suave brisa
envolverá o coração
sincero, que sentirá que
do alto para ele vertem
bênçãos em sublime
resposta.
Lutemos muito por nós
nesta vida, pois o
conhecimento espírita
nos torna obreiros que
seremos cobrados pelo
que sabemos.
Reencarnados nesta
época, aqui estamos nós,
numa luta milenar de
aperfeiçoamento, mas
Jesus está conosco,
sempre conosco.
Lembremos aquela noite
memorável de seu
nascimento e escutemos
na intimidade aquela voz
em coro a cantar: Paz na
Terra! Boa vontade entre
os homens! Paz para
todos nós que tanto
ansiamos por ela! Paz
com Jesus!