Em carta dirigida a esta
revista, publicada na edição
passada, o leitor Léo
Martins, de Cidreira-RS,
escreveu o seguinte:
“Tenho uma lembrança de já
ter lido que
não é interessante que um
médium permita a
incorporação fora de uma
casa espírita; assim sendo,
peço que me informe se isto
consta no Livro dos
Médiuns, para que eu
possa repassar ao meu grupo
de estudos. No aguardo,
desde já agradeço.”
Em resposta, foi-lhe dito
que é fato sabido entre os
espíritas que o lugar
recomendado para a
realização da prática
mediúnica deve ser o Centro
Espírita, ou outro local
especializado, como os
hospitais espíritas ou que
aceitam os postulados
espíritas. Mas essa
orientação não está presente
em O Livro dos Médiuns,
de Kardec.
Dada a importância do
assunto, vejamos o que
autores diversos escreveram
a respeito. Começamos pela
orientação que se encontra
no site da Federação
Espírita Brasileira, na
página de responsabilidade
do Departamento de Estudo e
Educação da Mediunidade, em
que se lê, no verbete
“Reuniões Mediúnicas”:
“São reuniões privativas,
com portas chaveadas,
comumente realizadas uma vez
na semana, sempre no mesmo
dia e horário, em local
da Casa Espírita onde
seja possível garantir o
silêncio respeitável e a
harmonia vibratória, com
número reduzido de
participantes, previamente
indicados para este gênero
de atividade espírita”.
(O texto está publicado na
internet, na página
http://www.febnet.org.br/blog/geral/estudos/reunioes-mediunicas/.)
(Grifamos.)
André Luiz, no cap. 18,
intitulado “Isolamento
hospitalar”, do seu livro
Desobsessão, obra
psicografada pelos médiuns
Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira, assevera:
“A desobsessão abrange em si
obra hospitalar das mais
sérias.
Compreenda-se que o espaço a
ela destinado, entre quatro
paredes, guarda a
importância de uma
enfermaria, com recursos
adjacentes da
Espiritualidade Maior para
tratamento e socorro das
mentes desencarnadas, ainda
conturbadas ou infelizes.
Arrede-se da desobsessão
qualquer sentido de
curiosidade intempestiva ou
de formação espetaculosa.
Coloquemo-nos no lugar dos
desencarnados em
desequilíbrio e
entenderemos, de pronto, a
inoportunidade da presença
de qualquer pessoa estranha
a obra assistencial dessa
natureza.
O amparo e o esclarecimento
aos Espíritos dementados ou
sofredores é serviço para
quem possa compreendê-los e
amá-los, respeitando-lhes a
dor.
Daí nasce o impositivo de
absoluto isolamento
hospitalar para o recinto
dedicado a semelhantes
serviços de socorro e
esclarecimento,
entendendo-se, desse modo,
que a desobsessão, tanto
quanto possível, deve ser
praticada de preferência
no templo espírita, ao
invés de ambientes outros,
de caráter particular.
Nesse sentido, é importante
que os obreiros da
desobsessão, notadamente os
médiuns psicofônicos e os
médiuns esclarecedores,
visitem os hospitais e casas
destinadas à segregação de
determinados enfermos, para
compreenderem com segurança
o imperativo de respeitosa
cautela no trato com os
Espíritos revoltados e
desditosos.”
(Grifamos.)
O assunto foi também
suscitado em duas perguntas
propostas ao confrade
Divaldo Franco, adiante
reproduzidas:
·
Seria desaconselhável o
desempenho mediúnico
isolado, bem como em
reuniões domiciliares ou
recintos estranhos aos
Centros ou locais similares?
Divaldo
– É desaconselhável esse
comportamento como hábito, o
que não impede que,
excepcionalmente, ocorra o
fenômeno com a anuência do
médium sob a inspiração dos
bons Espíritos.
Não chegaremos ao absurdo de
supor que no lar,
periodicamente, não venham
os Benfeitores Espirituais
para o diálogo de
emergência, para uma palavra
fraternal, para um encontro
de estímulo entre aqueles
que se reúnem para orar.
É desaconselhável que se
transforme o estudo espírita
e evangélico realizado em
família em reunião
mediúnica, porque, como o
nome diz, trata-se de uma
oportunidade para estudar e
meditar e não para o
exercício da mediunidade.
Mas, vez que outra,
dependendo dos Instrutores
Espirituais, pode ocorrer
comunicação de Entidade
Benfeitora para trazer um
conteúdo que, no
entendimento desse
Benfeitor, pareça relevante.
Não se deve permitir,
entretanto, que tal se
transforme num hábito.
É desaconselhável que, em
lugares não preparados para
o mister mediúnico, venha a
ocorrer fenômeno com
anuência do sensitivo.
Perguntar-se-á por quê?
Responderemos: pelos danos
que poderão advir. Se o meio
for hostil, leviano e de
recursos psíquicos
negativos, podem ocorrer
mistificações, distonias,
aberturas vibratórias para
espíritos que não tenham
propósitos superiores. Seria
o mesmo que requisitar
determinada cirurgia num
consultório médico onde não
haja requisitos da assepsia,
do instrumental, etc.
Portanto, a Casa Espírita
é o lugar ideal, porque
ali os Benfeitores instalam
equipamentos de socorro de
emergência; nesse local
encontram-se entidades
zelosas que se postam para
defender o recinto, além de
trabalhadores especializados
que vêm para o ministério
previamente programado.
Porque se na Terra, que é o
mundo dos efeitos, são
tomados cuidados antes das
realizações, é compreensível
que no mundo espiritual as
realizações mereçam um
tratamento muito
especializado, no que tange
ao progresso da criatura e
da humanidade.
Os Benfeitores programam as
tarefas mediúnicas e aqueles
que se vão comunicar, para
que tudo ocorra em clima de
ordem e de paz. O médium que
se submete a fenômenos de
ocasião está sujeito a
graves perigos, porque seria
o mesmo que colocar
instrumentos de alta
sensibilidade nas mãos de
pessoas inescrupulosas ou
desconhecedoras de seu
mecanismo. Concluindo, é
desaconselhável.
(Diretrizes de Segurança,
questão 47.) (Grifamos.)
·
O que pensar do costume de
fazer-se sessões mediúnicas
fora dos Centros Espíritas?
Divaldo
– É um hábito muito
perigoso. Seria o mesmo que
se levar pacientes para
serem operados em qualquer
lugar, só porque há boa
vontade, mas não se dispondo
de conveniente assepsia nem
dos requisitos necessários
que se encontram nos
hospitais. Nesse caso, os
êxitos seriam raros. Além
disso, ocorre que, realizada
a sessão em qualquer lugar,
este fica marcado pelos
Espíritos sofredores, que
vão sendo informados uns
pelos outros, e começam a
frequentá-lo. Se for um lar,
como aí não existem as
defesas necessárias para as
incursões de tais Espíritos,
transforma-se em um
pandemônio.
Indagar-se-á: e antes de
haver os Centros Espíritas?
Enquanto ignoramos, temos
uma responsabilidade menor.
Mesmo quando não se entendia
de assepsia, faziam-se
operações, mas o número de
óbitos era muito maior.
Já que temos o Centro, por
que desrespeitá-lo, fazendo
sessões mediúnicas noutro
lugar, se ele é o
determinado para tal? Se o
problema é ir-se a um lugar,
por que não ao ideal?
(Obra citada, questão
48.)
Como dito inicialmente, a
recomendação concernente ao
lugar da reunião mediúnica
não foi especificada de modo
formal em O Livro dos
Médiuns, mas nos parece
que ela se encontra
implícita em ensinamentos
como este, firmado por São
Luís e publicado na citada
obra:
“O silêncio e o recolhimento
são condições essenciais
para todas as comunicações
sérias. Nunca obtereis
preencham essas condições os
que somente pela curiosidade
sejam conduzidos às vossas
reuniões. Convidai, pois, os
curiosos a procurar outros
lugares, por isso que a
distração deles constituiria
uma causa de perturbação.
Nenhuma conversa deveis
tolerar, enquanto os
Espíritos estão sendo
questionados. Recebeis, às
vezes, comunicações que
exigem de vós uma réplica
séria e respostas não menos
sérias da parte dos
Espíritos evocados, aos
quais muito desagradam,
crede-o, os cochichos
contínuos de certos
assistentes. Daí, em
consequência, nada obterdes
por completo, nem de
verdadeiramente sério.
Também o médium que escreve
experimenta distrações muito
prejudiciais ao seu
ministério.”
(O Livro dos Médiuns, cap.
XXXI, Dissertações
Espíritas, item XXIII.)
Embora existam grupos
espíritas que realizam
sessões mediúnicas na
residência de um dos seus
integrantes, parece-nos
óbvio que o silêncio e o
recolhimento indispensáveis
à boa prática da mediunidade
requerem um local
apropriado, como recomendado
pela FEB, por Divaldo e por
André Luiz.
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