VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP
(Brasil)
|
|
Carentes ou
simplesmente
crianças?
Ouvimos muito
dos outros e
nós, espíritas,
não falamos
pouco sobre a
necessidade e
importância do
respeito aos
nossos irmãos,
tenham eles
maior ou menor
idade que a
nossa.
Talvez não possa
aqui ser fechada
a questão e
afirmar que é
regra universal
o emprego de um
indicativo
discriminatório
que identifique,
de pronto, a
condição de
grupos de
crianças quando
organizadas para
determinadas
atividades, quer
sejam em
passeios,
aprendizados
escolares,
brinquedos,
dança, música ou
mesmo em
disputas
esportivas.
Não bastasse por
si só a
realidade
incômoda e
difícil de
habitarem
bairros em que
quase tudo
falta, além do
humilde e
precário abrigo
que lhes serve
de moradia,
ainda são
vilipendiadas no
sentimento,
tendo de se
acostumar com o
rótulo perene e
nada agradável
que a própria
sociedade impõe.
Mas, exceções à
parte,
amplamente
sabido é o uso
constante de uma
pecha que, por
si só, já
caracteriza uma
antecipada
segregação
social e
econômica ao
identificar
essas crianças,
esses jovens ou
mesmo adultos,
como sendo “carentes”.
Por que terão
eles de ser
reconhecidos por
esse estigma?
Ao colocar-se a
importância
econômica para
definir uma
condição de
vida,
sobrepondo-se
aos valores
morais
ostensivamente
ignorados,
estaria esse
pensamento
coerente com os
ensinamentos de
Jesus, quando
fala em seu
Evangelho da
importância do
exercício da
caridade ou
quando,
fraternalmente,
lembra que o
reino do céu
pertence às
crianças, numa
doce referência
ao amor, à
inocência, à
humildade e à
bondade? Nessa
passagem, como
em outras, não
fez o Divino
Amigo nenhuma
alusão às
condições
econômicas ou
mesmo sociais;
disse apenas “crianças”,
que é o sentido
figurativo
representado por
todos aqueles
que possuem
coração sensato,
bondoso, sem
maldade ainda.
Acompanhando o
noticiário de um
modo geral,
notamos e
lamentamos o
empenho e a
ênfase ao se
empregarem os
adjetivos “pobres”
e/ou “carentes”
ao identificar e
classificar
essas
crianças.
Aliás, esse
comportamento é
percebido,
inclusive, em
alguns eventos
espíritas quando
a miserável
condição do
grupo ou grupos
de crianças é
anunciada em
pomposa
apresentação ou
mesmo nas
manchetes da
imprensa, em
jornais ou TV.
Infelizmente
essas crianças
estão crescendo
sob nossos
olhos, com esse
doloroso rótulo
que lhes é
imposto.
Vale, e muito,
repensar o
assunto e
promover um
basta em
comportamentos
considerados
distantes do
ensinamento
cristão.
Na passagem
quando Jesus
referiu-se aos
cuidados que se
devia ter para
que a mão
esquerda não
soubesse o que
fazia a direita,
estava
preservando o
beneficiário de
qualquer
sentimento de
humilhação ou
mesmo de
constrangimento.
Não parece
tarefa simples a
tentativa de
incluir
socialmente
alguém que é
convidado a
entrar num
projeto de
transformação,
pela porta dos
fundos.
Elas estão
crescendo e
sendo chamadas
de “pobres”
e/ou “carentes”,
sendo certo que
não precisam
ouvir ou ler
assuntos ou
escritos sobre
esse tratamento
desigual e
acintosamente
discriminatório,
como se esse
proceder fosse
muito importante
deixar claro a
todos a condição
dos atendidos.
Emmanuel,
através da
psicografia de
Chico Xavier,
nos lembra que é
importante “...
refletir nos
arranhões
mentais que você
experimenta
quando alguém se
reporta
irrefletidamente
aos seus
problemas e
aprenda a
respeitar os
problemas
alheios. Ninguém
estima transitar
sobre tapetes de
espinhos”. E
complementa: “Bem
sabemos que cada
um traz consigo
o resultado de
suas próprias
ações, porém,
não nos é lícito
destacar o
sofrimento ou
condições da
individualidade”.
Reflita sobre
isso.