GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Niza de Melo
Álvares
(‘Tia’ Nizinha)
Nossa querida
amiga voltou à
Pátria
Espiritual em 6
de outubro de
2013, após
longa
enfermidade que
a conservou
afônica e às
vezes acamada,
sem forças para
se locomover.
Dura provação
para quem era
irrequieta e
dedicada
expositora da
Doutrina
Espírita e
evangelizadora
de crianças –
tarefa a que se
dedicou com
ardor por boa
parte de sua
existência.
Certa vez, sem
local adequado,
evangelizou
crianças até
debaixo de
árvores.
O volume 2 da
série Memória
Espírita do
Estado de Goiás,
à página 149,
traz breves
notas sobre ela.
Ali consta que
nasceu na cidade
de Formosa (GO)
em
06.03.24. Viveu,
pois, de forma
operosa, oitenta
e nove anos e
sete meses!
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Fico a imaginar
o júbilo de
alguns de nossos
amigos – dela e
meus – que a
antecederam
nesse retorno ao
mundo
espiritual, além
de seus
familiares!
Refiro-me
especialmente
àqueles que a
amaram e amam
fraternal e
enternecidamente
tal como os
nobres amigos
Romeu Pelá e sua
segunda esposa,
a boníssima Nice
Pelá – que se
dedicou a ele e
a seus filhos e
netos por toda
sua existência!
Ele – deficiente
visual por
muitos anos,
após acidente
que levou à
desencarnação de
sua primeira
esposa,
deixando-o com
muitos filhos
ainda jovens –
era sempre o
primeiro a
cumprimentá-la
nos aniversários
natalícios, dos
quais ela
revelava apenas
o dia e o mês. O
ano, como é da
natureza
feminina, foi
segredo
rigorosamente
guardado.
O livro indicado
registra ainda
que ela teve
formação
católica.
Em Goiânia (GO),
para onde se
mudou com a
família,
conheceu, em
1952, a União
Espírita Goiana,
onde recebeu as
primeiras lições
de Espiritismo,
através do Sr.
Romeu Pelá. Daí,
certamente, do
reencontro de
duas nobres
almas, surgiu a
sólida amizade
que se estende
pela eternidade!
Curiosamente,
foi ele quem
recomendou a ela
procurar-me, a
fim de
participar da
reforma do
Centro Espírita
Luzes do
Evangelho,
no Parque Santa
Cruz, nesta
Capital. Era o
ano de 1986 – do
Plano Cruzado,
que buscava
eliminar a
inflação que a
todos nos
oprimia. Não há
como esquecê-lo!
A essa época,
iniciamos
duradoura
amizade. Ela,
sempre cordial e
simpática,
conquistava a
todos que dela
se aproximavam.
Encontramo-nos
inúmeras vezes,
ora no Centro
Espírita, ora em
sua casa.
Em mais de uma
ocasião falou-me
de como chegou à
Doutrina
Espírita.
Teve um sonho
com um homem
simpático, de
bela aparência e
pequeno bigode.
Dias após, num
consultório
dentário, viu a
fotografia desse
personagem. Era
ela a do
Apóstolo da
Caridade,
Eurípedes
Barsanulfo –
desencarnado em
1918, em
Sacramento (MG)!
O fato levou-a a
refletir e
certamente a
influenciou para
romper os
preconceitos
cultivados pela
sociedade contra
nossa Doutrina.
Esse generoso
Espírito
certamente a
orientou em
todas suas
atividades, seja
como
evangelizadora,
seja como
expositora
Espírita, seja
como alguém que
agiu em favor
dos sofredores,
eis que
preocupada com
as carências
humanas!
Liderou, em
1981, a fundação
dessa Entidade
Espírita, movida
justamente por
seu anseio de
levar os ensinos
de Jesus às
crianças e o
socorro aos que
sofrem!
Atuou em outras
Casas Espíritas,
e, dentre elas,
destacava-se o
“Centro Espírita
Jesus de Nazaré”
– de cuja
fundação, na
década de 60,
também
participou – e o
“Sanatório
Espírita
Batuíra”.
Antes da
fundação desses
Centros
Espíritas,
participou de
inúmeras
atividades
assistenciais.
Jovem e pobre,
com modesto
salário de
funcionária
pública,
separava parte
desses parcos
rendimentos e
deslocava-se de
bicicleta para
levar alimentos
a famílias
pobres, que
viviam debaixo
de pontes.
Com o tempo,
melhorou seus
rendimentos, ao
enfrentar dupla
jornada, ao
trabalhar também
na Cantina do
Instituto
Araguaia –
escola de
propriedade de
seu irmão Múcio
–, até se
aposentar pelo
Estado.
Mobilizava
amigos e
conhecidos – que
a admiravam e
nela depositavam
irrestrita
confiança –,
para angariar
recursos
destinados aos
“Filhos do
Calvário”. Foram
muitas décadas
de trabalho
assíduo. Também
sofreu
humilhações de
toda ordem!
Certa vez, ao
buscar doações,
perguntaram-lhe
porque não
morria, para
deixar de
aborrecer.
Mas, de outro
lado, recebia
compensações que
a estimulavam a
prosseguir.
Em um Natal, com
dificuldades
para comprar
comida para as
crianças
vinculadas ao
“Jesus de
Nazaré”, recebeu
depósito em sua
conta bancária
de doador
anônimo, que
jamais se
identificou!
Mais à frente,
quando então
possuía modesto
carro, ladrões o
arrombaram e
vasculharam
tudo, mas não
acharam a
carteira com
recursos
destinados aos
‘seus’ pobres. E
ela estava entre
os dois bancos
da frente!
Em 13.10.13
foram prestadas
justas
homenagens à
nobre irmã, na
Sede do
Centro Espírita
Luzes do
Evangelho –
hoje sob a
direção de sua
amiga Márcia
Ramos –, situado
à Rua 1º de
Janeiro, Qd. 30,
Lt. 8, Parque
Santa Cruz –
Goiânia (GO).
Vários amigos
teceram
considerações,
em testemunhos
emocionados,
sobre a nobreza
do caráter e da
extrema
dedicação à
causa Espírita
pela “Tia”
Nizinha – como a
chamávamos
carinhosamente
todos aqueles
que ela abrigou
em seu coração,
em sua amizade
sincera!
À ocasião, lemos
mensagem do
Espírito Romeu
Pelá, a ela
dirigida em
06.03.96 – data
de seu
aniversário
natalício –, da
qual destacamos
as seguintes
passagens:
“Querida irmã em
Jesus, ou terei
que chamá-la de
‘Estrela do
Oriente’? (...)
São tantos os
amigos que
vieram
abraçá-la,
desejando-lhe
muita força e
muita luz no seu
Espírito
guerreiro.
O Romão Nilo, o
Artiaga, o
Bittencourt, a
figura majestosa
do ‘seu’
Eurípedes e a
carinhosa do bom
Dr. Bezerra. A
Scheilla, que
está sempre ao
seu lado, (...).
Avise à Nice que
continue firme,
e que não deixe
de receber
passes. Deus a
protegerá
sempre, esse
anjo bom dos
meus dias. (...)
Niza, valorosa
amiga, fique com
Deus. Guarde a
certeza de que
as recompensas
aqui são belas:
só não menciono
para não
envaidecê-la
sobre o desejo
de ver o que é
reservado aos
trabalhadores do
Senhor”.
Nestes breves
apontamentos,
registro nossa
gratidão por
contá-la entre
os amigos do
coração! Que
Deus a abençoe
sempre!