JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
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Na verdade, o inferno é
um purgatório, pois na
Bíblia
ele
é temporário
Tártaro, Geena, sheol,
hades, ínferos e Limbo
designam geralmente o
inferno, que é de origem
mitológica, quando seu
chefe era Plutão e que,
no Cristianismo, passou
a ser Satanás, Belzebu
ou Lúcifer. E o inferno
cristão tornou-se muito
mais terrível do que o
mitológico pagão, graças
a Dante Alighieri
(século 13), que o
recriou na sua “Divina
Comédia”.
Examinando 1 Coríntios
3: 15, os versículos
entorno e outros textos
da Bíblia, conclui-se
que o inferno não é um
lugar, que ele e seu
fogo são figurados e que
ele é mesmo temporário.
Aliás, a parábola do
Filho Pródigo (Lucas,
capítulo 15), o desejo
de Deus de que todos se
salvem (Mateus 18: 14; 1
Timóteo 2: 4), a
afirmação de Jesus de
que há mais alegria nos
céus quando um se
converte do que a
alegria lá já reinante
por 100 já convertidos,
a busca da ovelha
perdida até ser
encontrada (Lucas 15: 4)
e outras passagens
bíblicas pulverizam as
penas sempiternas dos
teólogos medievais
baseados na poesia do
terror infernal de
Dante.
“Manifesta se tornará a
obra de cada um. O dia
demonstrará a boa obra
que se revela pelo fogo;
e tal como com a obra de
cada um, o próprio fogo
a provará. Se ela
permanecer edificada
sobre o fundamento, seu
autor receberá galardão.
Se a obra de alguém se
queimar, ele sofrerá
dano; mas esse autor
será salvo, como que
através do fogo.” (1
Coríntios 3: 15).
Numa linguagem simples,
vejamos esse texto até o
versículo 17. As obras
boas e más estão
relacionadas com o fogo.
A obra boa e
fundamentada, como
acontece com a de cada
um, é revelada pelo
fogo, e se ela permanece
no fundamento, o seu
autor receberá o
galardão. Mas
queimando-se a obra de
alguém por ela não ser
boa, ele sofrerá punição
pelo fogo, pois sua obra
será queimada, mas ele
será salvo pelo próprio
fogo destruidor da sua
obra má. Se ele se
salva, logo, a pena é
temporária. “Vós não
sabeis que sois
santuário de Deus, e que
o Espírito de Deus
habita em vós?” (1
Coríntios 3: 16). E
Paulo termina com uma
linguagem figurada
profética (ameaçadora)
aos suicidas: “Se alguém
destruir o santuário de
Deus, Deus o destruirá;
porque o santuário de
Deus, que sois vós, é
sagrado” (1 Coríntios 3:
17).
Kardec elogiou o
Purgatório da Igreja,
por ser temporário, de
acordo, pois, com a
justiça perfeita de
Deus, que dá a cada um
conforme suas obras.
Nossas faltas são
finitas. Puni-las, pois,
com penas infinitas ou
sempiternas seria um
erro de justiça
gravíssimo. Assim,
atribuir a Deus a
criação dessas penas
sem-fim é até uma
blasfêmia!
O Inferno na verdade é,
pois, tal qual o
Purgatório temporário da
Igreja. O grande santo
sábio e bispo da Igreja
Primitiva, São Gregório
de Nissa (4º século), um
dos Padres da Igreja,
notável pela sua lógica,
já ensinava também que o
inferno é temporário.
Que os teólogos
dogmáticos, pois, se
cuidem!