Em carta publicada
anteriormente nesta revista,
a leitora Ester Rodrigues,
do Rio de Janeiro (RJ),
apresentou-nos as seguintes
questões:
1) Como é vista a ideia de
que o horário das 3 horas da
madrugada é importantíssimo
para orarmos?
2) Como é visto o medo?
3) Como é vista a
preocupação?
Eis a nossa resposta:
1) Desconhecemos a
existência de livros ou de
mensagens que abonem a ideia
de que orar às 3 horas da
madrugada constitua algo
relevante, mais do que em
outro horário qualquer. A
oração é sempre valiosa,
seja qual for o momento em
que for proferida. Nas obras
espíritas que conhecemos é
recomendada a prece à hora
de dormir e à hora de
despertar, sendo que alguns
autores, como Dr. Bezerra de
Menezes, a recomendam também
à hora das refeições de cada
dia.
2) Medo e preocupação são
termos que podem ser
aplicados a um número grande
de situações e, por isso,
sem que seja especificado o
motivo do medo ou da
preocupação, é difícil
estabelecer uma resposta
precisa. Em muitos casos,
esses termos se confundem e
cremos que podem eles ser
enquadrados numa mesma ordem
de ideias.
Depois dos graves atos
terroristas que ocorreram
nos Estados Unidos por
ocasião da derrubada das
torres de Nova York, os
norte-americanos passaram a
ficar cada vez mais
enclausurados em casa e com
os hábitos bastante
alterados, em resposta à
ansiedade advinda da
violência, da situação
social e do próprio meio em
que vivem, numa situação que
não é peculiar apenas à
sociedade norte-americana.
No Brasil, o sentimento de
medo nas grandes cidades,
como Rio e São Paulo, tem
sido mostrado com
insistência nos meios de
comunicação do país, onde
muitas pessoas perderam até
mesmo a vontade de sair à
noite, pelo receio do que
lhes pode acontecer, um fato
que está a merecer um exame
mais aprofundado de nossa
sociedade.
Os efeitos decorrentes do
medo foram mencionados por
Kardec quando, aludindo às
histórias que amedrontam as
crianças, um recurso
largamente usado na
catequese em épocas
passadas, disse que o medo
pode matar e, se a tanto não
chega, é capaz de
desequilibrar as mentes
frágeis que se impressionam
facilmente com a morbidez de
determinados relatos.
Segundo informações do plano
espiritual, esse efeito não
se verifica apenas aqui,
entre os encarnados, mas
ocorre também no mundo
espiritual, como André Luiz
mostrou em seu livro
Nosso Lar, psicografado
por Chico Xavier.
A história central dessa
obra se passa na época dos
conflitos da 2ª Guerra
Mundial. Segundo André Luiz,
as notícias dos combates
travados na Europa
produziram na colônia
espiritual Nosso Lar
situações de grande medo e,
por vezes, de pânico, a
ponto de exigir, em dado
momento, a intervenção do
próprio Governador da
colônia.
Num certo domingo, pela
manhã, grande multidão
reuniu-se para ouvir a
palavra do Governador. O
dirigente da colônia abriu
um livro, folheou-o
atentamente e depois leu em
voz pausada: “E ouvireis
falar de guerras e de
rumores de guerras; olhai,
não vos assusteis, porque é
mister que isso tudo
aconteça, mas ainda não é o
fim”. Em seguida, depois de
dizer ao público palavras de
encorajamento, apelou para
que 30 mil servidores se
alistassem no trabalho de
defesa da cidade, em face da
guerra europeia. “Irmãos de
Nosso Lar, não vos
entregueis a distúrbios do
pensamento ou da palavra”,
rogou-lhes o dirigente. “A
aflição não constrói, a
ansiedade não edifica.
Saibamos ser dignos do
clarim do Senhor,
atendendo-lhes a Vontade
Divina no trabalho
silencioso, em nossos
postos.”
Aos olhos de André Luiz,
aquela preocupação parecia
excessiva, mas Narcisa
prontamente informou: “É
elevada a porcentagem de
existências humanas
estranguladas simplesmente
pelas vibrações destrutivas
do terror, que é tão
contagioso como qualquer
moléstia de perigosa
propagação. O medo é um dos
piores inimigos da criatura,
por alojar-se na cidadela da
alma, atacando as forças
mais profundas”. (Cf.
Nosso Lar, cap. 42, pág.
231.)
A seguir, completando a
sucessão de surpresas
registradas pelo autor da
obra, Narcisa acrescentou:
“A Governadoria coloca o
treinamento contra o medo
muito acima das próprias
lições de enfermagem”. “A
calma é a garantia do
êxito.” (Obra citada,
pág. 232.)
No livro Temas da Vida e
da Morte, psicografado
por Divaldo Franco, no
capítulo “Medo e
responsabilidade”, Manoel
Philomeno de Miranda diz-nos
que, tendo origem no
Espírito enfermo, o medo
decorreria de três causas
fundamentais:
-
Conflitos herdados da
existência passada,
quando os atos
reprováveis e criminosos
desencadearam
sentimentos de culpa e
arrependimento que não
se consubstanciaram em
ações reparadoras.
-
Sofrimentos vigorosos
que foram vivenciados no
além-túmulo, quando as
vítimas que ressurgiram
da morte açodaram as
consciências culpadas,
levando-as a martírios
inomináveis, ou quando
se arrojaram contra quem
as infelicitou, em
cobranças implacáveis.
-
Desequilíbrio da
educação na infância
atual, com o desrespeito
dos genitores e
familiares pela
personalidade em
formação, criando
fantasmas e
fomentando o temor, em
virtude da indiferença
pessoal no trato
doméstico ou da
agressividade adotada.
(Temas da Vida e da
Morte - Medo e
responsabilidade, pp. 57
e 58.)
Segundo o citado autor, o
medo está presente na raiz
de muitos males e pode ser
tão cruel que, diante de
enfermidades irreversíveis e
problemas graves de alto
porte, é capaz de induzir
sua vítima à morte pelo
suicídio, numa forma
extravagante de expressar o
medo de morrer sob
sofrimento demorado, gerando
desse modo mais rudes
aflições a se estenderem por
tempo indeterminado.
É possível combater o medo?
Sim, é possível. De acordo
com Manoel Philomeno de
Miranda, o medo se combate
orando e agindo. O hábito de
desincumbir-se das tarefas
nobres cria condicionamentos
positivos que se vão
incorporando ao modus
operandi até fazer-se
automatismo na área das
realizações. O medo recua,
na razão direta em que a
disposição de atuar se faz
mais forte, da mesma maneira
que o inverso é verdadeiro.
A consciência da
responsabilidade é o
antídoto para o medo, do que
se deduz que o desejo de
agir, para recuperar-se,
comanda a vontade e
desarticula as engrenagens
maléficas que o
desequilíbrio fomentou. O
medo deve, pois, ser
combatido com todos os
valiosos recursos ao nosso
alcance, desde a oração à
ação feliz. (Cf. Temas da
Vida e da Morte, Medo e
responsabilidade, pp. 59 e
60.)
*
O tema medo foi examinado
por autores diversos em
diferentes edições de nossa
revista. Eis alguns desse
textos, que sugerimos sejam
consultados pela leitora:
Entrevista com Kennedy Gomes
Martins, psicólogo clínico
radicado em Sertãozinho
(SP):
http://www.oconsolador.com.br/ano5/212/entrevista.html
“O medo e um solilóquio
emocional”, artigo de
Eugênia Pickina:
http://www.oconsolador.com.br/ano7/335/eugenia_pickina.html
“O medo e seus disfarces”,
artigo de Eugênia Pickina:
http://www.oconsolador.com.br/29/eugenia_pickina.html
“As preocupações que merecem
atenção”, artigo de Gerson
Simões Monteiro:
http://www.oconsolador.com.br/ano3/124/gerson_monteiro.html
“Oração para vencer o medo e
a insegurança”, artigo de
Gerson Simões Monteiro:
http://www.oconsolador.com.br/ano4/182/gerson_monteiro.html
“Vacina espiritual contra o
medo”, artigo de Gerson
Simões Monteiro:
http://www.oconsolador.com.br/ano3/112/gerson_simoes.html
“Pensamentos”, mensagem de
Joanna de Ângelis:
http://www.oconsolador.com.br/ano3/125/correiomediunico.html
“O medo”, mensagem de Joanna
de Ângelis:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/94/correiomediunico.html
O assunto foi examinado
também, com bastante
propriedade, pelo escritor e
médium Eurípedes Kühl no seu
livro Deus, Espírito e
Universo, edição de
2009, publicada pela Editora
Petit.
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