MARCUS DE MARIO
marcusdemario@gmail.com
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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A honestidade
perante
Deus
Encontramos no livro
O Céu e o Inferno
importante mensagem do
Espírito Joseph Bré,
onde ele faz distinção
entre ser honesto
perante os homens e ser
honesto perante Deus.
Isso causou surpresa
para sua neta, que o
havia evocado, e que
sempre tivera no avô um
homem honesto. Kardec
lembra que já se haviam
passado 22 anos de sua
desencarnação, e mesmo
assim informava que
ainda sofria a expiação
pela sua descrença,
carregando o desgosto de
não ter aproveitado
melhor sua vida na
Terra.
Diante da surpresa da
neta, e por esta ter
feito a evocação no
intuito de se
esclarecer, ou seja, com
o objetivo de
aprendizado, Joseph Bré
inicia uma longa
explicação, a qual
chamou a atenção do
Codificador, que colocou
a comunicação espiritual
iniciando o capítulo
“Espíritos em Condições
Medianas”, da segunda
parte do livro, que
estuda a justiça divina
na visão espírita.
Passemos, então, a
palavra ao amigo
espiritual, que inicia
explicando a questão da
honestidade perante os
homens:
“Aí entre vós, é
reputado honesto aquele
que respeita as leis do
seu país, respeito
arbitrário para muitos.
Honesto é aquele que não
prejudica o próximo
ostensivamente, embora
lhe arranque muitas
vezes a felicidade e a
honra, visto o código
penal e a opinião
pública não atingirem o
culpado hipócrita. Em
podendo fazer gravar na
pedra do túmulo um
epitáfio de virtude,
julgam muitos terem pago
sua dívida à Humanidade!
Erro! Não basta, para
ser honesto perante
Deus, ter respeitado as
leis dos homens; é
preciso antes de tudo
não haver transgredido
as leis divinas”.
Sabemos que a lei humana
é falha, muitas vezes
arbitrária, deixando
lacunas para o sabor da
interpretação, e que
normalmente não abrange
questões de ordem moral.
Então, se aparentamos
respeito a essas leis,
ou seja, se não as
transgredimos
ostensivamente, somos
reputados como cidadãos
honestos. Mas, e quando
burlamos o fisco na hora
da declaração do imposto
de renda? E quando damos
uma “propina” ao guarda
de trânsito para nos
livrar de uma multa? E
quando falamos, nos
bastidores, mal do
outro? E quando,
fingindo honestidade,
damos um jeito de levar
alguma vantagem, na
verdade ilícita?
Tem razão Joseph Bré,
nosso amigo espiritual.
Não basta respeitar as
leis do país onde
vivemos. Não basta não
prejudicar alguém
ostensivamente, é
preciso tudo fazer para
nunca prejudicar alguém,
seja em qual
circunstância for. Ele
lembra a grave questão
da felicidade e da honra
do próximo, cujos golpes
que desferimos contra
normalmente não são
alcançados pelo código
penal humano. De fato,
quantas vezes causamos
especulação,
maledicência, boatos
etc., com o intuito de
prejudicar alguém ou uma
instituição, com o claro
objetivo de auferir
vantagens e lucros? Em
não havendo provas ou
testemunhas, ficamos
impunes e ostentando uma
auréola de honestidade.
Entretanto, esquecemos
que a lei divina está
gravada em nossa
consciência, como
informam os Espíritos
Superiores na questão
621 de O Livro dos
Espíritos e,
portanto, mais dia,
menos dia, teremos de
prestar contas com o
Criador dos nossos atos
ilícitos feitos longe do
público, que, se não
ferem a lei humana,
contrariam a lei
divina.
Prossegue o texto da
mensagem:
“Honesto aos olhos de
Deus será aquele que,
possuído de abnegação e
amor, consagre a
existência ao bem, ao
progresso dos
semelhantes; aquele que,
animado de um zelo sem
limites, for ativo no
cumprimento dos deveres
materiais, ensinando e
exemplificando aos
outros o amor ao
trabalho; ativo nas boas
ações sem esquecer a
condição do servo ao
qual o Senhor pedirá
contas um dia do emprego
do seu tempo; ativo
finalmente na prática do
amor de Deus e do
próximo”.
A simples leitura do
texto já nos dá a
dimensão da diferença
entre honestidade
perante os homens e
perante Deus. Consagrar
a existência ao bem, sem
olhar a quem, é estar de
acordo com a lei divina,
é poder deitar a cabeça
com a consciência
tranquila. E mais: é
preciso estar sempre
ativo, consagrando a
existência às boas
obras, sejam elas
materiais ou morais,
pois verdadeiramente
honesto é o que dá o
próprio exemplo de amor
e abnegação ao próximo e
à sociedade.
Lembra ainda que estamos
aqui na Terra de
passagem, que tudo o que
existe e que temos, em
verdade, não nos
pertence e sim a Deus,
portanto, temos de
prestar contas do uso
que fazemos daquilo que
não é nosso. Se bom uso
fizermos, dedicando-nos
ao amor e à bondade, de
nada temos que nos
queixar, do contrário,
temos que enfrentar a
devida expiação, ou
seja, temos que nos
dedicar à reparação dos
prejuízos que causamos a
nós mesmos e aos
outros.
A finalização do texto é
um alerta muito sério a
respeito de como
convivemos com os outros
e a repercussão disso
depois da morte:
“Assim, o homem honesto,
perante Deus, deve
evitar cuidadosamente as
palavras mordazes,
veneno escondido nas
flores, que destrói
reputações e acabrunha o
homem, muitas vezes
cobrindo-o de ridículo.
O homem honesto, segundo
Deus, deve ter sempre
cerrado o coração a
quaisquer germes de
orgulho, de inveja, de
ambição; deve ser
paciente e benévolo para
com aqueles que o
agredirem; deve perdoar
do fundo d'alma, sem
esforços e sobretudo sem
ostentação, a quem quer
que o ofenda; deve,
enfim, praticar o
preceito conciso e
grandioso que se resume
‘no amor de Deus sobre
todas as coisas e ao
próximo como a si
mesmo’".
Cuidemos do que pensamos
e do que falamos e
escrevemos. A
maledicência é porta de
perdição. Teremos de dar
contas das vidas que com
ela prejudicamos.
Tomemos cuidado com a
inveja, o orgulho, o
despeito, a mágoa, o
desejo de vingança. Se
aqui na existência
corporal podemos
disfarçar esses
sentimentos negativos,
mantendo uma capa de
bondade, honestidade e
humildade, esse disfarce
de nada vale quando
retornamos à vida
espiritual, pois tudo
será então revelado, e
não escaparemos do
julgamento da própria
consciência, que nada
mais é do que o acerto
de contas, o ajuste com
a lei divina.
Como vemos, não basta
ser honesto perante os
homens, acima de tudo é
necessário ser honesto
perante Deus. Se assim
não procedermos seremos
mais um Joseph Bré da
vida, tendo que amargar
sofrimento na dimensão
espiritual, carregando
dolorosa expiação por
termos desdenhado de
Deus, nosso Pai, e da
finalidade superior da
reencarnação, que é nos
dar oportunidades de
avançarmos, de
progredirmos intelectual
e moralmente, rumo à
perfeição.
Marcus De Mario é
Educador, Escritor,
Palestrante, Colaborador
da Rádio Rio de Janeiro
e da Associação Espírita
Lar de Lola. Diretor do
Instituto Brasileiro de
Educação Moral.