ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, São Paulo
(Brasil)
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O grande entrave da
neutralidade
Entrevistei o amigo
Alessandro Viana Vieira
de Paula, Juiz de
Direito na cidade de
Itapetininga-SP, a
propósito de vários
temas ligados às
dificuldades sociais da
atualidade. Como se
trata de entrevista bem
extensa, selecionei duas
das respostas para
trazer à apreciação dos
leitores, face à
importância das
considerações daquele
amigo. São as questões 5
e 6, que transcrevo:
5 - De sua experiência
profissional, como
encarar o sistema
prisional brasileiro e
os ditames da Lei de
Progresso no estágio
atual do país?
O sistema prisional
brasileiro ainda é
precário, porque onde há
superlotação,
sedentarismo dos
apenados, descaso com a
saúde, atrasos na
concessão dos direitos
dos presos e, para
agravar, a existência do
crime organizado, de
forma que raramente se
consegue recuperar o
preso. Quando o preso
termina sua pena ou
obtém a liberdade ele
ainda sofre o
preconceito social,
porque é muito difícil
alguém acreditar nele e
lhe dar uma nova
oportunidade. Mas a
transição planetária
está a todo vapor,
portanto, numa sociedade
mais cristã essas
questões tendem a mudar.
Cabe ao cristão
acreditar na recuperação
do indivíduo, fazendo a
sua parte, por exemplo,
visitas religiosas nas
unidades prisionais,
ofertar emprego aos
egressos, ajudar suas
famílias etc.
6 - Como venceremos,
como nação, esses
imensos desafios sociais
da atualidade?
Esses desafios sociais
atingem, na atualidade,
o ápice, porque estamos
vivendo esse momento
importante de transição
planetária. Como
sabemos, os que praticam
o mal um dia despertarão
para o bem, mas o grande
entrave para o progresso
se dá com os neutros.
São aqueles que não
fazem o bem e nem o mal,
ficam acomodados. A dor
e sofrimento atingem
índices alarmantes para
tocar esses neutros, a
fim de que tomem uma
decisão e possam optar
pela ação efetiva no
bem. Dessa forma, para
vencer temos que assumir
as nossas
responsabilidades de
cristãos, procurando ser
úteis para o próximo e
para a sociedade,
colaborando ativamente
na construção da
sociedade do porvir.
*
A motivação de trazer
referidas respostas aos
leitores veio sobre a
abordagem que se refere
aos neutros. Neutros são
os omissos, os que ficam
“em cima do muro”,
muitas vezes apenas para
criticar. Não movem
braços, nem ações, e se
deleitam na crítica a
quem está trabalhando e
se esforçando para algo
colaborar nesse incêndio
social que vivemos.
A neutralidade é cômoda,
não exige nada. É
realmente o grande
entrave do progresso
porque a posição é
apenas de quem observa,
acomodado, o incêndio e
as tragédias que se
repetem diariamente –
fruto da miséria que
gera a violência, que
por sua vez traz a
tensão permanente que
envolve a vida humana –,
deleitando-se na crítica
ou, pior, na
indiferença, na omissão.
Sem buscar fazer o que
lhe é possível, por
mínimo que seja.
A outra expressão
constante de uma das
respostas é a que se
refere às nossas
responsabilidades
cristãs. Nós, os
cristãos, os adeptos do
Evangelho – sem importar
a denominação que
utilizemos ou sigamos –,
estamos nos distraindo
nessa imensa
responsabilidade de
apoiar o esforço do
Cristo na regeneração do
mundo. Ainda nos
mantemos no egoísmo, na
vaidade, na disputa, na
arrogância.
Não temos outra
alternativa para
alcançar a felicidade e
a paz que se busca no
mundo: ou melhoramos a
nós mesmos ou melhoramos
a nós mesmos.
A paz social que se
busca está no mútuo
estender das mãos, está
na solidariedade e nos
esforços individuais de
melhora moral.
Aprimorando-nos
moralmente,
influenciaremos nossos
filhos que, por sua vez,
se tornam cidadãos
íntegros que mudam o
panorama social.
É o caso de nos
auto-observarmos sobre a
nossa neutralidade ou
comprometimento com o
bem geral que deve gerir
nossas ações. Ou, em
outras palavras, para
nos questionarmos
individualmente: como
está o cumprimento de
nosso dever?