AMERICO DOMINGOS NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
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O sonho do
materialista
Havia, faz
bastante tempo,
no mesmo
hospital em que
eu trabalhava,
um colega,
médico como eu,
que gostava de
pilheriar com a
minha crença
espírita. Fazia
perguntas
absurdas e,
quando havia
pessoas por
perto, mesmo
estranhas,
gostava de
promover até
mesmo zombaria.
Naturalmente
aquelas
brincadeiras
causavam-me
muito mal.
Mantinha-me,
tanto quanto me
era possível, em
oração e jamais
revidei as
provocações.
Certa feita,
caminhava
apressadamente
por um dos
corredores do
hospital, para
atender a um
doente, quando
ecoou de longe
aquela voz
provocadora:
“Olá,
macumbeiro!”
Quase todos que
estavam por ali
riram. Parei,
irritado,
disposto a
revidar. Mas
consegui
controlar-me,
felizmente.
Um dia, ao
chegar ao
hospital, recebi
a notícia
dolorosa de que
os pais daquele
colega haviam
desencarnado em
condições muito
trágicas. Foram
vítimas de uma
brutal colisão
de automóveis.
Apressei-me em
prestar minha
solidariedade ao
colega.
Falei-lhe,
então, da vida
no além-túmulo,
afirmando-lhe
que seus pais
estavam vivos,
apenas
desencarnados, e
que ficasse
certo de que,
quando chegasse
o momento
oportuno, ele os
reencontraria.
Embora ele fosse
materialista,
pude observar
que se
emocionara.
Não demorou
muito, e, em
certa manhã, fui
procurado por
ele, dizendo-me
que queria
relatar
estranhos sonhos
que, nas últimas
noites, tinha
com o pai.
Demonstrei o
maior interesse
e pedi mesmo que
contasse os
sonhos,
ajuntando, com o
objetivo de
consolá-lo,
observações
acerca da
sobrevivência da
alma e da
comunicabilidade
entre “vivos” e
“mortos”.
Narrou-me o
colega que, num
dos sonhos,
estava em um
local cercado de
edifícios,
quando lhe
apareceu o pai,
que dizia estar
bem e mostrando
um dos prédios,
em que fora
internado.
Perguntando pela
mãe, esclareceu
que ela estava
em outro local
onde ele não
tinha acesso,
mas que estava
ainda melhor do
que ele.
Meu colega
acrescentou que
se lembrou de
perguntar se o
pai estava
satisfeito,
recebendo esta
resposta: “A
única coisa de
que não gosto
aqui é ser
levado, às
dezoito horas de
todos os dias,
para junto de
todos e ter de
rezar!”
Fiquei
emocionado e
contei ao colega
as narrativas do
médico André
Luiz, através da
psicografia de
Chico Xavier, a
respeito da
oração coletiva
de todos os
habitantes da
cidade
espiritual
“Nosso Lar”, na
hora do
crepúsculo,
dando veracidade
ao que, para
ele, seria
apenas um sonho.
Acredito que uma
fecunda semente
foi lançada em
seu campo
evolutivo e,
certamente, a
partir daí, a
germinação
processar-se-á e
o colega
encontrará o
caminho da luz.