DIAMANTINO
LOURENÇO
R. DE BÁRTOLO
bartolo.profuniv@mail.pt
Venade - Caminha, Viana
do Castelo
(Portugal)
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Atitude do
Espírito
Religioso
A supremacia do
homem no reino
animal em que se
integra, num
mundo
planetário,
entre outros
mundos não
totalmente
conhecidos,
revela uma
situação
privilegiada que
nenhum outro
ser, pelo menos
ao nível dos
atuais
conhecimentos,
dispõe nas
mesmas
condições,
precisamente
porque o homem
está dotado de
capacidades
únicas, difíceis
de identificar,
cientificamente,
noutras
espécies.
Pensar,
construir
abstratamente,
realizar
concretamente,
num espaço e num
tempo, prever
resultados,
inovar,
vivenciar
sentimentos e
experiências
emocionalmente
sentidos em si
próprio, com
algum
conhecimento de
causa,
projetar-se
idealmente no
futuro, no tempo
e na
transcendência
espiritual, pela
fé e pela
crença, mais ou
menos profundas,
revelam
faculdades
exclusivas que o
orientam e dão
sentido à sua
vida. Faculdades
excepcionais que
tornam o homem
único e
superior.
Estas faculdades
inatas,
específicas do
ser humano, como
que poderiam ser
encimadas pela
dimensão
religiosa que,
em
situações-limite,
se revela na
maioria dos
seres humanos. A
visão do mundo
planetário e a
constituição do
universo não
estão,
suficientemente,
explicadas.
Sente-se a
necessidade do
recurso à
projeção para lá
do infinito, no
sentido de se
encontrar uma
explicação para
o destino final
da vida
espiritual de
cada pessoa.
A ciência não
responde a esta
questão, que se
torna
angustiante
quando o homem
se aproxima do
seu fim físico;
a técnica não
produziu, ainda,
equipamentos,
instrumentos,
tecnologias e
recursos para a
componente
espiritual se
preparar para
uma outra
existência, seja
extracorporal
e/ou
intracorpórea,
pela via de uma
possível
reintegração
(reencarnação)
nesse outro novo
ser, ao nível da
espécie humana.
Que fazer,
então, com o
Espírito humano?
Quem, como e
quando se trata
da preparação do
Espírito, já que
científica e
tecnicamente não
se afigura
viável? A
resposta parece
difícil para
muitos daqueles
que apenas
consideram o
materialismo
corporal do
homem.
Os que não
acreditam na
componente
espiritual, na
possibilidade de
uma outra
existência
inefável,
imaterial,
transcendental e
eterna, vão
acabar os seus
dias, enquanto
conscientes, com
uma profunda
frustração,
porque para eles
será mesmo o
fim.
Como alimentar a
componente
espiritual
poderia ser o
problema, e
todavia não o é,
para os crentes
numa outra vida,
através das
práticas e
sentimentos
religiosos.
Então, a
religião poderá,
entre outras,
eventualmente
possíveis, ser a
solução para uma
vida feliz e em
paz.
Preparar o
Espírito humano
para uma vida
transcendente,
num tempo e num
espaço que
fisicamente se
ignora,
pressupõe
sentimentos e
atitudes que o
ser humano,
consciente e
crente, sente e
pratica pela
religião, esta
considerada
como: «Um
sistema de
símbolos que
funcionam para
estabelecer
disposições de
espírito,
fortes,
persuasivas e
duradouras e
motivações nos
homens,
formulando
conceitos de
ordem geral da
existência e
revestindo esses
conceitos com
uma tal aura de
realidade que as
disposições de
espírito e as
motivações
parecem mesmo
realistas».
(GEETZ, in HOBEL
& FROST,
1976:353-53.)
A perspectiva
antropológica do
conceito
religião não
indica qual o
destino do
Espírito, nem
como prepará-lo
para uma outra
existência
extracorporal.
Igualmente se
verifica quanto
ao comportamento
do crente, suas
atitudes face à
divindade em que
acredita.
Os valores que,
antropologicamente,
são considerados
característicos
das atitudes do
crente –
submissão e
reverência –, em
nada
diminuem a
dignidade da
pessoa humana
total,
integralmente
considerada:
corpo e
espírito, bem
pelo contrário,
elevam o crente
a um estatuto
supratécnico-científico
e,
consequentemente,
à sua própria
felicidade, tal
como a deseja na
vida física e
para além
desta.
A submissão
respeitosa,
voluntária e
sempre
disponível para
com Deus
constitui uma
faculdade que,
eventualmente,
não está
acessível aos
não crentes e,
por outro lado,
a reverência que
é devida aos
entes
sobrenaturais e
divinos, na
circunstância,
Deus, também em
nada diminui a
pessoa humana,
fisicamente
considerada, na
medida em que se
reverencia o que
se respeita, ama
e adora,
passando esse
ente divino a
fazer parte da
constituição
religiosa do ser
humano crente e
temente.
A tranquilidade
que o Espírito
submisso e
reverente para
com o Deus, em
que acredita,
constitui um
excelente
processo para se
chegar à
felicidade e à
paz, porque, se
o Espírito não
está amargurado,
arrependido e
triste, é porque
ele tem a
consciência dos
deveres
cumpridos para
com o seu Deus
e, por extensão
analógica, para
com o seu
próximo e igual,
considerado este
criado à imagem
e semelhança de
Deus. Então a
felicidade e a
paz são
possíveis
porque,
competentemente,
desenvolveram-se
as atitudes
adequadas:
submissão e
reverência,
ambas com
dignidade e
convicção.
BARTOLO,
Diamantino
Lourenço
Rodrigues de,
(2009).
Filosofia Social
e Política,
Especialização:
Cidadania
Luso-Brasileira,
Direitos Humanos
e Relações
Interpessoais,
Tese de
Doutoramento,
Bahia/Brasil:
FATECTA –
Faculdade
Teológica e
Cultural da
Bahia.
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