ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Nunca desanimar
O desânimo tem
sido um
companheiro
indesejável e
persistente na
vida da maioria
das pessoas.
Como tal, ele
constitui mais
um dos muitos
obstáculos que
necessitamos
vencer na
trajetória
ascensional. Ao
longo da vida
somos
defrontados por
inúmeros reveses
e dificuldades
que podem nos
abater
completamente ou
arrefecer o
nosso ânimo e
disposição.
Nesse sentido,
na obra Fonte
Viva, o
Espírito
Emmanuel
(psicografia de
Francisco
Xavier)
recomenda-nos a:
“Não permitirmos
que os problemas
externos,
inclusive os do
próprio corpo,
nos inabilitem
para o serviço
da nossa
iluminação”. E o
centro espírita
é,
indiscutivelmente,
uma das mais
reluzentes
fontes de
iluminação na
atualidade para
os corações
humanos.
Nele colhemos
consolo,
esclarecimento,
o passe
benfazejo, além
de outros
remédios
necessários à
nossa alma.
Assim sendo, não
é adequado
permitir que
certos eventos
nos impeçam de
receber tão
substancial
ajuda. Com
efeito, a chuva,
o frio, o calor,
as visitas e/ou
telefonemas
inesperados, a
localização ou
escadaria do
centro, as
excessivas
demandas das
nossas
atividades
profissionais,
entre outros,
têm sido
apresentados
como
justificativas
para a ausência
das atividades
promovidas pelas
casas espíritas.
A não ser que
haja um sério
problema
impeditivo como,
por exemplo, o
de saúde, não é
aconselhável
abrir mão dos
benefícios acima
citados. Na
verdade, é
desejável que o
indivíduo lá
compareça pelo
menos algumas
vezes no mês, a
fim de extrair
os elementos
revigorantes ao
seu bem-estar
interior.
É verdade que os
problemas
ligados à vida
laboral têm sido
obstáculos de
difícil
transposição.
Mas, apesar
disso, é preciso
também lembrar
que não será o
patrão ou chefe
que vão cuidar
da nossa
espiritualidade.
Desse modo, não
há outro meio, a
não ser a nossa
própria vontade
e vigoroso
empenho em criar
espaço em nossa
agenda para o
cultivo desse
imperativo, pois
se trata,
convenhamos, de
dever
intransferível.
Como precisamos
do alimento
sadio para o
nosso corpo
físico funcionar
adequadamente, o
mesmo se dá com
o nosso
espírito. Em
suma, ninguém
pode se
alimentar por
nós.
Afinal de
contas, não é o
Espírito a
essência do ser?
Pois ele também
necessita de
nutrição
apropriada, isto
é, a
autoiluminação.
Jesus Cristo
indicou-nos
claramente o
caminho para a
solução desse
enigma – ou
seja: “Daí,
pois, a César o
que é de César,
e a Deus o que é
de Deus. E
maravilharam-se
dele” (Marcos
12: 17).
Portanto, a
nossa
autoiluminação
deve ser um
processo
constante e
permanente
voltado,
sobretudo, à
superação da má
vontade com as
coisas do
Espírito.
Todavia, a
criatura humana
ainda tende a
apresentar
acentuada
propensão ao
acúmulo de
coisas materiais
em prejuízo das
de natureza
transcendental.
E nesse afã
acaba, não raro,
se
descontrolando,
pois gasta mais
do que ganha,
assim como
desperdiça tempo
valioso em
atividades que
não lhe agregam
valor moral.
Aliás, não chega
a ser
surpreendente
que um dos
assuntos mais
explorados pela
mídia seja
exatamente o
nível de
inadimplência
das pessoas –
muitas vezes
caracterizado
como subproduto
de um
comportamento
doentio e
obsessivo. A
propósito, o
sucesso no mundo
moderno ainda é
medido pela
riqueza, poder,
status etc.
Revistas
nacionais e
internacionais
apresentam os
rankings dos
mais ricos, mas
desconheço
qualquer
iniciativa em
relação às
pessoas
espiritualizadas.
Os sinais de
progresso de um
indivíduo são
geralmente
associados ao
seu tipo de
carro, tamanho
do apartamento,
restaurantes
frequentados,
marcas das
roupas usadas e
por aí vai. Em
síntese, as
percepções são
concentradas nos
parâmetros
exclusivamente
econômico-financeiros.
Mas é óbvio que
a excessiva
preocupação em
“ter” –
subjacente ao
raciocínio
previamente
exarado - leva
frequentemente
aos dissabores
oriundos dos
desequilíbrios
financeiros,
como o nome
protestado, a
perda/devolução
eventual dos
bens, bem como
às outras
frustrações e
decepções de
variados
matizes. O
Espírito Irmão
José examina, de
maneira muito
sábia, na obra
Carma & Evolução
(psicografia
de Carlos
Baccelli), a
dicotomia entre
ter e
ser.
Conforme pondera
o mentor:
“Infelizmente, o
homem vive
esmagado pela
cultura do ter,
em detrimento da
cultura do ser.
“[...].
“O excesso de
consumismo e as
necessidades
supérfluas
impedem-no de
voltar-se, com
exclusividade,
para a sua
essência.
“[...].
“Sem dúvida, o
homem seria
capaz de
sobreviver com
bem menos...”.
Como Deus é o
nosso maior
acionista, para
ele importa que
sejamos cada vez
mais virtuosos.
De fato, a
recomendação de
Jesus para que
buscássemos
alcançar a
perfeição como a
do Pai Celestial
continua
atualizada.
Segue daí que,
enquanto nos
encontrarmos no
plano material,
sempre seremos
defrontados
pelas
dificuldades e
pela dor –
caminhos
naturais para a
conquista de
virtudes,
condições vitais
para que nos
transformemos em
seres melhores.
Já afirmava o
apóstolo dos
gentios: “Sabendo
que a tribulação
produz
fortaleza”
(Romanos, 5: 3).
Nesse sentido, o
Espírito
Emmanuel, na
obra Vinha de
Luz
(psicografia de
Chico Xavier),
indaga:
“Quereis
fortaleza? Não
vos esquiveis à
tempestade?”
De fato, as
pessoas fortes
são claramente
identificadas
pela sua força
interior,
determinação,
resistência e
espírito de
luta.
Normalmente,
elas são
admiradas por
possuir tais
características
e, assim, servem
de modelo às
demais. As
fracas, em
contrapartida,
exibem defeitos
e comportamentos
chocantes.
Como indaga
Emmanuel: “Que
seria da criança
sem a
experiência? Que
será do Espírito
sem a
necessidade?”
Infelizmente,
muitos pais
blindam de tal
maneira os seus
filhos que
acabam
impedindo-os de
desfrutar
experiências
essenciais à
formação dos
seus caracteres
ou à aquisição
de virtudes.
Não me
refiro aqui,
obviamente, a
expô-los aos
perigos
desnecessários,
mas, sim, às
situações,
tarefas e
deveres que,
potencialmente,
lhes permitirão
amadurecer os
Espíritos.
Por outro lado,
cada um de nós
traz em si a
necessidade de
enfrentar certos
eventos
espinhosos,
assaz
incompreensíveis
à maioria.
Assim, quando
vemos que
“sicrano” ou
“beltrano” foram
alvos de
determinadas
tragédias é
porque em seus
roteiros havia o
impositivo
espiritual de
tal acerto.
Afinal, quantos
dispondo de
elementos
altamente
satisfatórios ao
empreendimento
encarnatório –
tais como saúde,
beleza, recursos
e oportunidades
- cometem
desatinos
terríveis
comprometendo-se
amargamente
perante as leis
divinas?
Desse modo, como
bem arremata
Emmanuel:
“Aflições,
dificuldades e
lutas são forças
que compelem à
dilatação de
poder, ao
alargamento de
caminho”.
Tenhamos em
mente, portanto,
que precisamos
nos adestrar no
calor das
batalhas
pessoais para
alçarmos voos
mais altos. Isso
implica
aproveitar as
experiências que
Deus nos coloca
no caminho
(afinal, ele
sabe o que é
melhor para
nós).
Como diz a
música do grupo
Yes: “Waiting
for the moment,
when the moment
has been waiting
all the time”.
Ou seja, às
vezes estamos
esperando o
momento, quando
ele sempre
esteve à espera
de nós. Pondera
igualmente o
Espírito
Emmanuel, na
obra Fonte
Viva
(psicografia de
Chico Xavier),
que: “A lição
dada é caminho
para novas
lições”.
Desse modo,
devemos meditar
nas coisas que
nos acontecem,
assim como nas
que não nos
atingem (os
porquês?),
assim, “Atrás do
enigma
resolvido,
outros enigmas
aparecem”.
O mentor
lembra ainda
que: “Outra não
pode ser a
função da
escola, senão
ensinar,
exercitar e
aperfeiçoar”.
Aliás, todos nós
estamos em
permanente
aprendizado – e
não apenas das
coisas
materiais. Desse
modo, alcançar a
perfeição
demanda tempo e
muito esforço.
Além disso,
Emmanuel
recomenda para
nos enchermos,
em todas as
circunstâncias,
de calma e bom
ânimo. Ele
argumenta que:
“Fomos colocados
entre obstáculos
mil de natureza
estranha para
que, vencendo
inibições fora
de nós,
aprendermos a
superar as
nossas próprias
limitações.
“Enquanto a
comunidade
terrestre não se
adaptar à nova
luz, respirarás
cercado de
lágrimas
inquietantes, de
gestos
impensados e de
sentimentos
escuros.
“Dispõe-te a
desculpar e
auxiliar sempre,
a fim de que não
percas a
gloriosa
oportunidade de
crescimento
espiritual.
“Lembra-te de
todas as
aflições que
rodearam o
espírito
cristão, no
mundo, desde a
vinda do
Senhor”.
Como muito
apropriadamente
indaga Emmanuel:
“Onde
está o Sinédrio
que condenou o
Amigo Celeste à
morte?
“Onde os romanos
vaidosos e
dominadores?
“Onde os
príncipes
astutos que
combateram e
negociaram, em
nome do
Renovador
Crucificado?
“Onde as trevas
da Idade Média?
“Onde os
políticos e
inquisidores de
todos os
matizes, que
feriram em nome
do Excelso
Benfeitor?
“Arrojados pelo
tempo aos
despenhadeiros
de cinza,
fortaleceram e
consolidaram o
pedestal de luz,
em que a figura
do Cristo
resplandece,
cada vez mais
gloriosa, no
governo dos
séculos”.
O Espírito Irmão
José propõe, no
livro Senhor
& Mestre
(psicografia de
Carlos Baccelli),
que sejamos
constantes e
determinados na
implementação de
atitudes
benéficas. Com
efeito, sem o
entendimento da
importância
de beneficiarmos
o próximo em
nossas lides
diárias, nos
colocamos em
grande perigo.
Segue daí as
observações
apostólicas: “E
não nos cansemos
de fazer o bem,
porque a seu
tempo
ceifaremos, se
não
desfalecermos”
(Gálatas 6.9),
ou ainda “Aquele,
pois, que sabe
fazer o bem e
não o faz,
comete pecado”
(Tiago, 4: 17).
Irmão José
sugere ainda que
sejamos firmes
em nossas
decisões
positivas, fiéis
aos nobres
princípios
esposados,
coerentes na
vivência da
nossa fé, justos
nas palavras que
emitimos, pois,
desse modo,
colheremos uma
semeadura mais
farta. Por fim,
Emmanuel nos
conclama a
focarmos o nosso
esforço em
ajudar no bem
comum, seguindo
com a nossa
cruz, ao
encontro da
ressurreição
divina. Lembra o
benfeitor que:
“Nas surpresas
constrangedoras
da marcha,
recorda que,
antes de tudo,
importa orar
sempre,
trabalhando e
servindo,
aprendendo,
amando e nunca
desfalecer”. Com
base no exposto,
não podemos
deixar que o
desânimo nos
vença.