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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 365 - 1° de Junho de 2014

LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com 
São João Del Rei, MG (Brasil)

 
 
 

Mau-olhado e feitiçaria


O homem encarnado apresenta uma estrutura tríplice: Espírito, Corpo intermediário semimaterial e Corpo Físico. Entretanto, o corpo intermediário semimaterial (que age como interface entre Espírito e Corpo físico), o qual é representado basicamente pelo Perispírito, a rigor não é formado apenas pelo Perispírito propriamente dito, mas, também pelo Corpo vital, também conhecido como Duplo Etérico, que é constituído fundamentalmente por fluido vital.

Esse binômio Perispírito-Duplo Etérico constitui a base fundamental para a ocorrência dos chamados “fenômenos paranormais”, os quais abrangem tanto os fenômenos anímicos como os fenômenos mediúnicos. Os fenômenos anímicos são aqueles em que fundamentalmente prevalece a ação da própria “alma” (vale lembrar que, na definição da Codificação Kardequiana, alma é o Espírito encarnado) do paranormal, ao contrário dos fenômenos mediúnicos, nos quais o encarnado é o “filtro”, pelo qual o Espírito desencarnado age.

Dentre os fenômenos anímicos, a ação magnética do encarnado através da exteriorização de fluidos vitais consiste em um dos mais relevantes fenômenos. Assim como fluidos vitais de pessoas moralmente elevadas têm ação equilibrante, confortadora e curadora, a emissão de fluidos vitais de indivíduos moralmente inferiores tende a ser desequilibrante e prejudicial às saúdes mental, perispiritual e física. Tais fenômenos, inerentes a todo ser humano, podem ser muito intensos em indivíduos que tenham maior facilidade na emissão fluídica (liberação ectoplásmica), conhecidos como “magnetizadores”.

Desta forma, os magnetizadores moralizados podem contribuir muito para a saúde dos nossos irmãos através do “Passe Espírita” assim como aqueles não moralizados podem prejudicar muito a saúde de outras pessoas através da exteriorização de seus fluidos de baixo padrão vibratório, algo que é conhecido vulgarmente como “mau-olhado”, entre outros nomes.

Entretanto, ambos os processos supracitados dependem basicamente da afinidade espiritual, ou seja, da sintonia que poderia haver entre o receptor e o emissor do fluido vital. Alta sintonia representa grande transmissão e baixa sintonia significa baixa transmissão fluídica, tanto para os fluidos oriundos de seres elevados espiritualmente como para os fluidos originados de seres inferiores do ponto de vista espiritual.

O foco, a atenção, o interesse, a curiosidade, a inveja e o ciúme, entre outras, são atitudes mentoemocionais que concentram, desencadeiam e atraem a emissão do fluido vital. Quando o indivíduo tem o dom da emissão em níveis maiores, sendo, portanto, um magnetizador, ele pode realmente impactar negativamente outros seres vivos suscetíveis, o que inclui animais e vegetais, pois ambos os grupos apresentam grande estrutura de fluido vital. Ocorreria, dessa forma, uma transfusão fluídica, independentemente da qualidade dos fluidos em questão.

A elevação de pensamentos, sentimentos, objetivos, intenções e ações representa o “Olhai, vigiai e orai” de Jesus, e, neste caso, a imunização para que a sintonia com os magnetizadores desequilibrados não ocorra. Como temos dificuldades em manter tais valores elevados, necessitamos desenvolver uma disciplina para manutenção desses estados em prol de nossa saúde físico-espiritual. Desta forma, evitaremos ser impactados por magnetizadores desequilibrados assim como evitaremos ser os próprios magnetizadores desequilibrados para outrem, se a nossa exteriorização fluídica for também substancial.

Vale comentar sobre um aspecto muito sério em relação a essa questão, que diz respeito ao medo. Como o assunto está envolto em grande nível de superstição, conceitos errados e corretos se misturam, fazendo com que muitos indivíduos tenham um medo acentuado do mau-olhado, enquanto outros considerem o fenômeno impossível de ocorrer e, por consequência, apresentam total destemor em relação à possibilidade de serem atingidos. O medo excessivo contra o mau-olhado não deixa de constituir brecha espiritual para que o impacto negativo ocorra, uma vez que o medo é atitude auto-obsessiva profundamente perturbadora. Por outro lado, a excessiva confiança de que o “mau-olhado não existe” é algo que diminui a autovigilância. O ideal seria conhecer a possibilidade de ocorrência e, de forma pró-ativa, tomar as medidas preventivas para que não sejamos atingidos pelo mau-olhado. De fato, o impacto do “mau-olhado” pode ser fator gerador de outros processos perniciosos, tais como a depressão e a instalação de processos obsessivos. Assim, dependendo de outros fatores espirituais, um prejuízo relativamente pequeno poderia desencadear outras problemáticas de forma crescente, implicando em graves processos espirituais.

A feitiçaria (também conhecida como magia), por outro lado, está associada à paranormalidade, abrangendo tanto fenômenos anímicos como mediúnicos. Com frequência, os processos ditos “mágicos” abrangem desde a curiosidade menos útil, passando por objetivos individualistas que gravitam principalmente em torno de questões cotidianas da vida material, tais como obtenção de dinheiro, conquistas amorosas, aquisição de bens materiais, cura de doenças, entre outros, chegando mesmo a atingir, em alguns casos, objetivos claramente maliciosos, focalizados no prejuízo de outras pessoas através de diversos mecanismos e com vários diferentes escopos. Neste caso, estaríamos tratando da chamada “Magia Negra”.

Importante registar que assim como acontece com o mau-olhado, a Feitiçaria envolve muitas crendices populares, sendo que algumas têm fundo de verdade e outras não, aumentando a confusão em torno do tema.  De qualquer maneira, o mau-olhado normalmente ocorre sem que o seu emissor saiba de seu poder desequilibrante, enquanto que a feitiçaria já seria algo provocado conscientemente, muito embora com alguma cota de superstição associada ao procedimento.

Considerando que os objetivos muitas vezes são frívolos ou até maldosos (além de utilizarem frequentemente de recursos materiais totalmente descartáveis), os Espíritos que eventualmente poderiam estar associados ao processo, isto é, os “parceiros espirituais” de tais iniciativas, não podem ser muito evoluídos espiritualmente.

Os ditos “trabalhos” de feitiçaria ou “macumbas”, entre outros nomes, conectam o evocador e/ou o indivíduo que solicitou o trabalho aos Espíritos maldosos e/ou zombeteiros que se interessam por tais práticas. Obviamente, tais “pactos” constituem associações para o desenvolvimento de obsessões, o que torna tanto o evocador como o interessado na evocação Espíritos obsessores. Portanto, independentemente do fato da ação atingir ou não o seu objetivo, a intenção e a ação inicial propriamente dita já terão sido feitas, criando, obviamente, compromissos espirituais negativos graves para os seus causadores.

No que se refere ao alvo do processo, ele poderá ser ou não atingido de forma significativa, dependendo de sua vida moral. Logo, os mesmos cuidados gerais que devemos ter para nos proteger de obsessões oriundas exclusivamente de desencarnados são aconselháveis para nos proteger dos chamados “trabalhos”, pois esses últimos não deixam de ser eventos de vinculação mental, emocional e espiritual para execução de atitudes antiéticas a terceiros.

O processo propriamente dito de constituição do “pacto” normalmente envolve alguma “oferenda” para agradar aos parceiros desencarnados. Tais Espíritos são ainda muito apegados à matéria, o que faz com que, por consequência, sintam saudade de alimentos materiais, com alta cota de fluido vital, tais como frutos e alimentos de origem animal. Assim, alguns costumam até mesmo matar galinhas ou outros pequenos animais no ato de “constituição do pacto” para que o fluido vital eliminado no momento da morte possa ser haurido pelos Espíritos vampirizadores. O próprio mentor André Luiz comenta sobre fato semelhante em “Missionários da Luz”, quando uma falange de vampirizadores leva um Espírito suicida para um matadouro a fim de vampirizar tanto os fluidos vitais exteriorizados pelo suicida como aqueles eliminados pelos animais abatidos.

Importante registrar que o vínculo espiritual com a falange de Espíritos obsessores pode ser mantido até a desencarnação dos encarnados envolvidos e, neste caso, dificilmente o usuário da magia, sobretudo da “magia negra”, vai se desvincular deles em um curto espaço de tempo. Além disso, o fato de se vincular a um grupo obsessor, tornando-se igualmente um obsessor, também torna o obsessor um obsediado, em função do clima espiritual em que passará a viver junto de seus comparsas espirituais.

A orientação espírita é fundamental para todas as criaturas a fim de que a curiosidade menos útil, a preocupação excessiva com o futuro, o medo, as fixações afetivas inferiores, os problemas sexuais, entre outros quadros, não se tornem a motivação para o intercâmbio espiritual. Tais procedimentos denotam desconhecimento das complexas implicações espirituais deste tipo de procedimento. Evitar ser gerador de mau-olhado e agente, mesmo que indiretamente, de práticas que não condizem com nossa busca de evolução, deve ser uma constante e, neste tópico, devemos intensificar a divulgação da Doutrina Espírita, a fim de minimizarmos a ocorrência de uma série de problemáticas perfeitamente evitáveis, se mantivermos um alto nível de responsabilidade em relação às questões espirituais. O conhecimento espírita faz-se imprescindível, portanto, para a melhoria geral das manifestações anímicas e mediúnicas que ainda ocorrem em grande quantidade em nossa sociedade.

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita