FERNANDO
ROSEMBERG
PATROCÍNIO
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG
(Brasil)
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Cientista e filósofo
de
si mesmo
(Breve estudo de reforma
íntima)
Óbvio que o conhecimento
do Espiritismo fora
fundamental para o que
se propõe o breve
conteúdo do presente
texto, ou seja: o de
sermos um conhecedor, um
cientista de nós mesmos
com todas as suas
implicações filosóficas,
encetando, com isso, a
tão propalada Reforma
Íntima. E o fato é que
em tempos já bem
percorridos, propunha
grande sábio da
antiguidade: “Homem,
conhece-te a ti mesmo”.
A frase sugere-nos, via
introspecção, análise
mais acurada de nós
mesmos, do nosso
interior, pela
observação de nossos
valores, conceitos,
afetos, sentimentos,
peculiaridades que, por
sua vez e na maioria das
vezes, se contrapõem
numa luta intestina
apreciável, em que o Ser
se encontra em contínua
batalha consigo próprio,
com sua controvertida
personalidade.
Isso, porém, não é algo
muito novo dentre nós:
Paulo, o apóstolo,
também se combatia,
guerreava com duas
personalidades distintas
dentro de si, retratando
e compondo em sua
unidade psíquica uma
forma dúbia de ser: uma
inferior e outra
superior debatendo-se e
impondo suas próprias
razões. Num caso: razões
pretéritas (já vividas e
assimiladas), e noutro:
futurísticas (a serem
consolidadas), no qual o
conhecimento espírita,
mostrando-nos suas
causas, auxilia o
aprendizado e o
aperfeiçoamento do
Espírito, alçando-o da
matéria aos píncaros
celestiais.
Mas vejamos um pouquinho
de Paulo e consideremos
sua identidade com nós
mesmos, com suas
conquistas encetadas e
as novas a serem
consolidadas por lentas
e longas experienciações
e consequentes
progressos, se outra vez
não quedarmos por nossa
incúria e fragilidade:
“Não consigo entender
nem mesmo o que eu faço;
pois não faço aquilo que
eu quero, mas aquilo que
não quero”. E, mais
adiante, declara: “Não
faço o bem que quero, e
sim o mal que não
quero”. (Cf. Romanos,
cap. 7, vv. 15 a 18.)
Eis aí, pois, a luta
intestina de todos nós
humanos, ou Espíritos
reencarnados neste mundo
provacional. Queremos,
intimamente, evoluir,
alçar degraus do passado
em nosso presente,
objetivando realizações
futuras, estas, já agora
sendo trabalhadas para a
sua consolidação.
Trata-se da luta de
treva versus luz, de
ignorância versus
sabedoria, em suma: do
mal versus bem, em que o
passado quer nos reter
no passado
(subconsciente), mas o
presente almeja
conquistar o futuro
(superconsciente), que
nos alça para cima,
enquanto o passado quer
permanecer como
conquista já efetivada,
pronta e acabada dentro
de nós mesmos. Óbvio que
da íntima luta
contraditória (tese,
antítese e síntese – em
nós mesmos), o futuro
triunfa sempre,
conquanto nossos
arrastamentos
contrários. Estes, por
fim, cedem por meio da
expiação, pois que o
ser, na dor, reconhece o
homem velho dentro de si
e, por fim, se deixa
levar pelos impulsos
irresistíveis do homem
novo, inevitável
conquista do progresso
espiritual.
Portanto, se queremos
evitar a dor, façamos –
como cientistas e
filósofos de nós mesmos
– o estudo analítico e
perquiridor de nossa
intimidade e, como bons
filósofos, tratemos de
identificar suas raízes
e suas causas, que,
afinal, estão impressas
na tessitura indelével
do subconsciente que se
revela pelos nossos
atos, identificando
nossos defeitos,
estigmas, mazelas,
desvios comportamentais;
e, como cristãos
redivivos, tratemos de
nós mesmos, cuidemos de
nossas feridas com o
lenitivo do amor, pelo
exercício de uma vida
nova, reta, axiológica e
moralizadora, fazendo
esforços para subir,
pois que, para descer,
nem é preciso
esforçar-se, mas vejamos
que, no caminho para o
plano da
responsabilidade, na
certa arcaremos com
reveses inevitáveis.
A semeadura é livre, mas
a colheita
obrigatória...
Em nosso estágio atual,
pode-se dizer que a
evolução caracteriza-se
por uma gradativa
conquista do
superconsciente, nível
superior da
personalidade humana.
Com as experiências do
passado, o esforço e a
vontade derivados do
presente, e com as
ideias superiores que
promanam de nossos
maiores, damos
ininterrupto curso de
melhoras e de progressos
espirituais. Daí resulta
a imperiosa necessidade
da reencarnação, em que
o ser recapitula,
experimenta, corrige-se
e se aprimora,
consolidando
paulatinamente seus
dotes universais.
Constata-se com isso que
os citados planos
mentais (subconsciente,
consciente e
superconsciente) são
verdadeiras fontes de
conhecimento de que o
homem deve servir-se
para o seu aprimoramento
espiritual. Para
impossibilitar a
estagnação, e tampouco
outras quedas do
Espírito, creio que o
equilíbrio está em
permitir que o passado
interfira em nosso
presente, na proporção
exata em que este, por
sua vez, não se extravie
das orientações
superiores que promanam
do superconsciente, dos
nossos maiores
espirituais.
O homem pode, pois, ser
um cientista e um
filósofo de si mesmo,
esquadrinhando-se a si
próprio, observando-o,
barrando seus impulsos
menos nobres, aplacando
suas tempestades e,
portanto, cuidando de
suas feridas, ascendendo
para Jesus. Isso,
noutros termos, é
Reforma Íntima ou, se o
quisermos, é
Ressurgimento
Espiritual.
Temos, portanto, em nós
mesmos, em nossa própria
consciência, uma luta
intestina constituindo
diálogo científico e
filosófico com nós
próprios, cuja
contradição – e aqui
evoco as teses
hegelianas – provoca o
surgimento de algo novo,
que é a síntese,
situação nova de um
processo evolutivo
considerável.
Graficamente
demonstrando: o presente
(antítese) contradiz o
passado (tese), nascendo
daí o futuro (síntese),
para novas contradições.
Explicitando melhor: a
síntese de tudo quanto
somos constituídos,
intelectualmente e
moralmente, traduz
verdadeira batalha
interior, que entretanto
se transforma em nova
tese, que, por sua vez,
é contraposta por nova
antítese, cuja síntese,
daí formada, não
paralisa, mas prossegue
avante enquanto disso
precisarmos, do que
concluímos que, num
contexto geral, tudo
muda e se modifica,
transformando e
retificando a humanidade
inteira.
Resumindo: somos
suscetíveis de Reforma
Íntima e de progresso no
trabalho de nós mesmos,
para o Bem, para o Amor
Universal; os que
ficarem para trás serão
corrigidos em outros
mundos, inferiores a
este, que, ao evoluir,
cumpre sua marcha
ascensional, porque esse
é também o seu destino.
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