DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Caetano do
Sul, SP
(Brasil)
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|
A
mais fascinante
das guerras
Existe um
confronto que
mobiliza grande
parte da
humanidade deste
planeta. Falamos
do mais
fascinante dos
combates, a
Copa do Mundo, ou Campeonato
do Mundo de
Futebol FIFA 2014
(“Fédération
Internationale
de Football
Association”
(“Federação de
Futebol
Associado”).
Repete-se no
Brasil o certame
e, pela quinta
vez, na América
do Sul.
Certa feita, li
interessante
crônica que
associava a Copa
do Mundo com uma
guerra sem
estratégia
militar. Uma
guerra, por
assim dizer, sem
devastação de
cidades, de
vidas. Saiba o
prezado leitor
ou a prezada
leitora que em
minha
adolescência eu
pensava: quantas
vidas não
seriam poupadas,
se, em vez de
guerras de
armamentos
mortíferos,
tivéssemos
“guerras” de
lances geniais,
de belíssimos
gols dos que têm
intimidade com a
saliente
e saltitante
esfera?
Imagino os
aplausos, as
expressões de
espanto, de
raiva, de
tristeza e
lágrimas,
lágrimas também
de alegria,
hinos nacionais,
cantigas,
gesticulações,
coreografias.*
Mal posso
esperar pelo
grito de gol da
galera, a plenos
pulmões, em
seguida a uma
bela cabeçada ou
um chute
fulminante,
fazendo a Brazuca,
a bola da vez,
amortecer no
fundo da rede
adversária.
A diferença
entre a guerra
da Copa do Mundo
e a dos
conflitos
bélicos é que
nesta acontece
enorme
quantidade de
mortos e
feridos. Os
combates são
ocasionados por
interesses
hegemônicos, daí
a dureza, a
predominância do
instinto de
destruição no
que há de pior
na criatura
humana;1
já o motivo das
contendas
futebolísticas
visa somente ao
glorioso triunfo
do atleta
participar e
fazer o seu nome
na história do
grande momento
do futebol
mundial.
Instinto animal
sobre a natureza
espiritual
Conflitos
armados entre
nações dizem
respeito à
superioridade do
instinto animal
sobre a natureza
espiritual e dos
transbordamentos
das paixões,
segundo
Instrutores das
Esferas
Invisíveis.2
Mas os Espíritos
disseram a Allan
Kardec que as
lutas armadas
não durarão para
sempre. Do
paleolítico, nos
primeiros
choques de
caçadores, pela
conquista da
procura de
recursos na
natureza, aos
atuais
organismos
político-administrativos,
a violência
ainda acontece.
Ao Kardec
perguntar aos
bondosos e
esclarecidos
Instrutores da
Doutrina
Espírita quando
as guerras
desapareceriam,
responderam
eles: “Quando os
homens
compreenderem a
justiça e
praticarem a lei
de Deus”; “nessa
época”,
concluíram,
“todos os povos
serão irmãos”.3
Os combates
sangrentos
impostos pelas
guerras produzem
heróis anônimos.
Eles dão a
própria vida
pelos outros,
arriscam-se em
encargos
perigosos, não
raro,
sucumbindo. Já
os heróis dos
combates entre
duas equipes de
11 jogadores não
perecem,
reconhecem-nos
logo, facilmente
a mídia escrita,
falada e
televisada, o
povo os aclamam.
Quem poderá
esquecer o
futebol-arte que
marcou épocas e
torcidas, até
admirado pelos
jovens, ao
assistirem às
cenas
cinematográficas
em preto e
branco ou em
cores, ainda que
gastas pelo
tempo?!
Quem olvidará os
belos lances e
gols de craques,
como: Zico,
Maradona,
Cruijff, Platini,
Beckenbauer,
Leônidas, Puskás,
Bobby Charlton,
Garrincha, e a
maior expressão
da história do
futebol, o rei
Pelé, além de
Ronaldinho
Gaúcho, Messi e,
agora o nosso
atual ídolo,
Neymar?!
É certo que
acontecem
disputas
acirradas,
baixas na guerra
futebolística.
No entanto, em
guerras de
verdade, não há
juízes, fiscais
de linha, ou
bandeirinhas,
nem cumprimento
de regras, os
famosos cartões
amarelos e
vermelhos. Em
que pese todo o
aparato,
cometer-se-á
enganos e, com
eles,
injustiças. Vale
dizer que
câmeras serão
introduzidas em
cada trave,
podendo
impedir “gols
fantasmas”,
segundo o
presidente da
FIFA, Joseph
Blatter.
Sem armas, sem
matança
Numa partida de
futebol não se
faz uso de
armas, fuzis,
canhões,
mísseis, não há
terrenos
repletos de
minas, perdas
por morte, por
ferimento ou
captura. Cá pra
nós, seria bem
melhor, volto a
dizer, se os
conflitos fossem
resolvidos num
estádio de
futebol! O amigo
ou a amiga
provavelmente já
deve ter
pensado: “não é
tão simples
assim”.
Em cada Copa do
Mundo, penso que
há total
congraçamento de
pessoas de todas
as classes
sociais. É que
esses
quadrienais
suscitam-me
agradável
esperança no
“mundo de
regeneração”...4
Tudo evolui.
Basta observar o
conjunto para
que se enxerguem
progressos já
realizados. Quer
saber? Avançamos
sim no que
concerne à parte
moral.5
Das pelejas
violentíssimas
de milênios
atrás aos dias
de hoje há um
quê de
cordialidade, de
franqueza;
atletas
abraçam-se
depois de um
jogo duro, de
intensa
rivalidade, e
acaba de nos
ocorrer a
lembrança da
Copa de 1998.
Recordemos a
Copa da França.
Receava uma
disputa
complicada,
violenta entre
Estados Unidos e
Irã. Os
embaraços
diplomáticos, a
animosidade
desses dois
países faziam-me
prever
hostilidades,
catimba, jogadas
desleais. Ora,
pelo contrário!
Surpreendentemente,
assisti a uma
partida de
verdadeiros
cavalheiros, e o
placar foi de 2
a 1 para o Irã.
Que beleza!
Confesso que
fiquei comovido
com os
cumprimentos de
capitães na hora
da troca de
flâmulas, com a
postura e o ar
de respeito no
semblante dos
atletas de ambas
as nações, ante
a execução dos
respectivos
hinos.
Sim, é claro! Às
vezes, ocorrem
alguns
incidentes
deploráveis
dentro e fora
dos estádios.
Lances ou
atitudes em
desrespeito a
normas
provocadas nos
gramados,
confrontos
violentos de
torcidas, sem
falar das
manifestações de
racismo. Fazê
o quê?! É o
modo de ser das
criaturas; a
Terra pertence à
categoria dos
mundos de
“expiação e
provas”, por
isso, a maneira
pela qual o
homem se
comporta, não
apenas nesse
tipo de
atividade como
em outras
tantas,
indica-nos por
que vivemos na
Terra e quanto
precisamos
evoluir.6
Fair-Play
A Copa do Mundo
faz por onde ser
um confronto
fraterno de
atitudes
saudáveis, e
tem-se notado
empenho nesse
propósito. Hoje,
ao entrarem em
campo, antes da
peleja,
jogadores
conduzem
crianças pela
mão,
adolescentes
exibem a
bandeira da
FIFA, tendo por
slogan uma única
palavra:
Fair-Play.
Esta palavra,
que quer dizer
“jogo limpo”,
sugere aos
representantes
das cores de
cada bandeira,
suas tradições e
cultura,
observância
quanto a
confraternização
e respeito
mútuo.
Portanto, faça
pinturas sim, e
das mais bem
grafitadas,
naturalmente em
lugares
permitidos,
ostente sim
bandeiras e
bandeirolas
verde-amarelas,
decore a sua
rua, a casa,
pois a seleção é
emblemática,
isto é,
representa a
essência do
nosso país; ela
está acima de
qualquer sigla
partidária, de
toda ideologia
política.
Deixando bem
claro, futebol é
um esporte, e
não uma
“guerra”,
substantivo
figuradamente
aqui expresso.
Desejemos
excelentes
resultados ao
nosso futebol
(eu pelo menos
desejo), rogando
a Deus, Pai de
todo jogador, de
todo torcedor,
de todos os
times e seleções
de futebol de
todos os países,
que tudo
transcorra na
mais perfeita
ordem, cortesia
e fraternidade,
sobretudo, no
mais perfeito
fair-play.
PRA FRENTE,
BRASIL! SALVE A
SELEÇÃO!!!!
Nota e
Referências
bibliográficas:
* Este
artigo
foi
escrito
no dia
30 de
maio,
treze
dias
antes da
partida
inaugural
da Copa
do Mundo
de 2014.
1
KARDEC,
Allan.
O
Livro
dos
Espíritos.
Tradução
Herculano
Pires.
62. Ed.
São
Paulo:
Lake —
Livraria
Allan
Kardec
Editora,
2001.
Capítulo
6.°,
questão
752,
página
254.
2
_____ .
_____ .
Q. 742,
p. 253.
3
_____ .
_____ .
Q. 743,
p. 253.
4
_____ .
_____.
O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo.
Trad. H.
Pires.
62. ed.
São
Paulo:
Lake,
2001.
Cap.
3.°, do
item 16
ao 18,
p. 57.
5
_____ .
_____.
O
Livro
dos
Espíritos.
Cap.
8.°, q.
780, p.
261.
6
_____ .
_____.
O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo.
Cap.
3.°, do
item 13
ao 15,
p. 56. |
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Espiritualidade:
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