ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Brasil: Coração
do Mundo?
Todos nós
Espíritas
sinceros fomos
brindados, em
algum momento de
nossas vidas,
com a leitura
das maviosas
páginas do livro Brasil,
Coração do
Mundo, Pátria do
Evangelho, ditado
pelo Espírito
Humberto de
Campos
(psicografia de
Francisco
Cândido Xavier).
Trata-se, sem
dúvida alguma,
de uma obra de
extraordinário
valor na
literatura
espírita e que
coloca o nosso
país no centro
de grandes
responsabilidades.
Em linhas
gerais, faz um
mergulho na
história
explicando os
antecedentes de
importantes
decisões tomadas
pelo próprio
Cristo de Deus e
os seus
desdobramentos
posteriores.
Os relatos
colhidos pelo
autor espiritual
revelam que
Jesus vaticinou
que:
“A região do
Cruzeiro, onde
se realizará a
epopeia do meu
Evangelho,
estará, antes de
tudo, ligada
eternamente ao
meu coração. As
injunções
políticas terão
nela atividades
secundárias,
porque, acima de
todas as coisas,
em seu solo
santificado e
exuberante
estará o sinal
da fraternidade
universal unindo
todos os
Espíritos
[...]”.
Diante de tão
belas exortações
e explanações,
como devemos
entender o que
se passa na
atualidade em
nossa pátria? A
pergunta é
pertinente
devido aos
desastrosos
acontecimentos
hodiernos. Já
não é de hoje,
aliás, que o
sentimento de
fraternidade, lato
senso, tem
minguado no
Brasil. Com
efeito, um olhar
mais apurado e
desapaixonado da
realidade revela
que estamos
perigosamente
perdendo a
percepção do
outro – pilar do
sentimento
fraternal – em
nossas vidas.
Desafortunadamente,
a sociedade
brasileira vem
se transformando
num imenso campo
de
reivindicações
sociais (algumas
extemporâneas
outras que ferem
a lógica e a
racionalidade)
desencadeadas
por grupos
aguerridos
embalados pela
ausência de
responsabilidade
e consideração
pelos
semelhantes.
À guisa de
exemplos, vale
lembrar que é
raro não termos,
num único ano,
uma pletora de
greves
protagonizadas
por professores,
bancários,
funcionários dos
correios,
motoristas e
cobradores de
ônibus,
metroviários,
ferroviários,
funcionários da
receita federal
e por aí vai.
Chega a causar
perplexidade
observar até
mesmo a
existência de
greves de
policiais,
deixando algumas
cidades
brasileiras à
mercê de
bandidos e
saqueadores sem
compaixão. No
momento, somos
obrigados a
conviver com o
onipresente
fenômeno das
passeatas
questionando
decisões das
autoridades
públicas ou
reivindicando
coisas absurdas
ou insensatas
por meio de
ameaças ou
destruição do
patrimônio
público. No
geral, tais
manifestações
simplesmente
infernizam e
atazanam a vida
de quem quer
produzir e ser
útil ao mundo.
Basicamente
acrescentam mais
peso às nossas
cruzes pessoais.
Em suma, há
sinais notórios
de que a
sociedade
brasileira está
doente e
espiritualmente
estiolada.
Em algum momento
perdeu-se o
senso do
razoável, do
justo, do certo,
enfim. A
impressão que
temos é de que
tem prevalecido
a inquietante
mentalidade do
“salve-se quem
puder” ou “quem
pode mais, chora
menos”,
levando-se em
conta a profusão
de
arbitrariedades
que estamos
assistindo
principalmente
em algumas
capitais. De
certa maneira, a
inflação
renitente, a
violência
endêmica, a
corrupção
irrefreável e o
comportamento
destrutivo
refletem o
pensamento acima
exarado. Afinal,
o Brasil tem se
saído mal ou
muito mal em
importantes
indicadores
sociais
nacionais e
internacionais.
Mas, o que está
acontecendo na
terra do
Cruzeiro? É
certo que o
Brasil está
passando por uma
grave crise. É
certo também que
aqui se abrigam
almas
profundamente
enfermas e que
têm contribuído
para o estado de
caos vigente. O
excesso de
permissividade e
tolerância,
conjugados com
leis frouxas, só
tornam as coisas
mais difíceis de
controlar. O
Espírito
Emmanuel
assevera, no
prefácio da obra
acima citada,
que: “O Brasil
não está somente
destinado a
suprir as
necessidades
materiais dos
povos mais
pobres do
planeta, mas,
também, a
facultar ao
mundo inteiro
uma expressão
consoladora de
crença e de fé
raciocinada e a
ser o maior
celeiro de
claridades
espirituais do
orbe inteiro”.
O referido
benfeitor
espiritual é
merecedor de
todo o nosso
respeito. Não
obstante o
egoísmo, a
indiferença e a
frieza
observáveis na
sociedade
brasileira
atual, conforme
atestam a
realidade dos
fatos,
acreditamos que
chegará um
momento de
exaustão. Todos
tendem a perder
com tal estado
de espírito
predominando nos
corações. E
quando isso
acontecer, e só
Deus sabe
quando,
haveremos – de
minha parte,
conservo essa
esperança – de
retomar o
caminho
destinado ao
Brasil. No
entanto, como
bem orienta
Emmanuel, até
chegarmos lá:
“[...] Peçamos a
Deus que inspire
os homens
públicos,
atualmente no
leme da Pátria
do Cruzeiro
[nesse sentido,
lembremos as
eleições que se
avizinham e do
imperativo de
escolhermos
pessoas ética e
moralmente à
altura dos
cargos
postulados], e
que, nesta hora
amarga em que se
verifica a
inversão de
quase todos os
valores morais,
no seio das
oficinas
humanas, saibam
eles colocar
muito alto a
magnitude dos
seus precípuos
deveres. E a
vós, meus
filhos, que Deus
vos fortaleça e
abençoe,
sustentando-vos
nas lutas
depuradoras da
vida
material”.