CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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O farol
Meu mentor
espiritual, Caio
Fábio Quinto,
vem me fazendo
uma sabatina
terapêutica a
respeito de se
manter o foco,
num período em
que me vejo
compelida a sair
em busca de
alternativas
viáveis para
algumas coisas
até então
acomodadas num
certo padrão ao
longo de vários
anos. Compele-me
a não me
distrair dos
objetivos que,
de índole e por
compromisso
espiritual,
direcionam minha
vida.
Ilustra-me, de
forma
acalentadora,
esta disposição,
compelindo-me a
leituras
adequadas ou até
mesmo a deparar
filmes justo no
ponto em que,
eventualmente, o
personagem
interpreta com
oportunidade
esta
necessidade, que
hoje em dia se
confirma como
primordial para
todos ao redor
do mundo.
Ontem mesmo, à
noite, e por
dois dias
seguidos, "por
acaso" e em
horários
diferentes, me
guiou a ver na
tv o filme Gladiador,
já começado. E
ontem,
especificamente,
bem na cena
final, quando o
militar romano,
Maximus, que
durante toda a
trama fora
perseguido e
ultrajado pelo
imperador
Cômodus, luta
com o mesmo e,
mesmo ferido
traiçoeiramente,
arranja forças
em si para
vingar a família
assassinada pelo
martírio, e ao
mesmo tempo
livrar Roma do
governo do
monstro até
então instalado
no poder.
Compenetrada
como me achava,
virando a esmo
os canais
enquanto sentia
a presença do
mentor querido,
cheguei a sorrir
para mim mesma,
ouvindo com a
audição
espiritual os
comentários a
respeito do que
o filme exibia.
O recado, por
analogia, se
fazia óbvio,
embora naquele
minuto eu
comentasse com o
companheiro das
esferas
invisíveis que
as complexidades
do mundo, em
todas as épocas,
nem sempre
tornam esta
disposição fácil
para o ser
humano.
O “Mas se forem
mal recebidos,
saiam logo
daquela cidade.
E, na saída,
sacudam o pó das
suas sandálias,
como sinal de
protesto contra
aquela gente”
(Lucas 9:5)",
ensinado por
Jesus aos
discípulos
bem-intencionados
que saíram ao
mundo para
anunciar o Reino
- leia-se aqui,
no contexto do
Espírito! - nem
sempre é coisa
simples de se
realizar, dada a
heterogeneidade
humana em todos
os quadrantes do
planeta. Sua
cultura,
diversidades
religiosas e
educacionais,
discrepâncias de
índoles e de
visão, e tantas
outras
complexidades
nos emprestam a
sensação
reincidente de
ser coisa quase
impossível
sedimentar na
Terra o reino de
Amor com que
sonhou o Mestre,
dois milênios
atrás.
Recordo-me
muitas vezes dos
cumes de sombras
atingidos na
história humana
até os dias de
hoje. Daqueles
instantes em que
mais pesado se
fez o fardo de
dor, em vários
recantos do
planeta. Desde
os tempos do
Cristo, na época
das barbáries e
das
crucificações de
cristãos,
passando pelas
fogueiras da
Idade Média até
a bomba nuclear
em Hiroshima, e
ao atentado do
onze de setembro
de 2011, nestes
extremos de
desespero e de
dor, portanto,
que há de fazer
o ser humano
perplexo, ainda
empenhado no
esforço diário,
individual, de
crer num
panorama mais
luminoso, mais
amoroso para o
mundo? Não é
incomum que uma
quase
desorientação se
nos apodere do
ânimo combalido
em instantes
assim, porque,
paralelo a estes
eventos críticos
que vitimam
nações, há os de
ordem
individual.
Todos, sem
margem a
dúvidas, possuem
seus momentos de
prova, de
lágrimas
inevitáveis, a
cobrar valor e
fibra para
seguir em frente
com
discernimento,
sem
inflexibilidade
para as mudanças
necessárias à
renovação dos
tempos, embora
também
conservando os
valores
atemporais!
Quando vieram
abaixo aquelas
duas torres
americanas, de
altura
vertiginosa,
pejadas de seres
mergulhados num
dos maiores
paroxismos de
terror de que se
tem notícia até
a atualidade,
lembro-me de ter
ficado extática
diante das
imagens da tv,
mãos diante da
boca, em choque,
e apenas as
lágrimas
dolorosas
dizendo o
inexprimível que
acometia não
apenas a mim,
mas a todas as
pessoas dotadas
de solidariedade
para com a dor
humana. Durante
aquele dia
trevoso,
fronteiras se
dissiparam e a
humanidade
tornou-se una,
dividindo o
mesmo
desnorteamento,
a mesma amargura
pungente.
Diferente de
épocas em que os
eventos
aconteciam
isolados do
conhecimento
planetário
instantâneo,
próprio da nossa
era globalizada,
colhíamos
naquele dia
inesquecível,
simultaneamente,
os frutos da
faceta mais
sombria da
eficiência da
informação.
Víamos, diante
de nossos olhos,
ao vivo, a
hecatombe
hedionda, de
centenas de
pessoas comuns,
trabalhadores,
pais de família
como todos
somos, de
nacionalidades
várias, se
lançando a
partir dos
prédios nas
alturas dos céus
enevoados,
compelidos pelo
desarvoramento
irracional da
fuga à tragédia
iminente da
morte, ou em
meio aos
incêndios
terríveis se
desencadeando
nos cumes
vertiginosos do
World Trade
Center, ou pela
queda dos dois
gigantes
atingidos pelo
atentado
desfechado pelas
forças obscuras
que, em cada
fase da
história, de
tempos em tempos
lançam a
humanidade nos
abismos dos
resultados da
insana ambição
pelo poder!
E, portanto,
também naqueles
instantes
críticos, marco
histórico
profundamente
doloroso para
milhares de
seres ao redor
do globo,
novamente me
perguntava, de
algum modo, como
sacudir o pó das
sandálias e
prosseguir
crendo, ainda,
no propósito
leve, abençoado
da difusão da
luz no mundo?
Onde o farol, a
nos sustentar na
rota da
esperança, da
superação de
todas as dores
inerentes à
jornada
evolutiva já de
há tantos
milênios
perdidos no
passado? Pois,
após essas
incontáveis
crises,
desesperadoras a
ponto mesmo de
nos roubar toda
a lucidez e
resistência, a
firmeza de
ideais em busca
daquele cenário
de paz e amor
com que tantos
sonharam, e em
nome de que se
sacrificaram e
se empenharam no
curso de suas
jornadas
terrenas,
pensamos nos
perder do norte!
Para onde olhar,
portanto, e
reencontrar
referências
positivas - a
âncora, o lume
que nos sustente
na rota que, a
despeito e acima
de nossas
perplexidades,
se mantém
incólume, à
espera de que
cada um de nós e
cada povo
reencontre o
rumo definitivo
que nos leve a
atingir o
panorama ideal
de todos os
nossos melhores
ideais?
Ontem, e durante
esses dias,
deste modo, meu
mentor vem me
recordando com
insistência de
que o lume é
interno,
permanente,
inatingível, e
que devemos
lutar para não
nos
desconectarmos
desta luz perene
que, inatingível
pelas piores
vivências
transitórias que
nos colhem à
conta de
aprendizado, tem
o condão de nos
fortalecer; de
nos tornar mais
sábios para, de
vontade própria,
prosseguir em
direção às
mudanças
incessantes,
mantendo a
sintonia com as
frequências
vibratórias
superiores que
habitam no mesmo
padrão.
"Mantenha o
foco! - Caio
me repete,
amoroso -
Porque o farol a
que se refere
começa em você
mesma, e entra
em ressonância
inevitável com
tudo no universo
que vibra em
níveis de
energias
idênticos, de
modo que a
escolha é sempre
sua! Esmoreça,
desista, passe a
ver tudo ao
redor sem olhar
para as
alternativas
incessantes de
felicidade que
lhe acenam sem
parar, e tudo o
que enxergará
será um beco sem
saída! Com um
mínimo de
esforço, porém,
e apesar do
desânimo
momentâneo, se
volte com
firmeza para o
ideal de luz
que, por si só,
se sustenta em
seu íntimo,
indicando o rumo
correto! E logo
se perceberá
sempre
sintonizada a
nós, e às
possibilidades
incessantes com
que Deus nos
comprova, a cada
minuto, que o
enredo da vida é
de cocriação
nossa! E que,
portanto, a
continuação da
história, para
melhor, atenderá
às nossas
intenções, desde
que aproveitemos
cada dia para
não perder de
vista este farol
que nos orienta
os passos, tanto
na calmaria,
quanto nos mares
tempestuosos, na
direção
infalível do
remanso de paz
que alcançaremos
se nos
dispusermos a
lutar,
incansáveis,
pelos nossos
melhores
sonhos!"