RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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O tempo de uma consulta
“Uma consulta deve durar
uma hora. Durante 10
minutos, ausculte os
órgãos do paciente. Nos
50 minutos restantes,
sonde-lhe a alma.” –
Moisés Maimônides.
Moisés Maimônedes foi um
médico, filósofo e
religioso judeu que
viveu no século XII,
nascido em uma família
judaica em Al-Andalus,
península Ibérica sob o
domínio mouro. Teve de
fugir da região por não
ter se convertido ao
Islamismo radical
vigente naquela ocasião.
Estaria ele com a razão
na sua afirmativa que
ilustra o início do
artigo? Parece que sim.
Um novo ramo da ciência,
a
psiconeuroendocrinoimunologia,
ou a
psiconeuroimunologia,
analisa as interações
entre o comportamento
humano e o sistema
nervoso, endócrino e
imunológico. Essa
pesquisa vem crescendo
desde que surgiu a
percepção de que o
sistema imunológico não
trabalha sozinho. Ele
sofre nítida influência
de vários fatores,
inclusive dos
sentimentos e emoções.
Se sofre essa
influência, nada mais
lógico do que estudar a
relação entre os
processos mentais e a
saúde. O termo
psiconeuroimunologia foi
criado por Robert Ader
da Faculdade de Medicina
e Odontologia na
Universidade de
Rochester, Estados
Unidos, em 1981.
Em 1980, um médico –
Ronaldo Glaser – e uma
psicóloga – Janice
Kiecolt-Glaser –
desenvolveram um
trabalho junto aos
estudantes de Medicina
que realizavam provas, a
fim de analisar no
sangue desses jovens as
células de defesa
denominadas
leucócitos,
responsáveis pelo
sistema imunológico
desses estudantes. As
amostras de sangue
colhidas revelaram a
redução dessas células
logo após o período de
stress que as
provas a que se
submetiam em seu curso
eram realizadas. O
estudo indicava,
portanto, que o período
de tensão tinha a
capacidade de
enfraquecer o sistema
imunológico desses
estudantes. O estado
emocional atuava
diretamente sobre o
físico, enfraquecendo a
defesa do corpo por lhes
alterar o sistema
imunológico.
Mas essas descobertas
das décadas de setenta e
oitenta não foram
pioneiras. Dados
históricos revelam que
já no ano de 460 a.C.,
Aristóteles e
Hipócrates, na Grécia
antiga, já discutiam
esse assunto,
evidentemente sem os
recursos da ciência de
nossos dias.
Consideravam que as
emoções, os sentimentos,
agiam sobre a parte
física do homem.
Como o próprio termo
indica, a
psiconeuroendocrinoimunologia
envolve as áreas do
sistema nervoso,
endócrino, imunológico,
como, também, o
psiquismo humano.
Passemos aos
ensinamentos de Joanna
de Ângelis quando ela
nos afirma que a
mente é geradora de
energias compatíveis com
o tipo de aspiração que
acalenta,
movimentando-as através
da corrente sanguínea
que vitaliza e mantém o
corpo físico. Nesse
mesmo conduto as
micropartículas
constitutivas do
perispírito conduzem as
vibrações que irão
produzir nas células
reações correspondentes
ao tipo de onda mental
que seja distribuída
pelo organismo e
procedente do Espírito.
O fluxo constante,
portanto, de pensamentos
e aspirações carregados
de energia saudável ou
enfermiça, irá
contribuir poderosamente
para a estabilidade ou
desajuste das estruturas
celulares, abrindo
espaço para a instalação
e conservação da saúde
ou para o surgimento e
proliferação de
infecções, de disfunções
variadas, de alterações
do metabolismo, de mal
ou bem-estar.
Já André Luiz afirma no
capítulo XXI do livro
Entre a Terra e o Céu
que um dia o homem
ensinará ao homem,
consoante as instruções
do Divino Médico, que a
cura de todos os males
reside nele próprio. A
percentagem quase total
das enfermidades humanas
guarda origem no
psiquismo.
Acreditamos que a
psiconeuroendocrinoimunologia
esteja dando os
primeiros passos para
esse esclarecimento ao
abrir as portas para que
se entenda ou se comece
a entender que o homem
físico é apenas a
expressão de algo
imensamente maior do que
um componente de carne e
de ossos perecíveis. Que
esse ser físico é
impotente para explicar
tudo o que seja visível
ou o que possa supor a
nossa vã filosofia.
Moisés Maimônedes tinha
razão: numa consulta,
dez minutos para o corpo
e cinquenta minutos para
a alma que nada mais é
do que a causa desse
efeito físico tão
valorizado – o corpo -,
mesmo que destinado
inexoravelmente à morte,
mais dia, menos dia...