Eis mais um relato de um dos
amigos de Chico Xavier:
– Alguns rapazes espíritas
de Belo Horizonte se
tornaram amigos de Chico
Xavier. Entre eles,
Carlinhos e Arnaldo Rocha.
As visitas entre Belo
Horizonte e Pedro Leopoldo
se intensificaram. A irmã do
Carlinhos, Dothy, que depois
se casou com Henrique
Rodrigues, e a mãe recebiam
o grande médium em sua casa
à Rua Tupinambás, num
apartamento, sobre a loja de
fotografias. Estive lá
muitas vezes, eu também era
amigo deles, mas escondiam o
Chico de todos. Mantinham-no
em total segredo, no
entanto, os espíritas de
Belo Horizonte sabiam que no
sábado e domingo o Chico
estava lá. Nessa ocasião, eu
já me transferira para o Rio
e ia a Belo Horizonte uma ou
duas vezes por ano.
Invariavelmente, ia lá.
Cumprimentava-os e
desaparecia, buscando nossos
amigos da Fraternidade. Uma
vez ou outra coincidiu de
encontrar o Chico.
Numa dessas visitas, porém,
soube que o Chico, de vez em
quando, acompanhava os
rapazes à pescaria de
lambari. Insistiam com ele,
e o médium para não
desagradá-los e também para
gozar-lhes a companhia ia
junto.
À beira do rio, armava a
vara e ficava com a linha na
água esperando o peixe.
Fiquei impressionado com o
Chico. Chico pescando?
Pegando peixe? Não comentei
o fato, mas estranhei. Ele
não era pescador, nós pelo
menos não sabíamos disso.
Nós, sim, gostávamos de
pescar, mas, ele?...
A ideia ficou pulando em
nossa cabeça como lambari
fora d’água.
A vida rodou na ampulheta do
tempo.
Um dia, alguém conversava
conosco em Belo Horizonte e
falava-se sobre o Chico com
muito entusiasmo.
- Você sabia da última?
- !!!
- O Carlinhos e o Arnaldo
Rocha iam pescar aos
domingos e levavam o Chico.
Todos pegavam peixe, menos
ele. O coitadinho ficava
quieto, quieto, esperando o
peixe, e, nada!
Um dia destes, estranhando o
fato, um deles olhou a
linhada do Chico e não
encontrou anzol!
Meu interlocutor deu uma
risada, nós também rimos.
- Não tinha anzol!
O Chico colocava a linha no
rio, mas colocava sem
anzol...!
Agora compreendíamos melhor
o Homem de Deus.
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