GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Ainda o passe!
Conta-nos Irmão
X1
que Simão Pedro
pediu ao Mestre
que primeiro
curasse os
enfermos, para
depois
falar-lhes do
Evangelho do
Reino. E Filipe
acrescentou:
“– (...) É quase
impossível
meditar nos
problemas da
alma, se a carne
permanece
abatida de
achaques...”.
No dia seguinte,
enquanto Jesus,
com o auxílio
dos apóstolos,
curava os
enfermos, iam os
discípulos
convidando os
beneficiados
para que
aguardassem a
pregação do
Médico Celeste,
a qual seria um
banquete de
verdade e luz.
Estes, contudo,
tão logo
recebiam a cura,
afastavam-se
apressados, com
breves
agradecimentos e
desculpas.
Quando o último
feridento foi
curado,
permaneciam à
margem do lago
somente Jesus e
os doze
aprendizes...
“– Pedro, estuda
a experiência e
guarda a lição.
Aliviemos a dor,
mas não nos
esqueçamos de
que o sofrimento
é criação do
próprio homem,
ajudando-o a
esclarecer-se
para a vida mais
alta.”
*
O conto ilustra
o fato de que
nós, homens,
somos eternos
egoístas,
preocupados
sobretudo com a
saúde física e
apenas em
receber, jamais
em doar. A
aquisição da
verdade e da luz
exige esforços,
mudanças e
reformas, para
os quais “não
temos tempo”, ou
interesse.
O estudo
esclarece a
questão. Os
livros da
Doutrina
Espírita são
fartos em
ensinamentos.
Vejamos o que
dizem a
propósito do
tema.
O opúsculo
“Orientação ao
Centro Espírita”2
afirma (p. 27),
que o passe e a
fluidificação da
água são “(...)
recursos
terapêuticos do
plano espiritual
às pessoas
carentes deste
auxílio”.
E, à p. 28, com
transparente
clareza,
registra:
“Após a
explanação do
Evangelho, à luz
da Doutrina
Espírita e
atendendo à
recomendação de
Jesus, ‘se
impuserem as
mãos sobre os
enfermos eles
ficarão curados’,
o passe será
aplicado às
pessoas que o
desejarem, de
acordo com o
seguinte
esquema:
2.a – O
dirigente da
reunião
permitirá a
saída do
recinto, em
silêncio, dos
que não sentirem
necessidade de
receber os
passes;
(...)
2.d – o passe
deverá ser
transmitido com
simplicidade,
evitando-se a
gesticulação
exagerada, a
respiração
ofegante, o
bocejo
continuado e o
toque direto no
paciente;
(...)”. –
Grifamos.
Ora, a proposta
é generosa, pois
deixa ao
arbítrio de cada
um recebê-lo, ou
não. No caso,
ninguém melhor
do que o próprio
paciente, se
esclarecido e de
posse de suas
faculdades
mentais, para
avaliar-se.
Contudo, se a
pessoa está com
saúde física e
mental, por que
recebê-lo?
Esclarece
Martins Peralva3:
“O socorro,
através de
passes, aos
que sofrem do
corpo e da alma,
é instituição de
alcance
fraternal que
remonta aos mais
recuados
tempos”. –
Grifamos.
Cremos que a
falha, aqui, é
dos dirigentes
das reuniões,
quando não
liberam os não
enfermos, e não
criam
oportunidade
para que se
retirem. Há até
os que estimulam
os presentes a
recebê-los.
Assim agindo,
passam a
impressão de que
há
obrigatoriedade
na recepção de
passes. O que
não é verdade.
Pois seria
absurdo crer-se
que todos
estejam
enfermos;
sobretudo se são
antigos
frequentadores
ou trabalhadores
dos Centros
Espíritas.
Ou então os
assistentes e
trabalhadores
não estão
recebendo – ou
observando – a
orientação das
Casas Espíritas,
quanto à
necessidade da
reforma íntima,
da prática do
bem, do Estudo
do Evangelho no
Lar,
indispensáveis à
conquista do
bem-estar físico
e mental. O que
seria outro
absurdo: admitir
que Instituições
Espíritas deixem
de orientar
corretamente os
que as
frequentam!
Quando iniciamos
a reforma íntima
e aderimos ao
trabalho em
benefício do
próximo,
aprendemos a
doar e
naturalmente nos
equilibramos. E
os remédios, em
muitos casos, se
tornam
dispensáveis. O
passe é um
desses
medicamentos
que, a partir
daí, será
utilizado quando
absolutamente
necessário, o
que se dará
raramente, em
pessoas
saudáveis e
operosas.
É o que nos
recomenda
Emmanuel4:
“Se pretendes,
pois, guardar as
vantagens do
passe que, em
substância, é
ato sublime de
fraternidade
cristã, purifica
o sentimento e o
raciocínio, o
coração e o
cérebro.
Ninguém deita
alimento
indispensável em
vaso impuro”.
A seguir,
admoesta,
judicioso como
sempre:
“Não abuses,
sobretudo
daqueles que te
auxiliam. Não
tomes o lugar do
verdadeiro
necessitado, tão
só porque os
teus caprichos e
melindres
pessoais estejam
feridos.
O passe exprime,
também, gastos
de forças e não
deves provocar o
dispêndio de
energias do
Alto, com
infantilidades e
ninharias.
Se necessitas de
semelhante
intervenção
(...),
humilha-te (...)
e, recordando
que alguém vai
arcar com o peso
de tuas
aflições,
retifica o teu
caminho (...)”.
– Grifamos.
O passe é
recurso de
emergência para
tratamento de
doenças físicas
e mentais. Mas a
cura definitiva
depende da cura
do espírito
enfermo e se
dará pela nossa
reforma íntima,
pela nossa
Evangelização.
É ajuda que vem
do Alto, por
acréscimo de
misericórdia.
Assim como não
bebemos água só
porque está
disponível, não
abusemos dele,
pois é algo
sagrado, que
deve merecer
nosso respeito.
Jesus orientou
os discípulos:
“(...) se
impuserem as
mãos sobre
enfermos, eles
ficarão
curados”. Mc,
16:18.
Jairo (Mc
5:22-23) recorre
ao passe de
Jesus, porque
sua filha estava
enferma: “E
rogava-lhe
muito, dizendo:
Minha filha está
moribunda;
rogo-te que
venhas e lhe
imponhas as mãos
para que sare
e viva”. Mc,
5:23.
Façamos o mesmo,
quando
estivermos
enfermos, mas
retifiquemos a
conduta que
desequilibra a
saúde física,
mental e
espiritual.
Não
sobrecarreguemos,
pois, o Divino
Mestre,
desnecessariamente.
Nem tomemos “o
lugar do
verdadeiro
necessitado”.
Todos devem ser
orientados
adequadamente,
para que também
aprendam a
passar amor e
descubram, na
reforma íntima,
o caminho para a
cura real.
Apliquemos o
passe ao
enfermo, mas, ao
saudável,
convidemo-lo
para que estude,
aprenda,
trabalhe em
diversas tarefas
e – quem sabe?
–, se torne,
também ele, um
passista!
Com isso,
faremos do
acomodado e
eterno paciente
de passes um
servidor do
Cristo que,
transformando-se
de sujeito em
agente da ação
beneficente,
transforme-se e
seja ele alguém
que aja no bem
de variadas
formas, entre as
quais a
aplicação do
passe. Ao invés
de receber
indefinidamente,
que aprenda a
doar.
Com a prática
dos ensinos do
Espírito de
Verdade:
“Amai-vos;
instruí-vos!”,
todos
cresceremos na
compreensão e
vivência das
sublimes lições
evangélicas!
Referências
bibliográficas:
1.
Contos e
Apólogos,
Irmão
X/Francisco C.
Xavier, Cap. 6,
8ª ed., FEB,
Rio, 1995.
2.
Orientação ao
Centro Espírita,
3ª ed., FEB,
Rio, 1988.
3.
Estudando a
Mediunidade,
Martins Peralva,
Cap. 26, 18ª
ed., FEB, Rio,
1995.
4.
Segue-me,
Emmanuel/Francisco
C. Xavier, 6ª
ed., O Clarim,
Matão, 1987, p.
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