JOSÉ LUCAS
jcmlucas@gmail.com
Óbidos, Portugal
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Medicina:
comércio ou
missão?
Muito se tem falado em
saúde, Serviço Nacional
de Saúde, cuidados de
saúde aos mais variados
níveis, clínicas,
hospitais privados,
acordos, prestação de
serviços etc., etc.
Pouco se tem falado da
essência de tudo isto:
das pessoas, dos seres
humanos, doentes.
Roberta é minha amiga.
Pessoa simples, leva
vida difícil e sofrida,
trabalhando no duro, no
seu dia a dia, em
limpezas. Apesar de
viver com dificuldades,
sempre lhe vejo um
sorriso na cara, e ainda
tem tempo para tomar
conta da mãe acamada,
fazer a lida da casa e
fazer voluntariado. Teve
um problema num joelho.
Foi fazer um RX: fratura
no joelho. “Vá ao
hospital para marcar uma
operação no joelho”.
Já se passaram 18 meses
e ainda não foi chamada!
Filomena é pediatra.
Trabalhava no Hospital
do Oeste e queria cá
ficar. A política
encetada pelo anterior
governo não o permitiu;
ninguém é contratado,
pois há que trabalhar
para as estatísticas.
Filomena, contrariada,
foi viver em Lisboa,
ficando a trabalhar num
Hospital da capital.
Passado um mês, estava a
ser convidada por uma
empresa de angariação de
médicos, para ir fazer
urgências no Hospital do
Oeste de onde tinha
vindo, pois havia falta
de pediatras; foi ganhar
o dobro do que ganhava
quando no referido
Hospital, e ainda por
cima sem a
responsabilidade de ser
chefe de serviço (para
além do que a empresa
que a contratou ganhou)!
Joaquim foi enterrado
(28/Julho/2012). Com 45
anos e 2 filhos jovens,
teve um leve mal-estar.
Foi-lhe diagnosticado um
tumor no baço. Operado
numa famosa clínica
privada de Lisboa,
passados 2 meses em
consulta de rotina, o
médico apercebe-se que,
após apalpação, o doente
começava a desfalecer à
sua frente. Enviado para
as urgências, tinha de
ser operado
urgentemente, com uma
hemorragia interna, mas
faltava um cheque.
Enquanto um familiar foi
a casa e voltou com o
cheque, após 6 horas, o
doente faleceu.
Tudo isso aconteceu em
Portugal, não é ficção.
Sabendo que todos os
médicos fazem o
juramento de Hipócrates,
é natural que haja bons
e maus médicos, como em
todas as profissões.
Numa sociedade ainda
eminentemente
materialista, os seres
humanos, desconhecendo a
sua componente
espiritual, a sua
imortalidade, a
reencarnação como lei
inevitável no carrossel
da evolução do ser
humano, vivem como se
não houvesse vida para
além da morte, e
depositam todos os
objetivos da vida no
dinheiro, no ter coisas,
ao invés do ser pessoa,
das atitudes, dos
sentimentos, dos
pensamentos.
Nós, Espíritos eternos,
reencarnamos para
evoluir moral e
intelectualmente, essas
duas asas da vida que
nos levarão um dia à
sabedoria. Reencarnamos
também, para resgatar
erros de vidas passadas,
que nos pesam na
consciência, em que,
voltando “ao local do
crime”, passando por
dificuldades similares
(ou não, conforme as
circunstâncias
necessárias) àquelas por
nós criadas em vidas
anteriores, o Espírito
liberta-se do complexo
de culpa, criando assim
condições para ascender
a novos patamares
evolutivos.
Dizem os Espíritos
(pessoas como nós que
largaram o corpo de
carne pelo fenômeno
natural da morte do
corpo físico) que o
sentimento mais comum no
mundo espiritual é o de
imensa perda de tempo na
Terra, de nostalgia por
essa situação, em que
têm de voltar para
recomeçar as mesmas
provas (entre outras),
tal como o aluno
preguiçoso que não
estudou tem de repetir o
ano escolar, estudando
as mesmas matérias.
Quando o homem conhecer
a sua componente
espiritual e a
reencarnação, a medicina
deixará de ser um
comérciopara
passar a ser uma missão
sagrada
André Luiz, que foi
médico na Terra, e que
ditou vários livros
através da mediunidade
de Francisco Cândido
Xavier, ao adentrar o
além-túmulo, ficou
estupefato com o tão
pouco que sabia, se
comparado com os meros
auxiliares que
trabalhavam em hospitais
no mundo espiritual, ele
que fora médico de
renome na Terra, no
Brasil.
O Espiritismo vem
alertar para a enorme
responsabilidade dos
nossos atos, pensamentos
e sentimentos nas
relações interpessoais,
a repercutirem-se na
nossa vida sob a forma
de paz ou agitação, de
acordo com a gênese dos
sentimentos que lhes
deram origem.
O Espiritismo, pegando
no ensinamento de Jesus
“Não fazer ao próximo
o que não desejamos que
nos façam”, vai mais
adiante, dizendo “Fora
da caridade não há
salvação”, e que,
como tal, devemos “fazer
ao próximo aquilo que
desejaríamos para nós
próprios”.
É natural que, quiçá,
aqueles que hoje
utilizam a medicina, não
para curar, mas para
enriquecer à custa do
sofrimento alheio,
possam reencarnar em
situações sociais
pobres, a fim de,
experimentando no futuro
aquilo que semearam no
passado, assim aprendam
que os laços de
fraternidade entre todos
os seres humanos são o
nosso tesouro
existencial.
Quando um dia o homem
tiver a consciência de
que “Nascer, morrer,
renascer ainda,
progredir sem cessar,
tal é a Lei”, então
a medicina dos homens
deixará de ser um
negócio, para passar a
ser uma missão sagrada,
onde o focus
existencial não estará
mais no lucro, mas sim
no ser humano.
Até lá, façamos a nossa
parte, dando o exemplo
que arrasta multidões…
Bibliografia:
Kardec, Allan: O Livro
dos Espíritos; O Céu e o
Inferno.
Luiz, André: Nosso Lar.