ALESSANDRO VIANA
VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga,
SP(Brasil)
|
|
Dia da
inspiração
Na Revista
Espírita de maio
de 1865,
encontraremos
uma mensagem
extraordinária
de autoria do
Espírito Pascal,
intitulada “A
Verdade”, onde
consta o
seguinte
ensinamento:
“Lembrai-vos
disto: O
Espírito humano
se move e se
agita sob a
influência de
três causas, que
são: a reflexão,
a inspiração e a
revelação”.
De fato, as
citadas causas
promovem o
progresso da
criatura humana
e da humanidade,
sendo que a
revelação,
conforme Pascal,
é a mais elevada
das forças que
agitam o
espírito humano
e provém de
Deus.
Sabemos, à luz
da veneranda
doutrina
espírita, que
são três as
revelações que
impulsionam
intensamente o
progresso
humano, a saber:
Moisés, com os
10 mandamentos,
que nos trouxe a
noção da lei de
justiça, isto é,
não fazer aos
outros o que não
desejamos a nós
(o que não
fazer); Jesus,
a maior das
revelações, que
nos trouxe a lei
de amor, isto é,
fazer aos outros
o que desejamos
a nós (o que
fazer); o
Espiritismo, que
nos trouxe a
verdade,
orientando-nos
sobre o por que
fazer, uma vez
que traz à tona
verdades como a
reencarnação, a
vida futura, a
lei de causa e
efeito etc.
A inspiração,
que é o ponto
principal deste
artigo, ocorre,
segundo Pascal,
com a influência
dos Espíritos,
que se mistura
mais ou menos às
nossas próprias
reflexões; se
constitui numa “força
nova, que se
junta a uma
força adquirida,
para vos levar
mais longe que o
presente” (Pascal).
O Livro dos
Espíritos, nas
questões 489 e
seguintes, nos
apresenta uma
diversidade de
Espíritos que
nos inspiram
para o bem. São
os anjos da
guarda, os
Espíritos
simpáticos, os
familiares
desencarnados
que estão em
condições de
ajudar, os
benfeitores da
família etc.
Esses Espíritos,
sempre que
possível,
estarão nos
inspirando para
a melhoria
moral, para o
progresso
individual,
trazendo-nos uma
ideia, uma
sugestão, uma
advertência,
visando ao
melhor
aproveitamento
da atual
reencarnação.
Naturalmente,
eles não ferem o
livre-arbítrio e
não coagem, mas
sugerem ideias
positivas,
nobres, para o
bem, aguardando
pacientemente a
nossa adesão
pessoal.
Na vida de Madre
Tereza de
Calcutá,
encontraremos um
fato singular
que ficou
conhecido como
“o dia da
inspiração”.
Madre Tereza já
havia iniciado a
vida religiosa e
se encontrava em
Calcutá, sendo
que via os
famintos e
enfermos que
viviam e morriam
nas ruas da
referida cidade,
sem qualquer
dignidade, mas
ela pouco podia
fazer por conta
das regras do
convento.
Num dia em que
viajava de trem,
Madre Tereza
ouve uma
inspiração:
“Venha e seja
minha luz”.
Ela entra em
reflexão e
pergunta-se se
Deus não estava
pedindo mais
dela. Depois de
uma recusa
inicial do
Arcebispo, ela
insiste e
consegue a
liberação de
Roma, indo para
as ruas de
Calcutá,
deixando um
legado de amor
que todos nós
conhecemos.
Ocorrera um
episódio
semelhante com
São Francisco de
Assis, quando
ele ouve uma
inspiração, que
lhe diz:
“Reconstrói a
minha Igreja”.
Inicialmente,
ele pensou que
era para
reconstruir
materialmente a
Igreja de São
Damião, que
estava em
ruínas, mas
depois percebeu
que sua missão
era maior,
porque deveria
reconstruir
espiritualmente
a Igreja que
estava
contaminada pelo
excesso de luxo
e diplomacia.
Na vida dessas
duas grandes
almas bastou
apenas uma
inspiração para
que suas
histórias
pessoais se
convertessem num
manancial de
amor e
fraternidade.
Obviamente que
são Espíritos de
grande porte
moral, de forma
que um único
chamamento foi o
suficiente para
despertá-los
para os
compromissos
assumidos na
espiritualidade.
Para nós, almas
ainda medianas,
com inúmeros
limites morais,
mas com algumas
virtudes já em
fase de
conquistas,
precisaremos,
certamente, de
contínuas
inspirações, que
nos chegam
diariamente
através dos
abnegados
trabalhadores do
mundo maior.
Num conceito
mais elástico,
poderíamos
afirmar que as
inspirações
também chegam de
outras formas,
como, por
exemplo, através
de um conselho
de um amigo, um
belo livro, uma
palestra
comovente, uma
dificuldade que
nos faz refletir
etc.
Dessa forma,
todos os dias
serão o nosso
“dia da
inspiração”, em
que mensagens e
orientações
positivas, do
bem, de
pacifismo, de
equilíbrio
emocional
chegarão às
nossas vidas,
convidando-nos a
um progresso
maior, porque
sempre poderemos
fazer mais e
melhor na vinha
do Senhor.
Todavia, toda
mudança mental e
comportamental
exige escolhas,
decisões e
disciplina,
razão pela qual
o Espírito
Pascal nos
aponta a
reflexão como
parte integrante
do processo
evolutivo.
As revelações e
as inspirações
somente
produzirão bons
frutos em nossas
vidas se nos
permitirmos, de
tal sorte que
cabe a nós,
diariamente,
refletir sobre
as ideias e
aconselhamentos
positivos,
nobres, que nos
chegam à mente.
A partir dessas
ideias novas,
que possamos
fazer as
escolhas
acertadas, nem
que isso exija
sacrifícios,
porque faz parte
da evolução
espiritual
abandonar um
hábito enfermo,
substituindo-o
por uma conduta
mais cristã e
mais amorosa.
Os Espíritos
amigos nunca
desistirão de
nós, sempre nos
inspirarão,
mesmo nos piores
dias de nossas
vidas, de modo
que devemos
estar receptivos
às inspirações,
orando na busca
de novas forças
para reconstruir
a nossa vida,
direcionando-a
na conquista da
paz e da alegria
de viver, e
pautando-a
sempre nas três
revelações,
tendo Jesus como
inspiração
permanente.
Registre-se, por
fim, que mesmo
que as nossas
vidas estejam
relativamente
bem do ponto de
vista moral,
sempre há
melhorias a
serem
concretizadas,
porque podemos
ousar mais no
campo do bem.
Lembremo-nos de
Madre Tereza,
que se
perguntava se
Deus não queria
mais dela. Será
que Deus não
espera mais de
nós? Será que
não podemos
fazer mais? Será
que temos
convertido as
inspirações em
ações reais na
pauta do nosso
cotidiano?
Hoje, sem
dúvida, é um dos
nossos dias da
inspiração.
Reflitamos com
equilíbrio e boa
vontade, e
ouçamos em nossa
intimidade a voz
de Deus, como
fonte de
inspiração
inesgotável:
“Venha e seja
minha luz”.