FERNANDO
ROSEMBERG
PATROCÍNIO
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG
(Brasil)
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Texto
defensório dos animais
Estando em oficina
metalúrgica de um grande
amigo, notara, por
debaixo de coisas
diversas ali
encontradiças, uma
ninhada de quatro
gatinhos de pelagem
negra, com duas semanas
de vida, mais ou menos.
Curioso, aproximei-me
deles e eles de mim,
caminhando um tanto
cambaleantes e miando
baixinho, se
manifestando
amistosamente à minha
pessoa, que, curioso,
com as duas mãos, tomei
um deles aconchegando-o
ao meu peito,
adorando-lhe a pequenez,
a mansidão, a entrega e
confiança que o mesmo
depositara em mim, me
abraçando com os frágeis
membros e descerrando as
garrinhas para não cair
do meu abraço, e que,
afinal, me espetavam a
blusa com aquele
instintivo ato de defesa
e de sobrevivência para
firmar-se no meu peito,
em minhas mãos,
representando abraço
terno e carinhoso.
Fora quando, então,
estivera a contemplar
aqueles seus grandes e
brilhantes olhos
verde-azulados, com suas
pupilas em linha
vertical, pupilas que só
se tornam redondas à
noite quando acusam
menos luz no ambiente à
sua volta.
Era curioso - e ao mesmo
tempo estranho observar
naqueles seus espertos
olhos vítreos, que me
fitavam também - como a
genética do mesmo pudera
tudo desenhar, e
construir, com maestria
e precisão, todos
aqueles atributos do
novo componente da
espécie, até mesmo os
seus instintos, que,
evidentemente, se aliam
a uma pequena
consciência e a uma
inteligência também
rudimentar, vacilante,
de alguma parecença com
relâmpagos conceituais,
a se desenvolver mais
amplamente no decurso do
tempo, até os máximos de
uma inteligência de
constante dinâmica
processual. Mas o que
mais me impressionara
naquele ser pequenino,
era a perfeição dos seus
iluminados e belos olhos
de cores associadas ao
verde, ao azul, olhos
que se revelam como
possíveis janelas da
alma, do ser
principiante, e,
contudo, principal.
Como se refere o notável
biólogo Rupert Sheldrake,
é preciso que nossos
cientistas deixem de
supervalorizar as
atribuições do ADN,
arguindo e pensando,
equivocadamente, que tal
ADN fora capaz de tudo
produzir de nós mesmos,
e, no caso em questão,
do peludo e belo gatinho
que eu segurava em
minhas mãos,
caracterizando espécie
de evolução mediana: de
instintos e inteligência
que ainda avançam no
curso do tempo e da
vida, que segue
ininterrupta para todos
nós.
E, portanto, nossos
cientistas do futuro, e
mesmo alguns do
presente, já anteveem
que a vida não pode ser
fruto tão só do ADN, ou,
como creem alguns
outros: fortuita e
casual, pois que a vida
é complexa demais para
dispensar um princípio
ordenador de natureza
desconhecida, quiçá
semimaterial, como forma
de energia sustentatória
e mantenedora do ser,
cuja lógica se nos
mostra cotidianamente,
pois se nos faz revelar
de todo o sempre,
bastando se queira ver,
tendo humildade para
perceber. A vida, pois,
não pode ser obra do
acaso, tão inteligente e
tão relevante quanto é,
exigindo, pois, algo que
a sustente nesta nossa
tão curta trajetória
terrestre, algo não
detectável pelas vistas
humanas, porém algo que
é fato concreto,
fundamentalmente real.
E, por isto, aprecio a
sinceridade daqueles que
reconhecem o quão pouco
sabemos da natureza, e,
por conseguinte, o
quanto temos de
pesquisar e de fazer
avançar nossos
conhecimentos,
indagações, bem como
nossas mais íntimas
percepções. E daí,
recordarmos, mais uma
vez, o campo
morfogenético de
Sheldrake, como campo
ordenador e mantenedor
da vida, a que outros
estudiosos, de forma
igual, postulam como
corpo espiritual ou
perispirítico da
conceituação doutrinária
de Allan Kardec; este
mesmo campo que nos
sustenta; que orquestra
e orquestrara o material
genético daquele gatinho
à sua forma biológica
organizada, biopsíquica,
repleta de instintos, de
alguma cognição, de sua
atual representatividade
no mundo.
Representatividade, que
o mundo moral humano -
sobretudo dos mais
sensíveis e mais
evoluídos - percebe com
a ótica da gratidão, do
amor, da proteção;
enxerga com os olhos dos
ambientalistas e dos
ecologistas, que
compreendem, em toda
forma viva do mundo, um
ser inestimável,
insubstituível, que deve
ser protegido e
preservado pela lei,
que, a meu ver, dito
comportamento ético
resulta de uma Lei
Maior, Lei a que todos
intuímos e constatamos
em nossa própria
consciência, pois que
todas as criaturas, de
todos os reinos da
natureza, são criaturas
de Deus, e haveremos de
responder por tudo
quanto fazemos ao nosso
irmão, e, inclusive, ao
mais pequenino deles,
como aquele manso
gatinho inspirador do
presente e modesto texto
defensório do mundo
animal.
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