A leitora Manuela Marina, em
carta publicada nesta mesma
edição, pergunta-nos se a
criança adotada faz parte de
nossa família espiritual.
É difícil generalizar e, por
conseguinte, dizer que sim,
que uma criança que adotamos
faz parte de nossa família
espiritual. Podemos,
contudo, afirmar que existem
vínculos muito fortes entre
o casal que adota e o filho
adotado. A adoção dessa ou
daquela criança não
ocorreria, portanto, por
mero acaso, mas seria algo
perfeitamente previsível nas
inúmeras possibilidades de
nossa passagem pela
experiência reencarnatória.
Não há na literatura
espírita muitas informações
a respeito do assunto, que,
no entanto, não passou
despercebido na obra
mediúnica de Francisco
Cândido Xavier, como o
leitor pode conferir lendo o
livro Astronautas do Além,
obra escrita em parceria por
Francisco Cândido Xavier e
José Herculano Pires, com a
participação de Emmanuel e
inúmeros outros Espíritos.
No capítulo 5 da obra
citada, Chico Xavier
divulgou a seguinte
informação:
“Nossa reunião pública foi
precedida de muitos
comentários, por parte de
vários amigos que nos
visitavam a instituição,
procedentes de cidades
diversas. Parecia-nos,
porém, que estavam com
encontro marcado para
estudar a questão dos filhos
adotivos. As perguntas e
opiniões eram de variado
aspecto. ‘Devemos dar
conhecimento aos filhos
adotivos da condição em que
se encontram conosco?’ –
indagavam alguns casais.
As respostas variavam.
Muitos companheiros se
manifestavam a favor da
realidade clara, enquanto
outros se expressavam de
maneira contrária,
acreditando que a verdade
devia permanecer sempre
velada para eles, de modo a
que não fossem chocados
negativamente.
Atingido o horário para a
reunião e iniciadas as
nossas tarefas, O
Evangelho segundo o
Espiritismo nos ofereceu
para estudo o item 8 do
capítulo XIV, em conexão com
o assunto em debate. ‘Filhos
Adotivos’ foi a mensagem que
nosso benfeitor Emmanuel nos
trouxe no encerramento dos
trabalhos.” (Astronautas
do Além, cap. 5.)
Na mensagem de Emmanuel, a
que Chico Xavier se referiu,
o conhecido autor escreveu o
seguinte:
“Filhos existem no mundo que
reclamam compreensão mais
profunda para que a
existência se lhes torne
psicologicamente menos
difícil.
Reportamo-nos aos filhos
adotivos que abordam o lar
pelas vias da provação, sem
deixarem de ser criaturas
que amamos enternecidamente.
Coloquemo-nos na situação
deles para mais claro
entendimento do assunto.
Muitos de nós, nas estâncias
do pretérito, teremos
pisoteado os corações
afetuosos que nos acolheram
em casa, seja
escravizando-os aos nossos
caprichos ou
apunhalando-lhes a alma a
golpes de ingratidão.
Desacreditando-lhes os
esforços e dilapidando-lhes
as energias, quase sempre
lhes impusemos aflição por
reconforto, a exigir-lhes
sacrifícios incessantes até
que lhes ofertamos a morte
em sofrimento pelo berço que
nos deram em flores de
esperança.
Um dia, no entanto,
desembarcados no Mais Além,
percebemos a extensão de
nossos erros e, de
consciência desperta,
lastimamos as próprias
faltas.
Corre o tempo e, quando
aqueles mesmos Espíritos
queridos que nos serviram de
pais retornam à Terra em
alegre comunhão afetiva,
ansiamos retomar-lhes o
calor da ternura, mas, nesse
passo da experiência, os
princípios da reencarnação,
em muitas circunstâncias,
tão somente nos permitem
desfrutar-lhes a convivência
na posição de filhos
alheios, a fim de
aprendermos a entesourar o
amor verdadeiro nos
alicerces da humildade.
Reflitamos nisso. E se tens
na Terra filhos por adoção,
habitua-te a dialogar com
eles, tão cedo quanto
possível, para que se
desenvolvam no plano físico
sob o conhecimento da
verdade. Auxilia-os a
reconhecer, desde cedo, que
são agora teus filhos do
coração, buscando
reajustamento afetivo no
lar, a fim de que não sejam
traumatizados na idade
adulta por revelações à base
de violência, em que
frequentemente se lhes
acordam no ser as labaredas
da afeição possessiva de
outras épocas, em forma de
ciúme e revolta, inveja e
desesperação.
Efetivamente, amas aos
filhos adotivos com a mesma
abnegação com que te
empenhas a construir a
felicidade dos rebentos do
próprio sangue. Entretanto,
não lhes ocultes a realidade
da própria situação para que
não te oponhas à Lei de
Causa e Efeito que os trouxe
de novo ao teu convívio, a
fim de olvidarem os
desequilíbrios passionais
que lhes marcavam a conduta
em outro tempo.
Para isso, recorda que, em
última instância, seja qual
seja a nossa posição nas
equipes familiares da Terra,
somos, acima de tudo, filhos
de Deus.” (Obra citada,
cap. 5.)
Comentando, no mesmo
capítulo, as informações de
Emmanuel, Herculano Pires
lembrou que não é o sangue
que nos irmana, mas o
espírito. Os laços
consanguíneos são ilusórios
e efêmeros. Filhos de outros
pais, procedentes de outro
sangue, podem, pois, ser
muito mais ligados aos pais
adotivos que os filhos
consanguíneos. “Os filhos
que voltam ao lar por vias
indiretas – afirma Herculano
– são Espíritos em prova e,
portanto, em fase de
correção moral. Precisam
conhecer a sua verdadeira
situação para que a medida
corretiva atinja a sua
eficiência. E se quisermos
burlar a lei só poderemos
acarretar-lhes maiores
sofrimentos.”
Sobre o assunto sugerimos à
leitora que leia também o
editorial “A primeira regra
ética nos casos de adoção”,
publicado na edição 14 desta
revista. Eis o link:
http://www.oconsolador.com.br/14/editorial.html
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