Quando estávamos fundando o
Grupo Espírita da Paz, a
generosidade de um coração
amigo nos doou o terreno, o
material e a mão de obra.
A única coisa que fiz foi
dizer mais ou menos como
gostaria que o Centro fosse:
um pequeno salão, uma câmara
de passes e uma pequena
cozinha.
Mas nosso amigo, acostumado
a grandes construções, foi
aumentando. O salão teria
sete por doze metros, uma
sala para passes, um
escritório, uma cozinha
outra sala mais e uma
despensa.
Quando vi a planta, comecei
a reclamar e a dizer que o
Centro ia ficar muito grande
e que não queria um Centro
daquele tamanho. Disse-lhe
que Allan Kardec havia
recomendado que os Centros
Espíritas deveriam ser
muitos e pequenos, ao invés
de grandes e poucos e que
havia ouvido o Chico Xavier
dizer que “em casa que muito
cresce, o amor desaparece”.
Diante de minha
impertinência, o generoso
amigo disse:
- Então, vamos levar a
planta ao Chico Xavier e o
que ele disser faremos.
Concorda?
- Não estou tão louco assim
a ponto de discordar do
Chico, respondi.
E lá fomos nós.
Após olhar demoradamente a
planta, sob as explicações
do bondoso amigo, o Chico
considerou que o tamanho
estava bom, fez mais algumas
observações, depois
voltou-se para mim e disse:
- Sabe, Deco, o rei Gustavo,
quando assumiu o trono da
Suécia, lembrou-se de um
amigo da infância que havia
seguido a carreira
religiosa. Mandou chamá-lo e
disse-lhe que pretendia
nomeá-lo pastor ou ministro
religioso de Estocolmo. Mas
o amigo não estava muito
disposto a aceitar. O rei
insistia e a resposta era
sempre não.
Depois de algum tempo, o rei
disse:
- Está bem, Fulano. Penso
que não devo obrigá-lo, mas
me diz, então, o que é que
você quer? Que posso fazer
por você?
O religioso respondeu:
- O senhor se lembra daquele
local em que brincávamos na
infância, onde havia um
bosque e um pequeno riacho?
Ante a resposta afirmativa
do Rei, o amigo continuou:
- Lá se desenvolveu uma
pequena aldeia. O lugar é
bonito e tranquilo e
gostaria que o senhor me
nomeasse pastor daquele
local.
O Rei, então, lhe respondeu:
- Ah! Fulano, se eu pudesse,
gostaria de ser o carteiro
dessa aldeia.
O Chico terminou a história
aí. Sem mais, nem menos.
Então, cometi a bobagem de
dizer:
- Chico! Não entendi.
- Não? Disse-me ele. O
religioso estava com muita
preguiça. Não queria uma
cidade grande, porque ia ser
muito procurado, ia ter que
atender muita gente e iria
ter muito trabalho.
Senti tanta vergonha que
minha vontade era sair dali
correndo.
Na viagem de volta, disse ao
meu amigo:
- Se quiser pode fazer um
Centro de dois ou três
andares.
Extraído do livro “Kardec
Prossegue”, de Adelino da
Silveira, editado pela
Editora Cultura Espírita
União, de São Paulo.
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