VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP
(Brasil)
|
|
A
Viagem
–
uma novela
com
tema espírita
Ivani Ribeiro
(1916-1995),
cujo nome
original é
Cleide Freitas
Alves Ferreira,
nascida no
município
litorâneo-paulista
de São Vicente,
desenvolveu na
Capital de São
Paulo sua arte
cênica.
No ano de 1975,
através da então
TV Tupi, foi ao
ar um dos
trabalhos de
dramaturgia que
fez sucesso em
todo o
território
nacional, por
tratar de
assunto que na
verdade sempre
interessou a
muitos, mas que,
em razão do
compromisso
religioso
individual, os
impedimentos
naturais
acabavam
prejudicando uma
aproximação
maior com o
tema.
E foi assim que,
buscando
conhecimento em
dois livros
espíritas,
Nosso lar
(1944) e A
vida continua
(1968),
ambos da autoria
de André Luiz,
com psicografia
de Francisco
Cândido Xavier
(1910-2002),
Ivani Ribeiro,
com a orientação
do professor
José Herculano
Pires
(1914-1979),
escreveu a
novela “A
Viagem”, com
base assentada
no Espiritismo.
Nessa época, Eva
Wilma, Altair
Lima, Tony Ramos
e Cláudio Corrêa
e Castro estavam
à frente do
elenco.
Na versão da
própria autora,
em 1994, a Rede
Globo apresentou
esse mesmo tema,
A Viagem,
com nova
roupagem
artística e a
participação de
Solange Castro
Neves, apontada
como a
responsável pelo
grande êxito da
trama, com a
inserção de
alguns
complementos
pertinentes,
como terapias e
experiências
espiritualistas
que invadiram o
final do século
XIX.
Para os que
conhecem o
Espiritismo,
doutrina
filosófica,
científica e
religiosa devida
a Allan Kardec,
trata-se de um
tema vivo e
estudado
constantemente
pelos espíritas,
e que será
apresentado pela
televisão por um
selecionado
elenco de
profissionais
que vivem a
trama
desenrolada nos
capítulos que
compõem o
episódio.
Para os que
desejam conhecer
a Doutrina
Espírita ou
Espiritismo,
essa será mais
uma das ótimas
oportunidades
oferecidas pela
televisão
brasileira, de
conhecer, além
dos bastidores
da vida física,
caminhos em que
as demais
doutrinas
religiosas não
penetram, não
percorrem e nem
circulam à
vontade.
O trabalho
de Ivani
Ribeiro é
considerado como
sucesso da
teledramaturgia
nacional e um
dos pioneiros na
abordagem do
Espiritismo. Há
muito tempo
sonhava em
escrever uma
novela em cuja
trama incluísse
alguma coisa de
cunho
espiritualista.
Esse sonho ela
realizou em A
Viagem. Para
que tudo isso
saísse perfeito
e para que, em
sua novela, a
trama espírita
fosse mostrada
dentro de uma
concepção real
da doutrina,
Ivani procurou a
assessoria do
prof. Herculano,
diretor do
Departamento
doutrinário do
Grupo Espírita
Cairbar Schutel,
de Vila
Clementino, em
São Paulo-SP,
que se mostrou
solícito em
acompanhar o
trabalho que
estava sendo
realizado e se
sentia feliz com
o andamento da
novela. O
depoimento de
Herculano Pires,
que segue,
refere-se ao
elenco de 1975,
primeira
gravação de A
Viagem:
– “Meu sentido é
dar uma
contribuição
doutrinária sem
me envolver no
enredo, que é a
criação
exclusiva de
Ivani Ribeiro. É
a primeira vez
que oriento um
trabalho dessa
natureza e me
alegro em ver a
verdadeira
concepção
doutrinária da
vida espiritual
tão bem
retratada na
televisão, para
milhões se
telespectadores.
O mérito do
trabalho é todo
de Ivani, autora
que considero de
grande
inteligência.
Ela escreve
capítulos e,
periodicamente,
fazemos uma
pequena reunião
e eu vou dando
as orientações
necessárias.
Minha assessoria
se faz sentir
mais nas telas
do Dr. Alberto
(Rolando
Boldrin) e do
Dr. César Jordão
(Altair Lima).
Mais ainda, a
partir da morte
(passagem) de
Alexandre
(Everton de
Castro). Ao ser
preso, julgado e
condenado,
Alexandre jurou
que vivo ou
morto se
vingaria. Essas
influências são
possíveis, pois
o Espírito, ao
fazer sua
viagem, leva
consigo todas as
características
que teve na vida
terrena, porque
ele acompanha
toda a evolução
biológica do
corpo”.
Doutor em
teledramaturgia
brasileira e
latino-americana
pela USP
(Universidade de
São Paulo) e
membro da
Academia
Internacional de
Artes e Ciências
da Televisão de
Nova York, Mauro
Alencar lista
cinco motivos
para os
telespectadores
não perderem a
quarta exibição
da trama na TV.
O canal Viva,
por sua vez,
informa que a
escolha visa
atender aos
pedidos do
público:
1º - A vida
pós-morte na
visão de Ivani
Ribeiro, tal e
qual a
conhecemos e a
vida em outro
plano, após a
morte, a
vivência
espiritual,
armou, com isso,
um leque de
possibilidades
muito grande,
sendo que um
grupo repercutia
no outro.
2º - Roteiro
atual, que
cativa
independentemente
da religião. É
preciso algo que
vá além da
matéria para dar
suporte ao que
enfrentamos
diariamente. E,
dentro dessa
cosmovisão de
que o plano
terreno não é o
único para todas
as respostas que
necessitamos,
surge o processo
de libertação e
a vida passa a
fluir de maneira
mais serena.
3º - Estão todos
muito bem
representados: o
amor, a revolta,
a ira, a inveja,
o rancor, o
companheirismo.
Portanto,
apresenta um
manancial de
ideias, tendo o
Espiritismo como
eixo central.
4º - Tema tabu:
o suicídio de
Alexandre
(Guilherme
Fontes). Diga-se
de passagem, a
autora escreveu
sobre isso com
um lastro de
humanidade muito
grande,
arquitetando a
trama e
movimentando os
personagens.
Importante dizer
que o suicídio
de Alexandre
serviu como
impulso
dramático, ou
seja, foi o
motor de
arranque para os
conflitos
posteriores, e,
5º - A viagem
tem todo o
elenco muito bem
conduzido em
cena, sob a
direção de Wolf
Maia. Estão na
trama os atores:
Antônio
Fagundes,
Christiane
Torloni,
Maurício Mattar,
Andréa Beltrão,
Miguel Falabella,
Lucinha Lins,
Laura Cardoso,
Jonas Bloch,
Thaís de Campos
e Guilherme
Fontes.
E é com esse
acervo de
valores que a
partir de 14 de
julho do
corrente ano, o
canal Viva,
da Rede Globo,
vem levando ao
ar a novela “A
Viagem”, de
Ivani Ribeiro,
de segunda a
sábado, no
horário das
14h30, com
reprise no
início da
madrugada, à
01h45.
Fontes:
Revistas
Amiga e
Contigo,
de 1975.
Reportagem de
Rogaciano de
Freitas.