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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 377 - 24 de Agosto de 2014

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 


Pela destruição das barreiras

 

Quando um negro assumiu a presidência dos Estados Unidos, um sinal foi dado: que é hora de mudar os conceitos, deixar de lado a altivez ilusória, o orgulho vil, o egoísmo destruidor, o preconceito que não leva a nada.

Na memória de todos, a lembrança das palavras de Martin Luther King: "Eu tive um sonho. Sonhei que um dia este país viverá seu ideal tal qual redigido em sua declaração de independência: temos esta verdade por evidente, que todos os homens são criados iguais". Com apenas 25 anos, Luther King foi a pessoa mais jovem agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.

Os idealistas são destemidos. Como a costureira Rosa Parks, que foi presa e multada por ter-se recusado a ceder o lugar, num ônibus, a um branco. Por tudo isso, essa frase constou das mensagens de celulares, nos Estados Unidos: "Rosa Parks sentou para Martin Luther King caminhar. King caminhou para Obama correr. E Obama correu para que as próximas gerações possam voar".

A grande e poderosa nação não poderia suportar, por muito tempo, tanta demonstração de pobreza de espírito. E o movimento pela igualdade atinge o auge em 1964, com a Lei Federal dos Direitos Civis, que baniu a discriminação racial em todos os estabelecimentos públicos.

Dentro desse espírito, décadas antes a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu uma série de valores que devem ser respeitados: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, que estabelece no seu Artigo I que todos os seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos. São dotados de razão e de consciência e devem agir em suas relações com espírito de fraternidade.

Muito antes, em 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional da França aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. O Artigo 1o estabelece que os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. O Artigo 4o diz que a liberdade consiste em fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser determinados pela lei.

A regeneração moral do homem só pode ser melhor compreendida com a consciência da reencarnação. Se Deus criasse para cada corpo um Espírito novinho em folha, a Humanidade se renovaria somente com as entidades primitivas, que teriam tudo o que aprender. O homem de hoje não seria mais adiantado que o dos primeiros tempos, pois, a cada nascimento, o Espírito teria que recomeçar.

É compreensível que o Espírito volte com o progresso já realizado, adquirindo, a cada encarnação, uma experiência a mais, "passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral". (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXV - Buscai e achareis - item 2.) “É assim que "nosso globo, como tudo quanto existe, está sujeito à lei do progresso. Progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela purificação dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam.” (A Gênese, capítulo XVIII - Sinal dos tempos - item 2.)

O Espiritismo nos esclarece, racionalmente, como se processa essa reforma. Compreendemos, então, que pela força das coisas, realizar-se-á a revolução moral que transformará a Humanidade e mudará a face do mundo. A ação do elemento espiritual sobre o mundo material alarga o domínio da Ciência e abre novas clarinadas ao progresso material. A fraternidade deixa de ser uma palavra vã, ela mata o egoísmo, ao invés de ser morta por ele. Conscientizado dessas ideias, o homem a ela conformará suas leis e suas instituições sociais.

No capítulo XII (Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita) de O Evangelho segundo o Espiritismo, a mensagem de Irmã Rosália, no item 9, diz: "A caridade moral consiste em vos suportardes uns aos outros, o que menos fazeis neste mundo inferior, em que estais momentaneamente encarnados". "Essa caridade, entretanto, não deve impedir que se pratique a outra. Pelo contrário: pensai, sobretudo, que não deveis desprezar o vosso semelhante."
 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita