ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
|
|
Alfabetização
espiritual: uma
obrigação de
todos nós
A vida moderna
nos impõe
inúmeras
obrigações e
deveres. Grosso
modo, uma
existência bem
aproveitada
implica em
administrar com
proficiência
problemas e
dificuldades de
toda sorte.
Jesus – nosso
modelo e guia –
e outros
expoentes da
espiritualidade
convivem com
labores
altamente
complexos e
desafiadores. Se
o Pai Celestial
trabalha, como
asseverou o
Mestre outrora,
“...
eu trabalho
também”
(João, 5: 17),
deixando
entrever a
pesada carga de
responsabilidades
advindas da sua
sublime missão
de educador dos
corações humanos.
Portanto, não
podemos, então,
de nossa parte,
esperar algo
substancialmente
diferente. À
medida que
evoluímos mais
deveres
abraçamos. Uma
força
incoercível nos
compele a dar,
entregar e a
compartilhar
mais de nós
mesmos. Passamos
a perceber,
enfim, que somos
muito menos que
uma gota – e eu
estou sendo
generoso – do
oceano.
No entanto, dada
a nossa
precariedade
cognitiva e
considerando as
paisagens de
sofrimento e
destruição que,
infelizmente
ainda,
caracterizam a
Terra, temos a
obrigação
individual de
nos
autoiluminarmos
para
transformá-la
numa das belas
moradas da “casa
do Pai”. E tal
desiderato não
pode ser
atingido sem o
esforço pessoal
de nos
alfabetizarmos
espiritualmente.
Dito de outra
maneira, a
criatura humana
necessita
urgentemente
educar a sua
própria alma.
Como já nos
referimos
algures, “...
são raros
aqueles que,
concomitantemente
às exigências da
vida moderna –
onde sempre
predominam as
coisas de
natureza
material –, dão
também atenção
aos assuntos de
origem
transcendental.
Aliás, se
tivéssemos a
curiosidade de
averiguar quanto
do nosso tempo é
despendido em
coisas ligadas à
matéria ou de
importância
duvidosa,
ficaríamos
estarrecidos”.1
De maneira
similar, a
renomada
pesquisadora
inglesa, Dra.
Ursula King,
observa que
necessitamos dar
mais atenção à
educação do
espírito. Ela
considera que
nós necessitamos
aprender a
desenvolver uma
profunda
liberdade
interior e
consciência para
nos tornarmos
mais alertas
espiritualmente
e conclui
advogando que “A
capacidade para
espiritualidade
está presente em
todos os seres
humanos, mas
necessita ser
ativada e
realizada. Isso
significa que
tem de ser
ensinada de
algum modo, e
isso requer
novos enfoques
para educação
espiritual.
[...]”.2
Obviamente, o
curso do
autodesenvolvimento
espiritual não é
tarefa para
apenas uma
existência.
Certamente
continuará do
lado de lá,
assim como em
outras
encarnações.
Também não
podemos imaginar
que tal
aprendizado
advirá
exclusivamente
de determinados
cursos que
venhamos a
frequentar. Eles
podem, na melhor
das hipóteses,
ajudar em
determinados
momentos, mas a
maior parte
desse processo
de alfabetização
ocorrerá
mediante:
constantes e
solitários
exercícios de
reflexão e
meditação acerca
das atitudes
tomadas no dia a
dia; a busca
incessante do
autoconhecimento;
a coragem para
enfrentar as
sombras da
personalidade; e
a determinação
para proceder
tomando sempre o
bem como
bússola.
Paralelamente a
esse esforço, o
“aluno” deverá
voltar-se a Deus
através da
oração sincera e
confiante a fim
de que os seus
canais
intuitivos
captem sempre as
melhores
sugestões.
Não poderá
abdicar também
de mergulhar a
sua atenção em
leituras
edificantes,
esclarecedoras,
eivadas de
sabedoria e
experiências
humanas valiosas
que lhe facultem
condições de
vislumbrar a
dimensão antes
ignorada, isto
é, a da vida
espiritual.
Pode-se prever
que o “bom
aluno” mudará
consideravelmente
a sua percepção
e conduta a
partir daí. Os
seus gostos,
preferências e
aspirações
sofrerão
profundas
mudanças, a sua
sensibilidade no
trato com os
semelhantes será
amplificada,
assim como
dilatada a sua
capacidade de
compreensão dos
fatos e eventos,
entre outros
tantos
benefícios. Com
toda certeza
estará mais
preparado para
ouvir, dialogar
e entender os
companheiros de
jornada.
Muitas vezes o
“bom aluno”
ver-se-á
envolvido numa
aparente
solidão. Afinal,
a sua gama de
interesses e até
mesmo objetivos
transmutam-se
completamente.
Mas é na
quietude da alma
que encontrará
respostas e
conclusões para
os mais
importantes
dramas
existenciais.
Concomitantemente,
compreenderá que
deverá
desenvolver os
recursos da
paciência,
discernimento,
humildade,
renúncia,
emoções
positivas, amor,
fraternidade e
tolerância –
algumas
matérias,
convenhamos, nem
sempre
lecionadas nas
salas educativas
da Terra. O novo
ser que emergirá
dessa
alfabetização
dominará não
apenas
pensamentos,
emoções e
poderosas forças
interiores, mas
estará apto a
entender e a
cooperar de
maneira mais
incisiva na obra
do Criador sendo
uma criatura
melhor sob todos
os aspectos e
sentidos.
Notas:
1.
Vasconcelos,
A.F. A
necessidade da
agenda
espiritual. O
Clarim, nº
1, p. 12, agosto
2005.
2.
King, U. The
search for
spirituality:
our global quest
for a spiritual
life. New
York, NY:
BlueBridge,
2008, p. 88.