Em carta publicada nesta
mesma edição, Nilson Furtado
dos Santos, de Brasília
(DF), diz-nos o seguinte:
De acordo com as questões
113 e 169 do Livro dos
Espíritos, podemos entender
que a evolução dos espíritos
é FINITA, ou seja os
espíritos PUROS não evoluem
mais, chegaram ao limite.
Gostaríamos de ouvir a
opinião de vocês. (Nilson
Furtado dos Santos)
Eis o que se lê nas questões
mencionadas:
Primeira classe. Classe
única. – Os Espíritos que a
compõem percorreram todos os
graus da escala e se
despojaram de todas as
impurezas da matéria. Tendo
alcançado a soma de
perfeição de que é
suscetível a criatura, não
têm mais que sofrer provas,
nem expiações. Não estando
mais sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis,
realizam a vida eterna no
seio de Deus. Gozam de
inalterável felicidade,
porque não se acham
submetidos às necessidades,
nem às vicissitudes da vida
material.
(O Livro dos Espíritos, item
113.)
É invariável o número das
encarnações para todos os
Espíritos? “Não; aquele que
caminha depressa, a muitas
provas se forra. Todavia, as
encarnações sucessivas são
sempre muito numerosas,
porquanto o progresso é
quase infinito.”
(L.E., 169.)
Parece-nos, à vista das
questões acima, que existe
sim um limite, um fim, um
termo com relação ao
progresso espiritual.
Infinita, somente a
inteligência de Deus o
seria, como é dito com
clareza no texto seguinte,
publicado no cap. II do
livro A Gênese, de
Allan Kardec:
Deus é a suprema e soberana
inteligência. A inteligência
de Deus, abrangendo o
infinito, tem que ser
infinita. Se a supuséssemos
limitada num ponto qualquer,
poderíamos conceber outro
ser mais inteligente, capaz
de compreender e fazer o que
o primeiro não faria e assim
por diante, até ao infinito.
(A Gênese, cap. II, itens 9
a 19.)
Ocorre, porém, que é preciso
cuidado quando lidamos com
as palavras finito e
infinito.
Na questão 2 d´O Livro
dos Espíritos,
respondendo a Kardec, que
lhes perguntou: “Que se deve
entender por infinito?”, os
benfeitores espirituais
responderam: “O que não tem
começo nem fim: o
desconhecido; tudo o que é
desconhecido é infinito.”
Já na questão 466 da mesma
obra, em resposta a outra
pergunta proposta por
Kardec, eles disseram: “Os
Espíritos imperfeitos são
instrumentos próprios a pôr
em prova a fé e a constância
dos homens na prática do
bem. Como Espírito que és,
tens que progredir na
ciência do infinito”.
Note, pois, o leitor que a
mesma palavra é utilizada
para designar elementos
diferentes:
-
Progresso quase infinito
dos espíritos (L.E.,
169)
-
Inteligência de Deus (A
Gênese, cap. II)
-
O que não tem começo nem
fim (L.E., 2)
-
O desconhecido (L.E., 2)
-
O conhecimento integral,
abarcando tanto o
elemento material quanto
o elemento espiritual (LE.,
466).
O motivo está ligado, como
em outros casos, à pobreza
da linguagem humana, que se
vale da mesma palavra para
designar coisas diferentes.
O dicionário Aurélio
apresenta-nos para a palavra
infinito (do latim infinitu)
os significados seguintes:
-
Não finito; sem fim,
termo ou limite;
infindo.
-
De duração, extensão ou
intensidade extremas;
imenso.
-
Inumerável,
incalculável,
incontável.
Assim é que se diz, como
vemos em inúmeros artigos e
textos diversos:
-
Saudade infinita (isto
é: imensa).
-
Infinita paciência (isto
é: sem limite).
-
Passou um infinito
número de anos a estudar
(isto é: incontável).
-
Infinitas histórias
(isto é: inumeráveis).
-
A misericórdia de Deus é
infinita (isto é: sem
limite).
Foi, certamente, pelo mesmo
motivo que Léon Denis, em
seu livro O Porquê da
Vida, FEB, 14ª ed.,
págs. 47 a 49), escreveu que
os princípios que decorrem
do novo espiritualismo –
princípios ensinados pelos
Espíritos desencarnados –
são:
-
Existência de Deus
-
Imortalidade da alma
-
Comunicação entre os
vivos e os mortos
-
Progresso infinito.
De igual modo assim procedeu
Amalia Domingo Soler, no
capítulo intitulado “Um
adeus”, do livro Memórias
do Padre Germano,
quando, reportando-se à sua
experiência de quase um ano
em que, numa casa à
beira-mar, manteve contacto
com o Espírito do Padre
Germano, escreveu:
“Quantas vezes aí chegáramos
lamentando as misérias
humanas, para deixá-lo,
lábios entreabertos em
venturoso sorriso,
murmurando com íntima
satisfação: A vida é bela,
quando se confia no
progresso infinito e se ama
a verdade suprema, a eterna
luz!”
(Obra citada, pp. 361 a
365.)
E a mesma ideia encontramos
na obra Libertação,
escrita por André Luiz, em
que ele reproduz uma longa
palestra proferida pelo
Ministro Flácus, da qual
extraímos este trecho:
“Enquanto o homem, nosso
irmão, desintegra assombrado
as formações atômicas, nós
outros, distanciados do
corpo denso, estudamos essa
mesma energia através de
aspectos que a ciência
terrestre, por agora, mal
conseguiria imaginar.
Caminheiros, porém, que
somos do progresso infinito,
principiamos apenas, ele e
nós, a sondar a força
mental, que nos condiciona
as manifestações nos mais
variados planos da
natureza”.
(Obra citada, cap. 1.)
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