Olhar para cima
“O fardo parece menos
pesado quando se olha
para o alto, do que
quando se curva a fronte
para o chão.” – (UM
ESPÍRITO AMIGO, Havre,
1862), E.S.E., cap. IX.
A revista VEJA,
em sua edição 2387 de 20
de agosto de 2014,
comenta a lamentável
perda do ator Robin
Williams em suas páginas
120 e 121: “Robin
Williams, tataraneto de
senador, filho de
executivo da indústria
de automóveis, estudante
por um breve período de
ciências sociais, e
egresso da
prestigiosíssima escola
de artes Julliard, foi
assombrado por demônios
persistentes: álcool,
drogas, depressão. Os
dois primeiros, ele
conseguiu conter: desde
1983, quando nasceu Zak,
o mais velho de seus
três filhos (ele deixa
ainda Zeida e Cody),
estava sóbrio. (A
cocaína é o jeito de
Deus dizer que você está
ganhando dinheiro
demais, observou). O
terceiro demônio, a
depressão, nunca deixou
de rondá-lo; seu humor
de altíssima velocidade
era, de certa forma, ao
mesmo tempo, uma
expressão da mania que
se opõe aos vales
profundos do ânimo e uma
libertação deles. Nunca
se saberá o que empurrou
Williams à sua decisão
trágica, mas especula-se
que o diagnóstico de
Parkinson, que ele
recebera havia a pouco –
informação revelada por
Susan Schneider, sua
terceira mulher, alguns
dias após a sua morte –,
tenha contribuído para
ela”.
Como conceitua o ditado
popular, ninguém sabe o
que se passa debaixo do
teto alheio. Quem
poderia imaginar que
esse ator consagrado
pelo seu talento
“monstruoso” nas telas
de cinema estivesse às
voltas com problemas
íntimos de tal
gravidade?
Enfrentar e vencer a
drogadição de
substâncias lícitas
(álcool) e ilícitas
(popularmente
denominadas de “drogas”)
já exigiu um grande
esforço de Robin
Williams.
Contudo, pelo que se
noticia sobre a doença
depressiva de que ele
era vítima, sua vida,
apesar das aparências
que estávamos
acostumados a apreciar
na exibição de seus
filmes, não deve ter
sido nada fácil.
Para culminar os
sofrimentos que
compunham seu drama, o
diagnóstico da doença de
Parkinson (segundo
outras fontes, Mal de
Alzheimer) acrescentou o
peso que o levou,
lamentavelmente, a
procurar alívio pela
enganosa porta do
suicídio.
Na passagem do Evangelho
citado no início, o
Espírito Amigo que se
manifestou em Havre em
1862 nos fala no olhar
para cima com a intenção
de tornar nosso jugo
mais suave, em lugar de
olharmos para baixo.
Esse curvar a cabeça
para baixo é o olhar do
depressivo. Daquele que
contempla os problemas
da vida entre o estreito
limite do berço ao
túmulo, que é um tempo
extremamente exíguo e de
passagem rapidíssima se
comparada ao calendário
da eternidade. A
proposta de olharmos
para cima, trazida pelo
Espírito comunicante, é
o olhar daquele que
contempla o infinito com
seus inesgotáveis
recursos para colocarem
um fim em nossos dramas.
Olhar para cima é o
entendimento da breve
passagem pelo tempo do
mundo físico. Quem olha
para o alto é capaz de
afirmar: hoje estou aqui
com todo o peso dos
problemas que a vida me
coloca sobre os ombros,
mas amanhã estarei “lá”,
em outra dimensão, onde
serei vencedor sobre
todas as dificuldades
que hoje tisnam o
horizonte da minha
existência aqui na
Terra.
Infelizmente, o grande
ator Robin Williams não
era conhecedor dessas
informações que nós,
espíritas, dispomos
através das bênçãos das
orientações que a
Doutrina dos Espíritos
nos proporciona. Temos a
oportunidade de olhar
para o alto e divagar
sobre os mundos felizes
que a todos aguardam,
mais dia, menos dia.
O olhar para baixo nos
fixa à Terra, o que não
devemos aceitar,
lembrando-nos de que
nosso Modelo e Guia,
Jesus, passou pelo mundo
sem pertencer ao mundo,
porque, sem dúvida
nenhuma, mantinha-se
ligado às elevadíssimas
esferas de onde proveio
para socorrer-nos em
nossa incredulidade
fruto de nossa pouca fé,
para que possamos, nos
momentos difíceis que
forçam nosso olhar para
baixo, saber olhar para
cima, quando então nosso
jugo será mais leve e
possível de ser
suportado.