O filho do
orgulho
Cairbar Schutel
(Espírito)
O melindre -
filho do orgulho
- propele a
criatura a
situar-se acima
do bem de todos.
É a vaidade que
se contrapõe ao
interesse geral.
Assim, quando o
espírita se
melindra,
julga-se mais
importante que o
Espiritismo e
pretende-se
melhor que a
própria tarefa
libertadora em
que se consola e
esclarece.
O melindre gera
a prevenção
negativa,
agravando
problemas e
acentuando
dificuldades, ao
invés de
aboli-los.
Essa alergia
moral demonstra
má-vontade e
transpira
incoerência,
estabelecendo
moléstias
obscuras nos
tecidos sutis da
alma.
Evitemos tal
sensibilidade de
porcelana, que
não tem razão de
ser.
Basta ligeira
observação para
encontrá-la a
cada passo:
É o diretor que
tem a sua
proposição
refugada e se
sente
desprestigiado,
não mais
comparecendo às
assembleias.
O médium
advertido
construtivamente
pelo condutor da
sessão, quanto à
própria educação
mediúnica, e que
se ressente,
fugindo às
reuniões.
O comentarista
admoestado
fraternalmente
para abaixar o
volume da voz e
que se amua na
inutilidade.
O colaborador do
jornal que vê o
artigo recusado
pela redação e
que se supõe
menosprezado,
encerrando
atividades na
imprensa.
A cooperadora da
assistência
social
esquecida, na
passagem de seu
aniversário, e
se mostra
ferida, caindo
na indiferença.
O servidor do
templo que foi,
certa vez,
preterido na
composição da
mesa orientadora
da ação
espiritual e se
desgosta por
sentir-se
infantilmente
injuriado.
O doador de
alguns donativos
cujo nome foi
omitido nas
citações de
agradecimento e
surge magoado,
esquivando-se a
nova cooperação.
O pai relembrado
pela professora
das aulas de
moral cristã,
com respeito ao
comportamento do
filho, e que,
por isso, se
suscetibiliza,
cortando o
comparecimento
da criança.
O jovem
aconselhado pelo
irmão
amadurecido e
que se
descontenta,
rebelando-se
contra o aviso
da experiência.
A pessoa que se
sente
desatendida ao
procurar o
companheiro de
cuja cooperação
necessita, nos
horários em que
esse mesmo
companheiro, por
sua vez,
necessita de
trabalhar a fim
de prover à
própria
subsistência.
O amigo que não
se viu
satisfeito ante
a conduta do
colega, na
instituição, e
deserta,
revoltado,
englobando todos
os demais em
franca
reprovação,
incapaz de
reconhecer que
essa é a hora de
auxílio mais
amplo.
O espírita que
se nega ao
concurso
fraterno somente
prejudica a si
mesmo.
Devemos perdoar
e esquecer se
quisermos
colaborar e
servir.
A rigor, sob as
bênçãos da
doutrina
espírita, quem
pode dizer que
ajuda alguém?
Somos sempre
auxiliados.
Ninguém vai a um
templo
doutrinário para
dar,
primeiramente.
Todos nós aí
comparecemos
para receber
antes de mais
nada, sejam
quais forem as
circunstâncias.
Fujamos à
condição de
sensitivas
humanas,
convictos de que
a honra reside
na tranquilidade
da consciência,
sustentada pelo
dever cumprido.
Com a humildade
não há o
melindre que
piora aquele que
o sente, sem
melhorar a
ninguém.
Cabe-nos ouvir a
consciência e
segui-la,
recordando que a
suscetibilidade
de alguém sempre
surgirá no
caminho de
alguém que
precisa de
nossas preces,
conquanto curtas
ou aparentemente
desnecessárias.
E para terminar,
meu irmão,
imagine se um
dia Jesus se
melindrasse com
os nossos
incessantes
desacertos...
Do livro O
Espírito da
Verdade,
obra mediúnica
psicografada
pelo médiuns
Waldo Vieira e
Francisco
Cândido Xavier.