Mecanismos da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
35)
Damos prosseguimento ao
estudo sequencial do
livro Mecanismos da
Mediunidade, obra de
autoria de André Luiz,
psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1960 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Hábito e reflexo
condicionado mantêm
entre si alguma
correlação?
Sim. O hábito é, em
verdade, uma
cristalização do reflexo
condicionado específico,
como podemos ver nas
ocorrências normais do
cotidiano. Observemos o
homem moderno buscando o
jornal da manhã, e
vê-lo-emos procurando o
setor do noticiário com
que mais sintonize. Se
os negócios materiais
lhe definem o campo de
interesses imediatos,
assimilará
automaticamente todos os
assuntos comerciais,
emitindo oscilações
condicionadas aos
pregões e avisos
divulgados. Se o tema
que lhe importa são os
assuntos policiais, é
isso que buscará em
primeiro lugar no
noticiário de cada dia,
tornando-se essa busca
um hábito que se
repetirá diariamente e
dificilmente será
modificado.
(Mecanismos da
Mediunidade, cap. XVIII,
págs. 118 a 120.)
B. Esse comportamento
poderá atrair companhias
invisíveis aos nossos
olhos?
Sim. Suponhamos que o
leitor mencionado se
decida pelos fatos
policiais. Avidamente
procurará os sucessos
mais lamentáveis e,
finda a voluptuosa
seleção dos crimes ou
desastres apresentados,
escolherá o mais
impressionante aos
próprios olhos, para
nele concentrar a
atenção. Feito isso,
começará exteriorizando
na onda mental
característica os
quadros terrificantes
que lhe nascem do
cérebro, plasmando a sua
própria versão, ao redor
dos fatos ocorridos.
Nesse estado de ânimo,
atrairá companhias
simpáticas que, em lhe
escutando as
conjecturas, passarão a
cunhar pensamentos da
mesma natureza,
associando-se-lhe à
maneira íntima de ver,
não obstante cada um se
mostre em campo pessoal
de interpretação. Daí a
instantes, se as
formas-pensamentos
fossem visíveis ao olhar
humano, os comentaristas
contemplariam no próprio
agrupamento o fluxo
tóxico de imagens
deploráveis, em torno da
tragédia, a lhes
nascerem da mente no
regime das reações em
cadeia, espraiando-se no
rumo de outras mentes
interessadas no
acontecimento infeliz.
(Obra citada, cap.
XVIII, págs. 118 a 120.)
C. Na mediunidade de
efeitos intelectuais a
eclosão da força
psíquica pode surgir em
qualquer idade?
Qual se observa nos
fenômenos de efeitos
físicos, a eclosão da
força psíquica nos
efeitos intelectuais
pode surgir em qualquer
idade fisiológica,
verificando-se, muita
vez, a simbiose entre a
entidade desencarnada e
a entidade encarnada
desde o renascimento
desta última, pela
ocorrência da conjugação
de ondas. Em todos os
continentes, podemos
encontrar milhões de
pessoas em tarefas
dignas ou menos dignas
senhoreadas por
Espíritos desenfaixados
do liame físico,
atendendo a determinadas
obras ou influenciando
pessoas para fins
superiores ou
inferiores, em largos
processos de mediunidade
ignorada, fatos esses
vulgares em todas as
épocas da Humanidade.
(Obra citada, cap.
XVIII, págs. 120 e 121.)
Texto para leitura
109. Nas
ocorrências cotidianas
– No estudo da
mediunidade de efeitos
intelectuais, podemos
invocar as ocorrências
cotidianas para ilustrar
a nossa conceituação de
maneira simples. Basta
examinar o hábito, como
cristalização do reflexo
condicionado específico,
para encontrá-la, a cada
instante, nos próprios
encarnados entre si.
Observemos o homem
moderno buscando o
jornal da manhã, e
vê-lo-emos procurando o
setor do noticiário com
que mais sintonize. Se
os negócios materiais
lhe definem o campo de
interesses imediatos,
assimilará
automaticamente todos os
assuntos comerciais,
emitindo oscilações
condicionadas aos
pregões e avisos
divulgados. Formará,
então, largos
raciocínios sobre o
melhor modo de amealhar
os lucros possíveis e,
se o cometimento demanda
a cooperação de alguém,
buscá-lo-á,
incontinenti, na pessoa
de um parente ou
afeiçoado que lhe
partilhe as visões da
vida. O sócio potencial
de aventura ouvir-lhe-á
as alegações e,
mecanicamente,
absorver-lhe-á os
pensamentos, passando a
incorporá-los na onda
que lhe seja própria,
mentalizando os
problemas e realizações
previstos, em termos
análogos. Cada um de per
si falará na ação em
perspectiva, com
impulsos e resoluções
individuais, embora a
ideia fundamental lhes
seja comum. Pelo reflexo
condicionado específico,
haurido através da
imprensa, ambos
produzirão raios
mentais, subordinados ao
tema em foco,
comunicando-se
intimamente um com o
outro e partindo no
encalço do objetivo.
Suponha-se que o leitor
se decida pelos fatos
policiais. Avidamente
procurará os sucessos
mais lamentáveis e,
finda a voluptuosa
seleção dos crimes ou
desastres apresentados,
escolherá o mais
impressionante aos
próprios olhos, para
nele concentrar a
atenção. Feito isso,
começará exteriorizando
na onda mental
característica os
quadros terrificantes
que lhe nascem do
cérebro, plasmando a sua
própria versão, ao redor
dos fatos ocorridos.
Nesse estado de ânimo,
atrairá companhias
simpáticas que, em lhe
escutando as
conjecturas, passarão a
cunhar pensamentos da
mesma natureza,
associando-se-lhe à
maneira íntima de ver,
não obstante cada um se
mostre em campo pessoal
de interpretação. Daí a
instantes, se as
formas-pensamentos
fossem visíveis ao olhar
humano, os comentaristas
contemplariam no próprio
agrupamento o fluxo
tóxico de imagens
deploráveis, em torno da
tragédia, a lhes
nascerem da mente no
regime das reações em
cadeia, espraiando-se no
rumo de outras mentes
interessadas no
acontecimento infeliz.
E, por vezes,
semelhantes conjugações
de ondas desequilibradas
culminam em grandes
crimes públicos, nos
quais Espíritos
encarnados, em desvario,
pelas ideias doentes que
permutam entre si, se
antecipam às
manifestações da justiça
humana, efetuando atos
de extrema ferocidade,
atacados de loucura
coletiva, para, mais
tarde, responderem às
silenciosas arguições da
Lei Divina, cada qual na
medida de sua
participação na prática
do mal. (Cap. XVIII,
pp. 118 a 120.)
110. Mediunidade
ignorada – Na
pauta do reflexo
condicionado específico
surpreendemos também
vícios diversos, tão
vulgares na vida social,
como sejam a
maledicência, a crítica
sistemática, os abusos
da alimentação e os
exageros do sexo. Esse
ou aquele Espírito
encarnado, sob o
disfarce de um título
honroso qualquer, lança
o motivo inconveniente
numa reunião ou
conversação, e quantos
lhe aderem ao mote
passam a lançar
oscilações mentais no
plano menos digno que
lhes diga respeito,
plasmando
formas-pensamentos
estranhas, entre as
quais permanece o
conjunto em comunhão
temporária, do qual cada
um se retira
experimentando excitação
de natureza inferior, à
caça de presa para os
apetites que manifeste.
Como é fácil reconhecer,
cada qual foi apenas
influenciado de acordo
com as suas inclinações,
mas debita a si próprio
os erros que venha a
perpetrar, conforme a
onda mental que deitou
de si mesmo. Tais notas
ajudam a compreender os
mecanismos da
mediunidade de efeitos
intelectuais, em que
encarnados e
desencarnados se
associam nas
manifestações da chamada
metapsíquica subjetiva.
Qual se observa nos
efeitos físicos, a
eclosão da força
psíquica nos efeitos
intelectuais pode surgir
em qualquer idade
fisiológica,
verificando-se, muita
vez, a simbiose entre a
entidade desencarnada e
a entidade encarnada
desde o renascimento
desta última, pela
ocorrência da conjugação
de ondas. Em todos os
continentes, podemos
encontrar milhões de
pessoas em tarefas
dignas ou menos dignas –
mais destacadamente os
expositores e artistas
da palavra, na tribuna e
na pena, como veículos
mais constantemente
acessíveis ao pensamento
– senhoreadas por
Espíritos desenfaixados
do liame físico,
atendendo a determinadas
obras ou influenciando
pessoas para fins
superiores ou
inferiores, em largos
processos de mediunidade
ignorada, fatos esses
vulgares em todas as
épocas da Humanidade.
(Cap. XVIII, pp. 120 e
121.)
111. Mediunidade
disciplinada –
Imaginemos que certa
personalidade se
disponha a disciplinar
as energias
medianímicas, segundo os
moldes morais da
Doutrina Espírita, cujos
postulados se destinam a
solucionar, tão
simplesmente quanto
possível, todos os
problemas do destino e
do ser. Admitida ao
círculo da atividade
espiritual, recolherá na
oração o reflexo
condicionado específico
para exteriorizar as
oscilações mentais
próprias, no rumo da
entidade desencarnada
que mais de perto lhe
comungue as ideações.
Decerto que, nos
serviços de intercâmbio,
experimentará largo
período de vacilações e
dúvidas, porquanto,
morando no centro das
próprias emanações e
recolhendo a
influenciação do plano
espiritual com que,
muitas vezes, já se
encontra
inconscientemente
automatizada, a
princípio supõe que as
ondas mentais alheias
incorporadas ao campo de
seu Espírito não sejam
mais que pensamentos
arrojados do próprio
cérebro. Ilhado no
fulcro da consciência,
de acordo com a Lei do
Campo Mental que
especifica obrigações
para cada ser guindado à
luz da razão,
habitualmente tortura-se
o medianeiro,
perguntando se não deve
interromper o chamado
“desenvolvimento
mediúnico”, já que não
consegue discernir, de
imediato, as ideias que
lhe pertencem das ideias
que pertencem a outrem,
sem perceber que ele
próprio é um Espírito
responsável, com o dever
de resguardar a própria
vida mental e de
enriquecê-la com valores
mais elevados pela
aquisição de virtude e
conhecimento. (Cap.
XVIII, pp. 121 e 122.)
Glossário
Metapsíquica
– Estudo dos fenômenos
metapsíquicos
Metapsíquico
– Relativo aos fenômenos
que transcendem o
alcance da psicologia
ortodoxa e são
aparentemente anormais
ou inexplicáveis, como,
p. ex., a clarividência,
a telepatia.
Reflexo condicionado
– Psicol.
Resposta condicionada.
Simbiose
– Associação de
duas plantas ou de uma
planta e
um animal, na qual ambos
os organismos recebem
benefícios, ainda que em
proporções diversas,
como os liquens.
Associação entre dois
seres vivos que vivem em
comum. Vida
em comum com outro(s). Associação
e entendimento íntimo
entre duas pessoas.