LEONARDO
MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São João
Del Rei, MG (Brasil)
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Questionamentos sobre a
atitude espírita no
velório
Recentemente, temos sido
questionados sobre a
atitude espírita mais
adequada no velório.
Obviamente, o espírita
deve ter uma atitude de
vigilância moral e
espiritual para
contribuir efetivamente
com o desencarnante,
principalmente através
da prece e das suas
vibrações através da
conduta elevada; e com a
família bem como os
amigos encarnados do
desencarnante, através
do apoio emocional e
espiritual, dentro dos
limites naturais que a
situação permita. Isso
pode ou não incluir
algum esclarecimento
doutrinário pontual,
desde que solicitado por
um único indivíduo ou
por um grupo e
respeitando a liberdade
individual de cada ser
humano. Entretanto,
alguns confrades nos
questionaram a respeito
de orientações recebidas
em determinados grupos
espíritas que
recomendavam um trabalho
fortemente doutrinário
em velórios, seja
velório de famílias
espíritas ou não
espíritas,
independentemente desse
trabalho ter sido ou não
solicitado pela família.
Primeiramente temos que
relembrar que o assunto
velório é muito
delicado, pois cada
indivíduo reage à
desencarnação de um ser
querido de uma forma
muito particular. Em que
pese a muito provável
boa intenção dos
proponentes da
supracitada diretriz,
temos que convir que
muitos familiares e
amigos podem estar em
verdadeiro estado de
choque, ou seja, em
contundente perturbação
emocional e espiritual.
Ademais, o trabalho de
uma vida de
amadurecimento religioso
não pode ser
improvisado, sobretudo
em um momento de grande
estresse emocional. Como
dizem alguns estudiosos
norte-americanos: “Na
hora da ação, a hora da
preparação já passou”.
Assim sendo, em
princípio, sem maiores
detalhes a respeito das
nuances que envolvem tal
orientação, não podemos
concordar com as
referidas sugestões. Não
é possível elaborar um
grupo de estudo ad
hoc para o velório
(e o que é pior, para
velório de qualquer tipo
de família). A
iniciativa poderia ser
modificada e melhorada
consideravelmente se
fosse para ser formado
um grupo de estudos na
casa espírita que
abordasse temas como
velório, morte,
adaptação ao mundo
espiritual etc.
Seria interessante, por
exemplo, o estudo das
obras de André Luiz, a
obra "Voltei" de Irmão
Jacob, entre outras
obtidas pela mediunidade
de Chico Xavier.
Poderíamos também citar
“Memórias de Um Suicida”
de Yvonne Pereira e as
obras de Manoel P.
Miranda pelo médium
Divaldo Franco. Tais
obras deveriam ser
utilizadas objetivando,
obviamente, o estudo
dentro da Casa
Espírita. Daí a
constituir um grupo que
vá a "velórios espíritas
ou não espíritas, para
orar, e fazer uma
explanação" vai uma
enorme diferença.
Portanto, a não ser que
exista um convite bem
explícito, que
represente o desejo de
toda a família, tal
iniciativa não seria
interessante, pois
poderia acarretar
situações desagradáveis
de conflito religioso e
antipatia, totalmente
dispensáveis,
principalmente para o
Espírito desencarnante,
em momento de tamanha
comoção.
De fato, nem sempre o
“grupo de estudos e
exposição espírita” será
bem-vindo no velório,
sobretudo em se tratando
de velórios não
espíritas! E mesmo em
velórios espíritas, nem
sempre somos amigos da
família e nem sempre a
família quer que haja
"explanações".
Neste contexto, fomos
igualmente interrogados
sobre o respeito que
devemos ter pelas
orientações dos
dirigentes espíritas que
recomendaram tal
iniciativa. Essa também
é uma questão que requer
necessariamente grande
cota de educação, tato,
bom senso e preparação
doutrinária.
A "hierarquia" no
Movimento Espírita é
dada em primeiro lugar
pelo amor e pela
autoridade moral (enfim,
pelo elevado caráter
e pela bondade) e pelo
conteúdo doutrinário dos
participantes,
juntamente com a
coerência e simplicidade
de atitudes associadas à
ação de cada trabalhador
dentro da instituição
espírita. Claro que
devemos respeitar os
cargos e a direção da
Casa e/ou órgãos
espíritas, assim como as
respectivas
responsabilidades
associadas a cada
posição no Movimento
Espírita, mesmo quando
tenhamos opiniões
divergentes a respeito
de algum ponto
doutrinário ou diretriz
institucional. Mas isso
não quer dizer que a
direção da Casa esteja
necessariamente correta,
do ponto de vista
doutrinário, em todas as
suas determinações.
A Doutrina Espírita tem
por meta encaminhar-nos
à Verdade e é para isso
que estudamos e
trabalhamos, a fim de
que “a Verdade nos
liberte” de nossas
mazelas morais.
Entretanto, o
Espiritismo também
ensina-nos o
“Livre-arbítrio” e que
“A cada um é dado
conforme suas obras”,
implicando que não
conseguiremos, e muito
menos deveremos,
violentar a consciência
de quem quer que seja,
independentemente da
situação. Nosso trabalho
é de educação global, e,
para que isso ocorra de
forma eficaz, temos que
respeitar o tempo
requisitado pelos
indivíduos.
Somente a constância no
estudo doutrinário fará
com que nós tenhamos
segurança doutrinária
para, juntamente com uma
"humildade dinâmica",
poder avaliar a
qualidade de cada
informação que é
veiculada no movimento
espírita, seja de origem
mediúnica ou não. Essa
atitude é fundamental
porque individualmente
somos membros do
Movimento Espírita, e
teremos, é claro, nossa
cota de responsabilidade
pessoal pelo que
fizermos e pelo que não
fizermos como células do
Movimento Espírita.