ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil)
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Obediência e resignação
A obediência é um estado
de alma conquistado pelo
Espírito nas diversas
encarnações, pois para
ser obediente é preciso
não ser orgulhoso e
egoísta, deixando que se
sobressaia a humildade.
Com a resignação, são
duas virtudes
companheiras da doçura e
muito ativas, se bem que
os homens as confundam
com a negação do
sentimento e da vontade.
Diz o item 8 do capítulo
IX (Bem-aventurados os
que são brandos e
pacíficos), de O
Evangelho segundo o
Espiritismo, que
a obediência é o
consentimento da razão;
a resignação é o
consentimento do
coração.
Nas provações por que
passa, o Espírito que
não é dotado dessas duas
qualidades revolta-se
contra tudo e contra
todos, e culpa,
inclusive, a Deus,
esquecidos de que Deus não
quer que ninguém sofra,
mas o sofrimento faz
parte da vida, para a
nossa evolução. “O
pusilânime não pode ser
resignado, do mesmo modo
que o orgulhoso e o
egoísta não podem ser
obedientes”, esclarece o
item em questão, do
capítulo citado, do
Evangelho.
Jesus foi o exemplo
dessas duas virtudes,
que os materialistas e
os descrentes desprezam.
Ele veio à Terra no
momento em que a
sociedade perdia-se nos
labirintos escuros da
imoralidade e da
corrupção. E os Seus
ensinamentos norteiam as
sociedades de todas as
épocas, para que a
Humanidade não se
enverede pelos caminhos
torpes da degradação
moral. O Evangelho nos
mostra que a moral e a
sabedoria devem caminhar
juntas, pois só assim o
homem alcançará, mais
rapidamente, os caminhos
da redenção.
Não se deve, contudo,
confundir obediência com
passividade, nem
resignação com
conformação. O obediente
deve ter altivez,
coragem, determinação. O
resignado deve aceitar o
sofrimento como
decorrente de atos
cometidos contra as
sábias leis de causa e
efeito, mas deve ter a
coragem de lutar,
consciente de que, se a
vida fosse um mar de
rosas, a nossa
existência não teria
sentido, pois, tendo
tudo nas mãos sem nenhum
esforço, o homem se
tornaria um estorvo
inútil na Terra.
A obediência e a
resignação são próprias
dos brandos e pacíficos,
aqueles que possuirão a
Terra, a qual, ao passar
para um mundo de
regeneração, deixará de
ser um mundo de expiação
e provas. Como observa
Paulo Alves Godoy, na
obra Os
quatro sermões de Jesus (Edições
FEESP), neste estágio,
“os rebeldes e
obstinados não mais aqui
nascerão. Haverá mais
estreita relação para as
reencarnações. Haverá
menos lágrimas e menos
dores. Enfim, a Terra
será um planeta onde
imperará maior
felicidade.
Os brandos e pacíficos
herdarão a Terra, porque
eles continuarão a viver
nela, para a compleição
do seu progresso
evolutivo. Os rebeldes,
os mais recalcitrantes
serão relegados para
planetas menos
evoluídos, onde ainda
prevalece o ‘choro e
ranger de dentes’,
preceituados por Jesus
Cristo”.
Neste ponto, citamos o
item 6 (A afabilidade e
a doçura), do capítulo
citado do Evangelho, o
qual explica que a
educação e a vivência do
mundo podem dar ao homem
o verniz dessas
qualidades.
São essas qualidades
(obediência e
resignação), juntamente
com tantas outras, que
caracterizam o homem de
bem, que elevarão cada
vez mais os Espíritos à
condição de
bem-aventurados, pois
são Filhos de Deus (com
“F” maiúsculo), isto é,
os que executam a Sua
vontade e Dele se
aproximam. São esses que
receberão, com
prioridade, as
bem-aventuranças.
Está, pois, esclarecida
a questão proposta pelos
descrentes, quando dizem
que ao anunciar, no
Sermão do Monte, que os
que sofrem serão
bem-aventurados, segundo
eles, Jesus teria
entrado em contradição,
porque asseveram: que
mérito tem sofrer para
ser feliz? Os
que sofrem serão
felizes, sim: os que,
obedientes às sábias lições
de Jesus, sabem sofrer
com resignação.
A justiça Divina é
perfeita, imparcial,
equitativa e justa. Por
isso, ela recompensa, no
Plano Espiritual, os que
sofreram injustiça na
Terra, os que suportaram
tudo com paciência e
resignação, porque já
conheciam a Lei de Causa
e Efeito, já sabiam que
a cada um é dado segundo
suas obras.