LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Não vim para batizar...
Batismo é a prática dos
ensinamentos do Cristo,
fé
em Deus
e trabalho no bem
Nos vários departamentos
da atividade cristã, em
todos os tempos, surgem
controvérsias no que se
refere aos problemas do
batismo na fé... A sua
origem está nas práticas
dos povos ditos pagãos.
Entretanto, ele se
modifica no seu
conceito, após Jesus:
antes d`Ele, o batismo
era feito com água e,
depois d`Ele, com fogo.
Os homens batizando na
carne, Jesus no
Espírito.
Irmãos nossos de outras
crenças, cristãos ou
não, têm em suas
práticas o uso da água
como purificação
espiritual. O sacerdócio
criou, para isso,
cerimoniais e
sacramentos. Assim, há
batismos de
recém-nascidos, há
batismos de pessoas
adultas, dependendo da
crença que envolva as
instituições. Sem
desmerecer seus ritos, é
necessário, todavia, que
o examinemos à luz da
Doutrina Espírita. Todo
aquele que crê em Deus e
aceita os ensinamentos
do Mestre Jesus, poderia
analisar melhor esse
assunto através da
lógica. É importante nos
lembrarmos desse
procedimento, porque a
renovação espiritual não
se verificará somente
por práticas externas,
nesta ou naquela idade
física. Determinadas
cerimônias materiais,
nesse sentido, segundo
nosso estimado benfeitor
espiritual Emmanuel,
eram compreensíveis nas
épocas em que foram
empregadas.
Paulo deixou claro que o
batismo como era
realizado à época de
Jesus não era mais
importante que a
divulgação, o ensino e a
prática das luzes que
Ele deixou. E o apóstolo
assim dizia, porque
sabia que o ponto alto
de sua missão era a
evangelização das massas
e não o batismo como era
prática comum entre os
profetas e os apóstolos,
daí a sua assertiva em
uma carta aos coríntios,
(1:14 a 17): “(...)
porque o Cristo me
enviou não para batizar,
mas para evangelizar”.
Evangelizar, então,
segundo Paulo de Tarso,
(São Paulo para os
irmãos de outros credos
cristãos), é levar
àqueles que não sabem os
ensinamentos de Jesus,
ajudando-os a
vivenciá-los, como forma
de elevação espiritual e
aperfeiçoamento moral.
Sabemos que nos anos
iniciais da escola
humana, mais
precisamente na
instrução infantil, os
pequenos precisam da
colaboração de figuras,
de objetos, de tudo que
seja concreto, coisas
adequadas ao seu
entendimento, para que
possam atravessar as
portas iniciais do
conhecimento e avançar
até estudos mais
complexos, o que vai
exigir, mais adiante,
maiores elaborações do
pensamento.
Todavia, em relação ao
ensino do Evangelho, ele
próprio não deixa
dúvidas, pois faz imensa
luz. E é em Atos,
(19:5), que encontramos
a conclusão: “(...) E
os que ouviram foram
batizados em nome de
Jesus”. Aí está o
batismo de fogo: o
convite do Excelso amigo
à renovação, à
transformação dos nossos
sentimentos e nossos
pensamentos, que
demandará de cada um de
nós atitudes de renúncia
e sacrifícios, esforços
e determinação... É o
convite para “amar a
Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como
a si mesmo”, tão
difícil de ser
realizado, pois ainda
estamos presos às raízes
do egoísmo, do orgulho
desmedido, do olhar para
si mesmo e imaginar que
somos o centro do mundo.
A proposta de Jesus a
uma mudança na nossa
forma de olhar o outro
coloca-nos em situação
de igualdade, irmanados
nas mesmas dificuldades,
pois, ao conseguirmos
enxergar mais o outro do
que a nós mesmos,
atendendo ao convite
bendito do Mestre de
amor e bondade, teremos
sido batizados em nome
d`Ele... Aí reside a
sublime verdade. “A
bendita renovação da
alma àqueles que ouviram
os ensinamentos do
Mestre Divino,
exercitando-lhes as
práticas. Muitos recebem
notícias do evangelho
todos os dias, mas
somente os que ouvem
estarão transformados”,
afirma Emmanuel com
muita propriedade, no
livro Vinha de Luz, na
lição 158.
Sob essa luz, parece-nos
possível concluir que,
para o Espiritismo,
batismo é a prática dos
ensinamentos do Cristo,
através do exemplo
vivido com resignação,
fé na Providência Divina
e trabalho no bem.
As nossas transgressões
às leis divinas podem
ser remidas através do
batismo de fogo da
expiação que elas
suscitam. Provações e
expiações terrenas são,
portanto, formas de
batismo; e quando
tivermos triunfado sobre
elas teremos sido
batizados, mais uma vez,
em nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
Allan Kardec escreve,
por causa da intensa
perseguição que a
Doutrina Espírita sofria
no seu início, o
seguinte comentário,
lembrando outra forma de
batismo: “(...) A
perseguição é o batismo
de toda ideia nova,
grande e justa, e cresce
com a magnitude e a
importância da ideia”.
Foi assim com Jesus; é
assim com o Espiritismo!
Na concepção espírita do
pecado original, posto
que ninguém será
responsabilizado pelo
erro que o outro
cometeu, o batismo deve
ser encarado como uma
cerimônia iniciática ou
de consagração à crença
que o postulante abraça.
Como espíritas,
entretanto, devemos
entender, segundo
revelação dos Espíritos
Iluminados, que o
verdadeiro batismo da
criança se processa
através da educação. O
Espiritismo educa o
homem para a vida em
sociedade, e prepara-o
para a caminhada em
direção a Deus. E como
espíritas, na sagrada
missão de paternidade,
compreender que o
batismo, aludido no
Evangelho, é a
solicitação das bênçãos
divinas para todos
aqueles que venham a se
reunir no instituto da
família.
Longe de quaisquer
cerimônias de natureza
religiosa, o espírita
deve entender o batismo
como o apelo do seu
coração ao Pai de
Misericórdia, para que
os seus esforços sejam
santificados no trabalho
de conduzir as almas que
lhes são confiadas,
compreendendo, além
disso, que esse ato de
amor e compromisso
divino deve ser
continuado por toda a
vida, na renúncia e no
sacrifício, em favor da
perfeita cristianização
dos filhos, sob o pálio
do trabalho, da
dedicação. Assim afirma
Emmanuel, respondendo a
questão 298, do livro
O consolador,
psicografado pelo
saudoso Francisco
Cândido Xavier.
E é, ainda, no prefácio
do livro No Mundo
Maior, de André
Luiz, também chegado a
nós pela abençoada
mediunidade de Chico
Xavier, que Emmanuel
deixa registrada uma
frase de grande alerta
para todos nós. Diz ele,
textualmente: “O
batismo simbólico ou o
tardio arrependimento no
leito de morte não
bastam para garantir o
futuro espiritual de
ninguém. Se a mera arte
humana exige a paciência
dos anos para se chegar
ao seu término, que
dizer da obra sublime do
aperfeiçoamento da alma,
destinada a glórias
indescritíveis”.
A generosa pedagogia de
Jesus continua a propor,
até hoje, que se busque
o Reino de Deus,
entendendo a expressão
como a espiritualidade
que devemos conquistar,
conscientes de que
ninguém a logrará à
custa de rituais
externos, por mais
honestos que sejam, que
não impliquem a
mobilização de nossas
forças intelectuais,
morais e às vezes
físicas.
O que nos parece
verdadeiro é que cada
movimento que fazemos na
busca de solucionar
nossas dificuldades, com
dignidade, honestidade,
com fé em Deus e em nós
mesmos; cada luta que
travamos conosco, no
nosso íntimo, procurando
ser criaturas melhores
todos os dias; cada
pequeno sucesso de
superação das nossas
imperfeições morais
mostra que estamos no
caminho certo. Caminho
de luz, de harmonia
dentro e fora de nós, de
profundo agradecimento
ao Pai Misericordioso
pelas oportunidades que
nos dá de sermos todos
os dias batizados em
nome de Nosso Senhor
Jesus
Cristo.
Bibliografia:
GODOY, Paulo Alves. O
Evangelho Pede Licença,
3ª ed., Edições
FEESP – S. Paulo/SP -
“Não vim para batizar” –
1997 – p. 145.
SCHUTEL, Cairbar. O
Batismo, Editora
Casa O Clarim –
MATÃO/SP.
EMMANUEL (Espírito).
Caminho, Verdade e Vida,
[psicografado por] F. C.
Xavier – 20 ed., CEC,
1995, lição 158.
PAULO – I CORÍNTIOS, 1:
14-19.