RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Ficarão para semente
Será compreensível que
julguem o autor, pelo
título do artigo, fora
da realidade, porque a
vida nos demonstra,
desde que o mundo é
mundo, que ninguém
jamais ficou para
semente.
Entretanto, pretendemos
esclarecer o assunto
citando algumas
reportagens da revista
VEJA em sua
edição 2385, de 6 de
agosto de 2014.
A primeira elas
encontra-se na página 46
que noticia a morte de
Theodore Van Kirk, um
dos tripulantes do
Enola Gay, nome do
avião que carregava a
bomba lançada sobre
Hiroshima com resultados
catastróficos da morte
de 140.000 pessoas, a
maior parte delas
instantaneamente. O nome
do avião é uma réplica
do nome da mãe do
piloto, coronel Paul
Tibbets. Theodore
faleceu aos 93 anos na
Geórgia. Enquanto em
vida justificava-se pelo
lançamento da bomba,
alegando que enfrentavam
um inimigo que tinha a
reputação de nunca se
render. “É muito difícil
falar sobre moralidade e
guerra na mesma frase” –
afirmava. Qual o real
drama esse personagem
que ficou encarnado por
uma longa existência
aqui na Terra, vivenciou
em seu íntimo, só ele
mesmo deve ter
conhecido, se é que
conheceu.
Outra reportagem da
referida revista nos
traz notícias do
território russo em
conflito recente com a
Ucrânia onde foi abatida
uma aeronave civil com
quase 300 ocupantes. As
explicações sobre esse
assassinato de civis do
avião derrubado se
baseiam em troca de
acusações entre os
envolvidos na zona de
conflito.
Para completar nosso
raciocínio sobre o
título do artigo, a
revista VEJA nos
informa sobre as 1500
mortes na Faixa de Gaza
(na data da redação
dessas linhas).
Assistindo em um canal
de televisão às
explicações de
comentarista entendido
em política
internacional, esse
comentarista se
pronunciou esclarecendo
que tanto judeus como o
Hamas estão interessados
nessa agressão recíproca
porque o primeiro
ministro de Israel
estaria com a sua
popularidade em baixa,
acontecendo o mesmo com
o grupo inimigo. A
guerra serviria (!) para
corrigir essa queda de
popularidade dos dois
lados. Como o nosso
interesse não é discutir
política internacional,
mas sim “política”
transcendental, citamos
as notícias que lemos ou
ouvimos sem participar
da discussão sobre a sua
veracidade ou não.
Passados tantos Impérios
que dominaram o mundo e
foram tragados pela
voracidade do tempo,
ficamos espantados como
o ser humano se
posiciona como imortal
no breve instante da
existência física que
experimenta. Talvez os
responsáveis pela guerra
instalada em território
ucraniano e russo se
julguem acima da morte e
nem por um segundo
pensem em seus retornos
ao mundo espiritual para
a devida prestação de
contas. O mesmo podemos
pensar sobre os
responsáveis pelas
mortes de palestinos e
judeus na Faixa de Gaza.
É Joanna de Ângelis quem
leciona na página
Imortalidade,
psicografada por Divaldo
no Centro Espírita
Caminho da Redenção
em 8/9/1997: “Durante o
trânsito carnal é
possível que não te dês
conta da fragilidade na
qual assentas as tuas
aspirações e trabalhas
os teus planos. Não
poucas vezes tens a
impressão que o carro
orgânico prosseguirá
deslizando pelas
estradas atapetadas da
juventude, do prazer,
das programações
agradáveis. Enfermidade,
sofrimento, desar,
envelhecimento e morte,
supões, são ocorrências
que atingem apenas as
outras pessoas, nunca a
ti.
Pensavas que o anjo da
morte somente descesse
as suas asas sobre os
outros, a fim de
arrebatá-los, não
imaginando que isso
pudesse ocorrer também
contigo...
A forma física apolínea
ou venusiana, a mocidade
risonha e o encantamento
feliz cedem lugar às
modificações naturais,
quão inevitáveis da
estrutura física, ao
envelhecimento, à
decrepitude, aos
dissabores, quando a
morte não os precede,
inesperada,
implacavelmente”.
Contemplando os inúmeros
e infelizes exemplos de
prepotência que
determinados seres
humanos lançam mão em
suas escolhas
tripudiando sobre os
seus semelhantes,
ficamos a meditar,
boquiabertos, se essas
pessoas, por acaso,
julgam que vieram para
ficar como sementes, não
temendo, portanto, a
devida prestação de
contas em seu breve
retorno à dimensão
espiritual de onde
vieram e para onde
retornarão com as
consequências de sua
livre semeadura no solo
da existência.