Sempre leio com
muito prazer as
crônicas da
escritora Lya
Luft publicadas
na prestigiosa
revista VEJA.
De modo geral,
seus textos
primam pela
clareza, lucidez
e elegância.
Suas observações
são apuradas e
as conclusões
são bem
argumentadas
deleitando o
leitor. Enfim, o
seu trabalho é
um constante
convite à
realidade e ao
entendimento de
muitos dos
problemas que
dificultam a
jornada humana
nesse mundo,
especialmente
nesse país. Na
edição de 27 de
agosto da
referida
revista, a
prezada autora
escreveu uma
crônica onde ela
analisa o
problema da
morte
intitulada: “O
Ciclo da Vida”.
Nas suas linhas,
ela revela
inquietudes em
relação à morte
que certamente
afligem milhões
de criaturas
nesse planeta.
Segue daí a
nossa decisão em
retomar o tema.
Em dado momento
ela considera
que “O ciclo da
morte é um duro
aprendizado.
Nós, maus
alunos”.
Sem dúvida,
empenhar-se no
entendimento da
morte não
consta, no
geral, como uma
das nossas
prioridades.
Talvez seja o
assunto mais
postergado das
nossas vidas. É
como se fosse um
tema proibido ou
desinteligente
para cogitar,
mesmo que se
trate de algo ao
qual nós todos
estamos
sujeitos.
Ocorre, no
entanto, que
parte da
alfabetização
espiritual
implica em
dominar tal
imperativo. Não
há outro jeito
já que se trata
de um fenômeno
biológico
incontrolável e
que obedece a
dinâmicas
próprias. Apesar
dos avanços
obtidos na área
da saúde por
meio de
medicamentos
poderosos que
prolongam a
vida, eles não
podem impedir
indefinidamente
o encerramento
de um ciclo. Tal
decisão advém de
Deus e dos seus
justos
desígnios.
Voltando a Lya
Luft, ela
declara que:
“[...]
Precisamos de
tempo para
integrar a morte
na vida. Talvez
os mortos vivam
enquanto
lembrarmos suas
ações, seu
rosto, a voz, o
gesto, a risada,
a melancolia, os
belos momentos e
os difíceis
[...]. Porque
morrer é
natural, deveria
ser simples:
mas, para quase
todos nós, é um
grande e grave
enigma”. Na
verdade,
suspeito que o
pensamento da
ilustre
escritora
espelha o que,
de fato, existe
na mente de
muitos. Em
resumo, a morte
é vista ainda
como um
acontecimento
aterrador apesar
de inevitável. E
essa visão
mítica, em nada
racional, afasta
a possibilidade
de uma
compreensão mais
simplificada
sobre o tema.
Há alguns anos
atrás, a
propósito,
tivemos o
privilégio de
publicar n’O
Consolador
um artigo no
qual tratamos de
desmistificá-la,
ou seja,
“Desmistificando
o Fenômeno da
Morte” (ver
em
http://www.oconsolador.com.br/ano5/215/especial.html).
Entre muitas
observações, lá
ponderamos que:
“... somos
constantemente
lembrados
– através de
inúmeros
acontecimentos
que nos rodeiam
– de que nossa
vez também
chegará mais
cedo ou mais
tarde. Posto
isto, o fim da
existência
física
(corporal) deve
ser encarado de
forma racional
por nós todos.
Afinal de
contas, o corpo
humano, como
toda a máquina
orgânica, com o
tempo, apresenta
sinais de
fadiga,
exaustão, e as
células iniciam
o processo de
desagregação até
a extinção
completa do
fluido vital”.
Lembramos aos
que, como a
escritora,
acalentam o
ceticismo, que
papiros do Egito
antigo datados
de 3000 a.C. já
sugeriam a
reencarnação –
afinal, só
reencarna quem
sobreviveu à
morte. Não
bastasse isso,
há inúmeras
evidências
científicas
trazidas a lume
na atualidade
sobre a
reencarnação
coligidas nos
trabalhos de
Erlendur
Haraldsson, Ian
Stevenson, entre
outros. Num
terreno mais
transcendente,
porém, devemos
recordar a
gloriosa visão
do Tabor –
testemunhada,
aliás, pelos
apóstolos Pedro,
Tiago e João –
relatada no
Evangelho – ou
seja: “E
transfigurou-se
diante deles; e
o seu rosto
resplandeceu
como o sol, e as
suas vestes se
tornaram brancas
como a luz. E
eis que lhes
apareceram
Moisés e Elias,
falando com ele”
(Mateus, 17:
2-3). Cabe
relembrar também
que, nesse
episódio, Jesus
dialogou com
duas entidades
há muito não
mais
pertencentes ao
“mundo dos
vivos”. Seguindo
esse raciocínio,
todo o capítulo
20 do
Evangelho de
João é dedicado
à ressurreição
do próprio
Mestre –
reiterando a
existência da
vida além do
túmulo e a nos
recordar que ele
era o exemplo
mais
dignificante
disso. Vale
citar ainda a
advertência a
Nicodemos (João,
3: 7-10) e a
observação de
João Batista
como sendo
outrora o
profeta Elias
(Mateus, 17:
10-13).
Muito
provavelmente, a
respeitável
escritora não
teve ainda a
oportunidade de
ler O Livro
dos Espíritos –
o mais
completo tratado
de
espiritualidade
já elaborado e
disponível à
humanidade há
mais de século e
meio (ver, por
exemplo, o meu
ensaio a
respeito: 155
anos de
Espiritismo:
Evolução e
Progresso –
http://www.oconsolador.com.br/ano6/261/especial.html)
– que nos dá
sólidos
argumentos
acerca da
continuidade da
vida além do
túmulo.
Desse modo,
portanto, me
sinto à vontade
para declarar
que os enigmas
concernentes à
morte já foram
devidamente
elucidados há
bastante tempo.
Não há mais
nenhum sentido
em levantar tais
dúvidas diante
de tão farto
material
disponível. A
nós todos
compete – pelo
menos assim
penso –
assimilar os
conhecimentos e
as lições daí
advindas.
Acredito que
elas fazem parte
integrante da
nossa
alfabetização
espiritual.
Posto isto,
devemos nos
preparar com
sabedoria para
enfrentar a
morte de modo a
recebê-la,
quando a Deus
aprouver, com a
consciência
tranquila e a
alma em paz –
frutos de quem
trabalhou
intensamente por
se autoiluminar.