FERNANDO
ROSEMBERG
PATROCÍNIO
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG
(Brasil)
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Jesus Cristo: alguns
apontamentos
Os que me conhecem
pessoalmente ou pelos
textos de minha humilde
lavra, sabem que não sou
dado a polêmicas
descabidas e
apaixonadas, preferindo
um meio-termo, mais
coerente e mais sensato,
até que as coisas se
acalmem, e, com mais
prudência e sem paixões,
possa me externar
melhor, visando à
conquista daquele bom
senso preconizado pelo
Mestre Codificador de
tantas e tão belas
páginas de seu próprio
punho, bem como, é
claro, de sua notável
intuição.
Tanto é que,
observando-se textos
prós e contras, razões
de uns e de outros,
desta polêmica de
Francisco Cândido Xavier
ser ou não ser a
reencarnação de Allan
Kardec, até hoje este
modesto articulista não
tomara uma posição a
respeito, uma vez que
tal nada mudaria das
coisas de um (Chico) ter
sido, ou não, o outro
(Kardec), pois o que
importa, de fato, são
suas excelentes obras
que, na minha concepção,
creio que as de Kardec
estão hoje fartamente
ampliadas pelas de
Francisco C. Xavier,
sendo estas a essência
mesma daquelas outras.
Os que são contra a
possibilidade do
Espírito de Kardec ter
reencarnado como Chico
Xavier, observam,
sobretudo, seus perfis
psicológicos, que dizem:
não se encaixam; e, os
que são a favor, dentre
outras observações,
alegam que Kardec, de
vasta erudição e
sapiência, reencarnara
como Chico para
alavancar seus atributos
morais na ação e na
prática viva do
“Evangelho”, aquele
mesmo que, de antanho,
codificara.
E o fato é que ambos os
lados parecem ter suas
razões. E este modesto
autor, claramente
positivista, e,
portanto, pretendendo
provas mais cabais e
evidentes, não se
envolvera e não se
envolverá com questões
polêmicas, com ofensas,
de uns e de outros, se
contrapondo, se
debatendo, e que, na
dúvida e, no livre
exercício do meu
critério, prefiro
laborar o meu bom senso,
minha prudência, tato e
moderação, dando tempo
ao tempo: preferindo
esperar sem desesperar.
Ora, para que me
posicionar a favor ou
contra, com “afirmações”
que, mais cedo ou mais
tarde, levar-me-ão a
algum crédito, ou ao
descrédito, por
considerar minha razão
como algo infalível, e
não sujeita a erros,
quando a vida nos
mostra, todos os dias,
quanto podemos estar
equivocados nisto ou
naquilo que,
“indubitavelmente”, nos
parecia ser o certo, e,
de repente, confirma-se
o desacerto, o erro,
fruto danoso da nossa
precipitação. Ora,
ninguém é infalível num
mundinho inferior como
este nosso! Ninguém!
Para mim, o que é
indubitável é que Xavier
ampliara Kardec, e, até
mesmo no tocante a uma
das mais esbravejantes
polêmicas do nosso
tempo: a que se refere
ao corpo que Jesus teria
envergado durante sua
passagem pelo Orbe
terreno (físico e
biologicamente material,
segundo Kardec; ou
fluídico materializado,
conforme Roustaing).
Sabemos que Kardec, em
magistral e lógica
argumentação contida em
“A Gênese, Os Milagres e
as Predições” (Allan
Kardec – 1869 - Ide),
alegara, ao seu final,
numa síntese preciosa,
que: “Jesus teve, pois,
como todos, um corpo
carnal e um corpo
fluídico, o que atestam
os fenômenos materiais e
os fenômenos psíquicos
que assinalaram sua
vida”. (Opus Cit.).
E Xavier, desenvolvendo
Kardec, e não o
desmentindo, lhe
aprofunda nos termos de
que Jesus Cristo podia
tudo, até mesmo
desmaterializar e
rematerializar o próprio
veículo corporal,
conforme citação em
“Mecanismos da
Mediunidade” (Espírito
André Luiz – 1959 – Feb):
“Em Jerusalém, no
templo, desaparece de
chofre,
desmaterializando-se,
ante a expectação geral
(João, 7:30), e...”.
(Opus Cit.).
Onde creio, por aí, e
por muito mais, que a
obra de Xavier tão só
amplia e desenvolve
Kardec nos mostrando as
divinas potencialidades
e faculdades outras do
Mestre Nazareno.
Como se vê, o insigne
Codificador não viera
tudo ensinar e revelar,
mas, sim, lançar as
bases fundamentais do
Espiritismo, competindo
a outros, tal como o
Chico mesmo,
complementá-lo na obra
interminável do seu
desenvolvimento e
ampliação.
E o fato é que este meu
retorno a tal polêmica
do corpo de Jesus visa,
primeiramente: mostrar
aos muitos aprendizes do
Espiritismo a posição
espiritista de tal, onde
a obra de Kardec e de
Xavier que não se
contradizem, mas se
completam exemplarmente
com a verdade cristalina
dos Espíritos Superiores
que laboraram com um, e
com o outro, avançando
mais; e, em segundo,
mostrar as tantas ideias
hoje encontradiças no
meio espiritualista
como, por exemplo, de
Ramatis, alegando que
Jesus não é o Cristo,
mas um médium do mesmo;
havendo, pois, nesta
concepção, um Jesus
homem e um Cristo
Cósmico, quando o
Espiritismo ensina que
Jesus Cristo é um só e o
mesmo Espírito,
alegando, ainda, que o
mesmo se enquadraria
como: “Médium de Deus”.
Recentemente, um livro
de Carlos Baccelli lança
mão de teses a princípio
interessantes, concordo,
mas um tanto polêmicas
quando bem sentidas e
racionalizadas; seu
título: “A Lei da
Reencarnação” (Espírito
Domingas – 2010 -
Editora Leepp). Alguns
sábios do citado livro,
no capítulo quinto,
levantam duas hipóteses
para explicar o período
de 18 anos que o Cristo
desaparecera da
história, ou seja: dos
12 aos 30 anos.
A primeira tese do livro
defende que o Espírito
de Jesus, mesmo que, a
longa distância do seu
corpo, pelo dom da
ubiquidade, poderia
controlá-lo e, com isso,
aguardar o tempo certo
de a ele retornar para o
cumprimento de sua
jornada evangelizadora.
E a segunda hipótese
seria a de que outro
Espírito lhe
substituíra, em seu
corpo, por aquele
referido espaço de
tempo, quando Jesus,
então, a ele retornara e
o retomara para o
cumprimento de sua
missão.
Mas vejamos no que tais
proposições pedem novas
luzes.
Ora, se o Espírito de
Jesus, na citada obra de
André Luiz, tinha a
faculdade de
desmaterializar (e
rematerializar quando o
quisesse) o seu veículo
biofisiológico e
material, por que e para
que, então, utilizar-se
dos meios da
“ubiquidade”, ou “da
substituição
espiritual”, propostos
pelos Sábios daquele
livro? Sábios que, por
sinal, lhes devo o
devido respeito e
consideração, conquanto
tenha minhas dúvidas e
gostaria de
esclarecê-las no sentido
de aperfeiçoar meus
aprendizados.
Todavia, enquanto não
tenho uma resposta de
tais Sábios, na dúvida,
sinto-me constrangido a
ficar, por enquanto, com
as instruções de Allan
Kardec e de Francisco
Cândido Xavier;
conquanto lhes aguarde
os pronunciamentos
devidos.
Observação do
Articulista:
Pude deixar claro que,
em minha concepção, a
obra de Francisco C.
Xavier complementa
vastamente a obra de
Allan Kardec; não me
refiro, pois, à
disposição íntima de
Xavier, de sua posição
particular no tocante à
aceitação ou não da obra
de Roustaing. Creio seja
preciso distinguir uma
coisa da outra; a obra
de Xavier, a meu ver, é
uma coisa; e a sua
crença pessoal é outra,
tendo-se mostrado, como
se sabe, tendente à
aceitação das teses
roustainguistas, como
está registrado no
trabalho de Suely C.
Schubert, se ela esteve
realmente retratando a
verdade contida nas
cartas de Xavier
remetidas à Feb.
Por outro lado, os
espiritistas se esquecem
de que mesmo aquilo que
nos parece falsificado e
ruim, ou supostamente
falsificado e ruim, do
ponto de vista
doutrinário (Roustaing,
por exemplo), nos serve
de grande e útil
ensinamento. Ora, muito
aprendemos com Kardec e
com Roustaing,
aprendendo a distinguir
o racional, o sensato,
doutrinariamente
falando, do que é o seu
oposto de
irracionalidade, de
insensato, e que nos
parece antidoutrinário.(1)
(1)
Nota da Redação:
É bom lembrar ao leitor
que as restrições que
fazemos à obra de
Roustaing não se resumem
à questão do corpo
fluídico, como já foi
mostrado nesta revista,
em que foram publicados
sobre o assunto os
seguintes textos:
O Espiritismo responde –
texto publicado na
edição 51, de 13/4/2008
-http://www.oconsolador.com.br/51/oespiritismoresponde.html
Os Quatro Evangelhos –
artigo de José Passini -http://www.oconsolador.com.br/ano2/58/especial.html
Os erros metodológicos
de Roustaing – artigo de
Leonardo Marmo Moreira -http://www.oconsolador.com.br/6/especial.html
A fascinação rustenista
- artigo de Americo
Domingos Nunes Filho -http://www.oconsolador.com.br/ano2/91/americo_nunes.html
Entrevista concedida
pelo confrade João
Xavier de Almeida, de
Portugal -http://www.oconsolador.com.br/24/entrevista.html
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