MARCOS PAULO DE
OLIVEIRA SANTOS
mpoliv@bol.com.br
Taguatinga,
Distrito Federal
(Brasil)
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Vossos filhos
não são
vossos
filhos...
Recente notícia
causou certo
espanto em
diversas
pessoas.
Vejamo-la:
"Uma menina de 9
anos matou na
segunda-feira
(25) um
instrutor de
tiro por
acidente,
enquanto
aprendia a
disparar uma
submetralhadora
automática Uzi,
no estado
americano do
Arizona. O
acidente
aconteceu quando
a criança, que
tinha sido
matriculada no
curso pelos
pais, perdeu o
controle da arma
e puxou o
gatilho,
atingindo
Charles Vacca,
de 39 anos, na
cabeça. O
instrutor chegou
a ser
transportado de
helicóptero para
um hospital
local, mas
morreu durante o
translado".
Indubitavelmente,
é um caso a se
lamentar!
O que chamou
atenção não foi
apenas a
pusilanimidade e
a hipocrisia da
sociedade
norte-americana
(algo que
mereceria outra
reflexão, noutro
momento), mas a
postura dos
genitores ao
quererem que uma
criança, de 9
anos, aprendesse
a manusear uma
arma de fogo.
Qual o sentido
dessa conduta
tão execrável?
Antes de
tecermos algumas
reflexões,
vejamos a
concepção de
filho trazida a
lume pelo
ínclito poeta,
Gibran Khalil
Gibran:
“Vossos filhos
não são vossos
filhos.
São os filhos e
as filhas da
ânsia da vida
por si mesma.
Vêm através de
vós, mas não de
vós.
E embora vivam
convosco, não
vos pertencem.
Podereis
outorgar-lhes
vosso amor, mas
não vossos
pensamentos,
Porque eles têm
seus próprios
pensamentos.
Podeis abrigar
seus corpos, mas
não suas almas;
Pois suas almas
moram na mansão
do amanhã, que
vós não podeis
visitar nem
mesmo em sonho.
Podeis
esforçar-vos por
ser como eles,
mas não
procureis
fazê-los como
vós,
Porque a vida
não anda para
trás e não se
demora com os
dias passados.
Vós sois os
arcos dos quais
vossos filhos
são arremessados
como flechas
vivas.
O Arqueiro mira
o alvo na senda
do infinito e
vos estica com
toda a Sua força
para que Suas
flechas se
projetem,
rápidas e para
longe.
Que vosso
encurvamento na
mão do Arqueiro
seja vossa
alegria:
Pois assim como
Ele ama a flecha
que voa, ama
também o arco
que permanece
estável”.
Não restam
dúvidas de que a
função precípua
dos pais é a de
envidar todo o
esforço possível
para a educação
dos filhos.
Estes não são
“propriedades”
dos pais, que
muitas vezes
desejam
forjá-los ao seu
modo de encarar
a vida. Os
filhos são seres
enviados por
Deus, para que
outros seres (os
pais) colaborem
no
desenvolvimento
do Espírito
imortal.
Os pais são,
portanto, quais
professores que
devem orientar
os filhos para a
vivência no
mundo, mas com a
mente voltada
para a
espiritualidade.
Para tanto,
podem lançar mão
de diversas
metodologias,
criativas,
diversificadas e
firmes.
O caso
apresentado no
início deste
texto demonstra
exatamente o
que não se deve
fazer. O que
justifica
ensinar uma
criança a
utilizar uma
arma? Para num
momento de
contrariedade
ela descarregar
a sua raiva
contra os pais?
É certo que não
devemos julgar
as pessoas,
atirar (sem
nenhum
trocadilho)
a primeira
pedra. Mas é
fora de dúvidas
que os pais são
os responsáveis
pela morte do
instrutor e pelo
processo de
culpa que essa
criança vier a
desenvolver.
Porque foram
eles que a
levaram para
“aprender” a
atirar.
Se o desejo
tivesse vindo
dela, eles,
enquanto
responsáveis,
deveriam se
posicionar
contrários e
criar mecanismos
para debelar tal
comportamento.
Não há que se
chocar diante de
um quadro desses
nos noticiários,
ainda mais vindo
de uma sociedade
tão belicosa por
natureza em que,
costumeiramente,
ocorrem casos de
pessoas
tresloucadas
atirando umas
nas outras em
colégios, praças
públicas etc.
Enquanto vigorar
essa política
espúria em nome
de uma
“segurança”,
haverá sangue de
“inocentes”
derramados e
desencarnes
prematuros...
Aos pais, fica a
reflexão de que
dizer o NÃO
pode salvar
vidas. Muitos,
infelizmente,
delegam a função
de educar para
terceiros: a
escola, a babá,
entre outros.
Esquecidos de
que a
competência é
deles mesmos.
Não foi sem
motivo que os
Espíritos
disseram:
“Ó espíritas!
compreendei
agora o grande
papel da
Humanidade;
compreendei que,
quando produzis
um corpo, a alma
que nele encarna
vem do espaço
para progredir;
inteirai-vos dos
vossos deveres e
ponde todo o
vosso amor em
aproximar de
Deus essa alma;
tal a missão que
vos está
confiada e cuja
recompensa
recebereis, se
fielmente a
comprirdes. Os
vossos cuidados
e a educação que
lhe dareis
auxiliarão o seu
aperfeiçoamento
e o seu
bem-estar
futuro.
Lembrai-vos de
que a cada pai e
a cada mãe
perguntará Deus:
Que fizestes do
filho confiado à
vossa guarda? Se
por culpa Vossa
ele se conservou
atrasado, tereis
como castigo
vê-lo entre os
Espíritos
sofredores,
quando de vós
dependia que
fosse ditoso.
Então, vós
mesmos,
assediados de
remorsos,
pedireis vos
seja concedido
reparar a vossa
falta;
solicitareis,
para vós e para
ele, outra
encarnação em
que o cerqueis
de melhores
cuidados e em
que ele, cheio
de
reconhecimento,
vos retribuirá
com o seu amor”.
(KARDEC, 1996,
p. 240.)
Referências:
GIBRAN, Khalil
Gibran. Os
filhos.
In: O
Profeta. Rio de
Janeiro. ACIGI.
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112. ed. RJ:
Federação
Espírita
Brasileira,
1996.
PORTAL YAHOO! <https://br.noticias.yahoo.com/menina-nove-anos-mata-instrutor-tiro-acidental-aula-123444579.html>