ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, MG (Brasil)
|
|
Cura espiritual
Minha sogra Ladinha (Geralda
Alves Baesso) tinha uma
ferida estranhíssima na
perna, talvez ruptura de
uma das varizes,
inúmeras varizes, que
povoavam suas pernas.
Ladinha morreu há alguns
anos, mas continua sendo
minha sogra querida a
quem recebo, de vez em
quando, em minha casa,
com extrema alegria.
Mulher criada à moda
antiga tinha horror a
médico. Médico só para
amigo como a da amizade
dela com o Dr. Armando,
que iluminou durante
vários anos o céu e os
lares de Guarani com o
seu incomparável saber.
Nenhum outro. Falar com
ela em consultar um
médico era convidá-la a
uma crise de mau humor.
Gostava mesmo era do
chazinho da sua avó.
Mas aquela ferida era
uma agressão à natureza
e à vida. Não reclamava.
Quantas vezes, por
qualquer esbarrão, a
ferida se abria e
jorrava sangue pra todo
lado. Uma pena.
Um dia, numa das sessões
mediúnicas que eu
presidia, chegou um
Espírito, com um sotaque
meio arrevesado, que
soltou essa, sem ninguém
perguntar: – Tenho um
remédio que cura
qualquer ferida. (Parece
até que aquilo era um
recado pra mim,
preocupado sempre com o
problema da sogra.)
Entusiasmado, pedi-lhe a
receita. Não pôde dar
porque a essência que
curava era de uma planta
que não existe no
Brasil. Somente num
cantão da África onde
levara sua última
existência. Lamentei,
mas ele me prometeu: –
Não tem importância, eu
darei um jeito.
Pensamos que aquilo
fosse brincadeira de
quem outra coisa não tem
a fazer. Terminamos a
reunião, fomos para casa
e não mais pensamos no
assunto.
Qual não foi a minha
surpresa quando, quinze
dias depois, visitando
Ladinha, vi sua perna
limpinha, sem inclusive
qualquer sinal que
pudesse indicar que ali,
durante anos, morara uma
ferida tão persistente.
Quando dispomos de
mérito, a
espiritualidade costuma
nos surpreender,
curando-nos de nossas
mazelas até mesmo sem
termos feito qualquer
pedido a esse
respeito.