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Evocação de Espíritos
Conceituação -
Vê-se no dicionário que
“Evocação" = ato de
evocar (chamar, mandar
vir, trazer à
lembrança, reproduzir na
imaginação; pop.:
"evocar o passado",
"evocar Espíritos" etc.).
A evocação de Espíritos
é uma constante na
história, na teoria e
na prática das religiões
– todas as religiões!
— Como o Espiritismo
trata desse assunto?
Na verdade, toda vez que
alguém pensa num
Espírito, já o está
evocando; isso nos
coloca na condição de
evocadores, sempre que
oramos. Vejamos, porém,
o que nos diz o
Espiritismo sobre as
evocações de
determinados Espíritos.
Kardec discorre com
detalhes como,
quando, por quem e para
que devem ser
evocados Espíritos. Em
síntese, leciona o
mestre lionês:
– evocações exigem fé em
Deus, apelo aos bons
Espíritos e sintonia
espiritual de todos os
membros do grupo;
– data, horário e local,
previamente fixados, são
preferíveis, mas não
indispensáveis;
– a vinda de qualquer
Espírito evocado obedece
sempre à vontade de
Deus, isto é, da lei
geral que rege o
Universo;
– os Espíritos podem se
comunicar
espontaneamente ou
atendendo a um chamado,
isto é, pela evocação;
em ambos os casos,
prevalece a vontade
deles;
– evocações
bem-sucedidas exigem
médiuns flexíveis,
seguros, raros;
– evocações de caráter
individual (geralmente
familiares ou amigos):
as reuniões devem ser
compostas por pessoas
afins;
– jamais deverão ser
dirigidas perguntas
levianas, ou por
curiosidade, ou, mais
graves ainda, por
interesses materiais;
– impedimentos gerais
para atendimento:
. protetores
espirituais julgarem
inoportuno;
. vontade do evocado
(falta de vontade, ser
contrário a atender);
. evocado situado em
esfera de punição;
. evocado em missão
da qual não possa se
afastar;
. falta de sintonia
com o(s) médium(s);
. prova ou punição,
para o evocado ou para o
evocador;
. condição da pessoa
que evoca;
. local onde é feita
a evocação.
Prosseguindo as
instruções, recomenda
Kardec:
a. evocações
particulares devem ser
evitadas, tanto pelos
médiuns mais experientes
quanto pelos iniciantes,
pois há sempre o risco
de uma mistificação,
podendo, nesse caso, o
processo evoluir para a
obsessão;
b. a ausência do
evocado nem sempre
representa não
atendimento: em muitos
casos ele ali está, ou
presente, ou sintonizado
pelo pensamento;
c. evocações no
instante da morte são
geralmente penosas, face
à perturbação que se lhe
segue; contudo,
decorridos em média oito
dias, o Espírito talvez
já possa responder;
nesses casos, há que
haver sempre muita
cautela;
d. mitos, personagens
alegóricos, animais e
até rochedos podem
responder a evocações: é
que há sempre uma
multidão de Espíritos
prontos para tomarem a
palavra para tudo...;
e. pessoas vivas podem
ser evocadas (a questão
284 contém 20 perguntas
e respostas,
comentadas);
f. só se deve evocar
maus Espíritos se for
para instruí-los e
melhorá-los (é o que
ocorre, de forma
indireta, nas reuniões
de desobsessão).
Evocação direta -
Pode-se evocar
Espíritos? Podem ser
dispensadas as
evocações?
— Penso que,
contemplados com a
Bondade Maior, chegamos
ao ponto em que as
evocações de Espíritos
verdadeiramente já não
mais são necessárias.
Aliás, com o progresso
espiritual do homem,
cada dia mais ele se
aproxima dos Espíritos,
eis que sua alma rompe
as cortinas pesadas da
matéria e aumenta sua
percepção
extrassensorial.
A essa mesma pergunta
responde Divaldo Franco,
em "Viagens e
Entrevistas", LEAL,
Salvador/BA, 1977, p.
68:
"Normalmente, os
espíritas-médiuns não
evocam os Espíritos. No
entanto, quando
concentramos em
determinada Entidade
que nos é querida ou
familiar, produzimos uma
sintonia, e mesmo que o
Espírito não possa vir
ter conosco, pode entrar
em contato,
respondendo-nos a
distância".
Evocação indireta -
Os médiuns sinceros,
dedicados e caridosos,
que atualmente reúnem-se
em grupo, colocando-se à
disposição do Plano
Espiritual para os
labores mediúnicos, de
forma consciente ou
inconsciente estão
evocando Espíritos
(desencarnados),
objetivando ampará-los
com fraternidade e
esclarecimentos
evangélicos,
pacificando-os.
Já os médiuns nas lides
psicográficas,
igualmente estão a
evocar os autores
espirituais que, quando
elevados, ditam-lhes as
joias doutrinárias que
constituem o abençoado
acervo da literatura
espírita.
Numa ou outra atividade
mediúnica, o certo é que
ocorre a evocação
indireta e que os
médiuns se desdobram por
multiplicadas horas,
dias, meses e anos.
Moisés e as evocações
dos mortos -
Partiu de Moisés a
proibição de se evocar
mortos, sob pena de
morte, como se vê em:
a. "Levítico", Cap.
XIX, v. 31 e Cap. XX, v.
27
b. "Deuteronômio",
Cap. XVIII, v. 10, 11,
12?
Obs.: A simples
proibição mosaica da
evocação dos mortos é
prova incontestável de
que isso era possível,
como realmente o é;
quanto à manifestação
dos Espíritos, se os
maus (mistificadores)
podem fazê-lo,
obviamente, e com mais
razão até, também os
bons. Aliás, não foi
exatamente isso o que
aconteceu com o próprio
Moisés?...
Tal proibição visava
erradicar dos hebreus
recém-libertos do Egito,
os costumes de lá
trazidos, dentre eles as
evocações, tão
rotineiras quanto
abusivas. Tais práticas,
na maioria interesseiras
(com fins de
adivinhação, fazendo-se
delas um comércio),
associavam-se a
reuniões mágicas e
supersticiosas, e, em
alguns casos, eram
acompanhadas de
sacrifícios humanos.
Razão de sobra teve
Moisés para proibi-las,
posto que "abomináveis
por Deus". De forma
clandestina ou
disfarçada, porém,
subsistiram até a Idade
Média (mesmo em nossos
dias, ainda ocorrem).
Sobre evocações frívolas
relembre-se que Kardec
consignou, e a razão
desemboca nessa certeza,
às evocações para tratar
de assuntos materiais,
ou de interesses
rasteiros, só atenderão
Espíritos imperfeitos,
quase sempre com
motivações zombeteiras.
Assim, é de todo
desaconselhável evocar
Espíritos objetivando
respostas para questões
de ordem material, ou a
título de provocar
fenômenos, ou por
curiosidade, ou, mais
grave, por quaisquer
interesses que não se
enquadrem num sentimento
de pureza d'alma.
Infelizmente é o que
ocorre na maioria dos
casos de evocações.
Identificação de
Espíritos -
Tratando de evocações -
diretas ou indiretas -,
como ter certeza de que
o Espírito comunicante é
o evocado?
Novamente Kardec!
Nas questões 255 a 268,
Cap. XXIV, de "O Livro
dos Médiuns", há o
estudo de tão difícil
problema, qual seja o da
identificação do
Espírito comunicante.
Eventuais evocadores –
todos os médiuns
(principalmente os
esclarecedores) e
espíritas em geral –
encontrarão ali os
indicadores fiéis para
se distinguir os
Espíritos bons dos
maus.
Só a questão 267, por
exemplo, apresenta, em
resumo, vinte e seis
princípios para se
reconhecer a qualidade
de um Espírito! Mais
adiante, na questão 268,
são analisadas outras
vinte e oito(!) formas
pelas quais podem ser
estabelecidas a natureza
e a identidade dos
Espíritos.
Realmente: esse estudo é
indispensável.
Evocações de Espíritos
feitas por Kardec -
Kardec, como mensageiro
do Cristo, utilizou, sob
delegação do Mestre, o
exercício científico das
evocações espirituais,
cujas técnicas repassou
aos contemporâneos.
Demonstrava assim, de
sobejo, que nada havia
de sobrenatural nelas,
sendo, aliás, muito
proveitosas.
Realizou várias
evocações de Espíritos,
como se observa em "O
Céu e o Inferno", 2ª
Parte, investigando
objetivamente a situação
de muitos Espíritos.
Evocando-os, entrevistou
um a um, pesquisando
demoradamente seus
depoimentos e
revelações. Não evocou
personalidades ilustres
do passado, mas tão
somente pessoas
desencarnadas "nas
circunstâncias mais
comuns da vida
contemporânea".
De posse desse vasto
quanto insólito
material, Kardec
analisou seu conteúdo,
onde sobressaíam as
penas e recompensas
futuras, como
resultantes naturais do
comportamento humano na
Terra. Então,
classificou
psiquicamente não só
tipos de Espíritos
(desencarnados e
encarnados), formando
uma verdadeira escala
espírita, moral.
Qual "grande-mestre",
não enxadrista, mas
missionário, o
Codificador do
Espiritismo posicionou
as peças (suas
pesquisas) no grande
tabuleiro (cenário
religioso mundial de
então), consignando com
bom senso, um verdadeiro
xeque-mate
(iluminação espiritual)
nas obscuras teorias
filosóficas do Inferno,
do Purgatório e até
mesmo do Céu.
Fato natural foi de a
Humanidade chegar à
metade do Séc. XIX qual
nave sem rumo, como
sobrevivente de inúmeras
tempestades: as algemas
mentais da Inquisição
(séc. XII ao XVIII); os
inesperados revezes e
contragolpes da
Revolução Francesa
(1.789); navegação moral
lenta, apenas nas
margens e na superfície
da Razão, a bordo do
"Iluminismo" (Século XIX
- o "Século das
Luzes"). Nesse preciso
cenário e nesse tempo o
mundo recebeu do Plano
Espiritual a bússola
para, a bordo do Bem,
navegar com segurança em
todos os mares da dúvida
humana e em todos os
tempos futuros: o
Espiritismo! Cumpria-se
a promessa de Jesus,
quanto às revelações que
seriam trazidas pelo
Consolador.
A Doutrina dos
Espíritos, na verdade,
aportou na Terra em
grande parte decorrente
das evocações, tão
ajuizadamente realizadas
por Kardec!