Em uma noite inesquecível, o
ilustre conselheiro da União
Espírita Mineira e amigo de
Chico Xavier, Arnaldo Rocha,
proferiu uma palestra na
abertura da Semana Chico
Xavier no Grupo da
Fraternidade Irmã Scheilla,
na capital mineira.
O ex-consorte de Irma de
Castro Rocha, o encantador
espírito de Meimei,
atendendo prestimosamente ao
convite da direção desse
tradicional Centro Espírita,
brindou o público com belas
histórias inéditas do nosso
querido médium de Pedro
Leopoldo, Chico Xavier.
O Espírita Mineiro esteve
presente para registrar o
evento, reproduzindo
resumidamente o inesquecível
momento.
Uma cena significativa.
Arnaldo abre a sua sacolinha
de plástico, retirando dela
alguns livros, papéis e os
distribuiu sobre a bancada,
pediu para afastar o
microfone, agradeceu por
estar lá e começou a sua
exposição.
Inicia palestra falando o
que ele era: de 10 a 24 anos
de idade era lutador de
jiu-jítsu, campeão de
natação e pesava 80 quilos
de massa musculosa.
Materialista: toma lá, dá
cá; um homem não leva
desaforo para casa.
Contou como conheceu Irma de
Castro. Sua irmã a levou à
sua casa. O apelido dela em
casa era Naná. Foi o início
de uma grande amizade. Ele
fez questão de dizer que no
começo era só amizade.
Tinham muito em comum, ambos
gostavam muito de ler.
Quando não podiam comprar
livros, iam à biblioteca
pública para ler. Conta o
primeiro dia em que se
beijaram.
Seu modo simples vai
despertando alegria no
público.
Explicou o apelido de
Meimei: liam um livro
“Momento em Pequim” de um
filósofo chinês, Lyn Yutang,
que havia fugido do domínio
de Mao Tsé Tung; no final,
no glossário, o significado
da palavra Meimei – “a noiva
bem-amada”.
Contou sobre a visita à
Igreja São José e da oração
de Meimei junto à imagem de
Jesus carregando a cruz,
suplicando que Arnaldo
deixasse de ser fanático e
autoritário. Lembra-se que,
naquela época, já havia se
acostumado com as
“esquisitices” da amada:
pensava que ela era muito
imaginativa e meio maluca!
Falou de sua própria
família: a mãe, Maria José
de São Domingos Ramalho
Rocha, católica, mas que via
espíritos; o irmão, Geraldo,
era espírita. Conta que,
quando foi à Igreja marcar o
casamento, o padre quis
saber se ele era católico.
Ele disse que não e o padre
se negou a casá-lo. Ele
abriu o talão de cheques e o
padre resolveu aceitar.
Depois do casamento, ao
entrarem na casa nova,
Meimei prosseguiu de
joelhos. Ele perguntou por
que ela estava fazendo
aquilo e ela respondeu que
era para agradecer a Deus
pela casa. Ele rebate: “O
que é isso! Foi muito suor
no trabalho para conseguir
essa casa! Eu trabalhei
muito pra isso!”
Sua franqueza despertou
muitos sorrisos na
assistência.
Arnaldo Rocha, com a voz
embargada pela emoção,
discorreu sobre o final de
seu casamento, com a partida
de Meimei para o plano
espiritual. Suas expressões
revelavam sinceridade e
ternura que a cada instante
cativavam o público atento.
“Amigos, falou pausadamente,
não fui ao enterro de minha
querida esposa, e nem me
preocupei com o local.
Conheci a placa que sua mãe
e irmãs mandaram fazer para
ela, no Cemitério do Bonfim,
44 anos depois! Essa foi a
maneira de viver minha dor.
Eu era materialista e nada
me importava. Não culpava a
ninguém, pois na visão
materialista a fatalidade
vem para todos: plantas,
animais… por que não para os
homens?
A depressão não tardou e
cheguei a pesar 54 quilos;
falavam que eu estava com
tuberculose. Confesso não
foi fácil, entrar em nossa
casa “sozinho”. Fui
recordando das maluquices de
Meimei, antevendo aquela
situação de profunda
melancolia e de solidão
inarredável que passou a
fazer parte dos meus dias.
Então o mundo espiritual
iniciou uma intervenção
maravilhosa em minha vida.
Um temporal levou-me à casa
do mano, no 11º dia do
desencarne de Meimei. Quando
entrei, ensopado, deparei
com um grupo de pessoas à
mesa, então pensei: “Ih!
Eles vão fazer uma sessão
espírita!”. Entre os
participantes, uma velha
amiga da família, Eny
Fassanelo. Costumo brincar:
Era uma senhora italiana
“mais enrugada que um
maracujá”. Pronunciava um
português “macarrônico”.
Então apagaram a luz. Eram
quatro pessoas de um lado,
quatro do outro, o mano em
uma cabeceira e D. Eny na
outra. Então fiquei sem ter
como sair. Colocaram-me na
ponta da mesa, perto da
médium.
Após alguns minutos teve
início o transe mediúnico,
através de D. Eny. Confesso
que nos 50 anos de
espiritismo e de reuniões
mediúnicas, nem com o Chico
presenciei um fenômeno de
transfiguração tão
exuberante como o dessa
noite! O rosto enrugado aos
poucos foi ficando lisinho,
com aparência de 20 anos de
idade, um maracujá verdinho.
O Espírito tira o casaquinho
da mesma maneira que Meimei
fazia. Depois inicia a fala
pronunciando ‘rialmente’,
palavra que Meimei dizia com
dificuldade. A frase dita
foi: ‘rialmente o meu
Sozinho não vai entender’.
Neste ponto Arnaldo,
pausadamente, explica o
porquê do apelido de
Sozinho: como ela dizia que
a avó viria buscá-la, sabia
que ele iria ficar
“sozinho”. Relata, muito
rapidamente, os outros fatos
da reunião desse dia e de
uma outra reunião que
aconteceu no mesmo horário
com a coordenação do Dr.
Camilo Chaves, relatos que
vieram corroborar a
autenticidade do fenômeno e
o início da sua conversão ao
Espiritismo.
Com um cativante sorriso,
ele conta o seu inesquecível
encontro com Chico Xavier.
“Subia a Avenida Santos
Dumont, em Belo Horizonte e,
para desviar de duas
senhoras, esbarrei no Chico.
Quase joguei o jovem médium
e os seus pertences no chão.
Ao desculpar-me entregando a
pasta para Chico, este passa
a mão em meu rosto, em minha
cabeça (aí eu pensei: “Mas
que intimidade é esta? Ele
nem me conhece!” – e a
plateia ri). Chico coloca a
mão no meu ombro, aperta-o
(um gesto comum do futuro
amigo) e pediu a foto ‘da
nossa princesa’ que eu
guardava na carteira. Chico
disse: ‘Naldinho, não é
assim que Meimei lhe
chamava? Ela está aqui.’
Amigos, eu fiquei
estuporado, diante do
inexplicável, por não
conhecer a mediunidade da
clarividência.”
O contador de histórias dá
uma parada, bebe um pouco de
água. Reinicia as
recordações, inserindo o seu
grande amigo Francisco
Cândido Xavier em suas
narrativas.
Fonte:
http://chico-xavier.com/dialogos-e-recordacoes/
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