ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, MG (Brasil)
|
|
Longa caminhada
Disse outro dia que não
fosse a coragem de Abel
Gomes, postando-se na
porta de entrada do
Centro Espírita Luz e
Verdade, quando um
maluco ameaçava entrar
no Centro conduzindo um
caminhão, talvez a
semente por ele lançada
não tivesse produzido os
frutos que veio a
produzir.
Abel tomara conhecimento
do Espiritismo através
da embaixada da França,
na antiga capital da
República. Professor de
francês sem nunca ter
passado por qualquer
banco de escola,
mantinha contatos
frequentes com a dita
embaixada de quem
recebera, por gentileza,
um exemplar de O
Livro dos Espíritos.
Não preciso dizer que
esse livro caiu como uma
luva na mão de quem já o
conhecia, missionário
que era da mensagem nova
que abria para a
humanidade um caminho
novo na difícil jornada
da evolução.
Abel ensinava música,
tendo inclusive dado
formação a grande número
das senhoras que
constituíam o coral
responsável pelas
reuniões religiosas da
antiga Igreja de Santo
Antônio, padroeiro da
cidade.
Escrevia discursos para
os políticos nas festas
de fim de ano. Orientava
as professoras nas
dúvidas que o vernáculo
está sempre a levantar.
Ensinava a profissão de
alfaiate, em que ele era
exímio profissional,
tendo deixado muitos
jovens ganharem a vida
nessa profissão até a
aposentadoria.
Entendia de fotografia
e, nas horas vagas,
quando necessário,
também se fazia presente
para registrar as
alegrias das famílias.
Perito contador, era
responsável pela
escrituração de várias
empresas, profissão que
lhe rendia o ganho
necessário para a
sobrevivência.
Tão importante essa
figura notável, que o
executivo municipal
resolveu homenageá-lo
depois de sua morte com
o nome de uma das
principais ruas de
Astolfo Dutra.
Pois bem: orientado pelo
vigário local, um grupo
de fanáticos, na calada
da noite, arrancou a
placa indicativa do nome
da rua e pressionou o
prefeito a que mudasse o
nome da dita rua. Pois
bem, caiu o nome da rua,
mas, em compensação,
levantou-se a mais
importante obra do
município de Astolfo
Dutra em todos os
tempos: a Fundação
Espírita Abel Gomes,
destinada a recolher
meninas abandonadas para
transformá-las em
cidadãs produtivas e
úteis à sociedade
brasileira.
Hoje, a pequena cidade
de Astolfo Dutra é a
mais espírita de todas
as cidades brasileiras.
E Abel, lá do alto,
sorri, satisfeito,
diante do grande
resultado de sua vida.